Marílson dos Santos
Marílson Gomes dos Santos (Brasília, 6 de agosto de 1977) é um ex-fundista brasileiro especializado em maratonas. Tem como destaque três vitórias na tradicional Corrida de São Silvestre e duas na Maratona de Nova York, em 2006 e 2008, sendo o primeiro sul-americano a vencê-la. CarreiraInfânciaMarílson nascido em Brasília, Distrito Federal, cresceu em Ceilândia, Distrito Federal, onde quando criança gostava de jogar futebol, aos nove anos começou a correr para acompanhar o irmão.[1] Surpreendeu os corredores mais velhos ao superar irmão e primo desde as primeiras experiências no pedestrianismo.[2] Com isso, chamou a atenção do técnico Albenes de Souza, que passou a treiná-lo.[2] Aos 11 anos, já marcava 39 minutos nos 10 000 metros.[2] Aos 15 anos transferiu-se para o SESI de São Caetano do Sul [3] onde passou a dedicar-se exclusivamente para provas de pista (800, 1 500 e 3 000 m), na categoria Menores.[2] Ao passar para a categoria Juvenil, quando então corria 5 000 e 10 000 m, voltou a disputar algumas corridas de rua, mas seu foco principal ainda eram as provas em pistas.[2] Jogos PanamericanosEstreou em torneios internacionais de grande porte no Pan de Santo Domingo 2003, onde conquistou a prata nos 10 000 m e o bronze nos 5 000 m, repetindo as mesmas medalhas nas mesmas distâncias no Rio 2007. Quatro anos depois, em Guadalajara 2011, ganhou a medalha de ouro nos 10 000 m.[4] Apesar das conquistas em nível continental, não chegou a disputar as Olimpíadas em provas de pista, pois a concorrência africana nessas provas anulavam qualquer chance de conquista brasileira.[2] São SilvestreAté 2003, apesar de já ter um histórico de conquistas expressivas em campeonatos juniores, seu nome só era conhecido no meio especializado. O grande público brasileiro só veio a conhecê-lo após sua primeira conquista da Corrida Internacional de São Silvestre, no final daquele ano, por ser esse o evento mais conhecido do público leigo. Sua fama em nível nacional foi reforçada com a nova conquista dessa prova em 2005, quando se equiparou a José João da Silva pelo bi-campeonato.[5] Em 2010 Marilson escreveu seu nome em definitivo na história dessa prova, sendo o primeiro brasileiro a conquistar 3 vitórias na fase internacional da competição.[6] MaratonaSua primeira participação num torneio global foi no Campeonato Mundial de Atletismo de 2005, em Helsinque, onde ficou em 10º lugar na maratona.[7] Ficou internacionalmente conhecido em 2006 ao vencer a Maratona de Nova York, uma das principais corridas do calendário mundial. Na época, mesmo com resultados expressivos no Brasil, em campeonatos Sulamericanos e Panamericanos, sua vitória foi considerada uma surpresa, sendo até pouco valorizada por alguns setores da mídia que esperavam uma vitória de algum nome mais conhecido.[2] Nessa oportunidade, Marílson venceu atletas renomados como Paul Tergat (ex-recordista mundial na distância, conhecido no Brasil por vencer cinco vezes a São Silvestre), Stefano Baldini (medalha de ouro na maratona olímpica em Atenas 2004) e Hendrick Ramaala. Aquele sentimento de surpresa foi completamente eliminado quando, em 2008, Marilson venceu pela segunda vez essa mesma prova.[8] Após suas vitórias em Nova York, tornou-se um atleta requisitado pelos grandes eventos mundiais, tendo competido três vezes na Maratona de Londres, em 2010 (6º colocado), 2011 (4º colocado) e 2012 (8º colocado), além de também ter retornado à Maratona de Nova York em 2010, quando foi 7º colocado. Na edição de 2011 de Londres, fez sua melhor marca pessoal para a distância, 2:06:34.[9] Participou de três Jogos Olímpicos disputando a maratona: Pequim 2008 onde não completou a prova, Londres 2012 onde ficou na 5ª colocação, com o tempo de 2h11m10s,[10] e Rio 2016, sua última maratona, quando fez 2:19:09 e ficou na 59ª colocação.[11] Primeira vitória em Nova York (2006)No dia 5 de novembro de 2006 foi disputada a Maratona de Nova York.[2] Vários atletas de renome estavam presentes, muitos com capacidade real de vencer a prova. Para chegar no dia-alvo em condições de brigar pela vitória, cada competidor deve realizar sua preparação por um longo período. No caso de Marílson, o polimento final para essa prova durou dois meses.[2] Em setembro de 2006, Marílson se instalou com seu treinador na cidade de Campos do Jordão, para ali realizar seus treinos e lapidar sua preparação final para Nova York.[2] A escolha não foi tanto pela altitude, mas sim pelo clima agradável, e pela proximidade com a cidade de Taubaté, que possui uma pista onde foram feitos os treinos de velocidade.[2] A estratégia para a prova foi concebida e planejada analisando as características do percurso e dos adversários. Foi decidido que Marílson deveria tentar uma fuga na altura dos 35 km, pois o corredor não tinha como característica uma chegada tão forte quanto a dos demais concorrentes.[2] Essa estratégia acabou sendo executada antes do planejado, perto da marca de 30 km, quando Marílson forçou o ritmo e escapou do pelotão.[2] Os adversários não responderam, aparentando não acreditar que a fuga seria bem sucedida.[2] Marilson aproveitou a apatia dos concorrentes para abrir vantagem na liderança, que chegou a 38 segundos entre os quilômetros 35 e 36.[2] Quando Paul Tergat e Stephen Kiogora, os principais perseguidores, resolveram reagir, já não havia mais condições de alcançar o brasileiro, que conseguiu administrar a grande vantagem conquistada, e cruzou a linha de chegada vitorioso.[2] Segunda vitória em Nova York (2008)Retornando à prova que o colocou em evidência internacional, desta vez Marílson sabia que a estratégia de 2006 não funcionaria novamente, já que seus adversários estavam alertas e não permitiriam uma fuga com tanta antecedência.[8] No dia 2 de novembro de 2008 o brasileiro alinhou para a largada com o status de quem já tinha vencido aquela prova.[8] Por outro lado, o corredor vinha de um abandono na maratona das Olimpíadas de Pequim.[8] Sua motivação era provar que a vitória de 2006 não foi uma questão de sorte.[8] No decorrer da prova, Marílson procurou manter-se dentro do pelotão de liderança, ao mesmo tempo que os adversários também não permitiam que o brasileiro escapasse.[8] A partir da marca de 25 km, várias tentativas de fuga foram realizadas, de forma que o pelotão foi se fragmentando.[8] Ao atingir 35 km, os únicos corredores que sobraram na liderança eram Marílson e o marroquino Abderrahim Goumri. O brasileiro foi o primeiro a tentar escapar, mas foi anulado pelo adversário. Na marca de 37 km o africano deu o troco e abriu uma vantagem razoável, de sete segundos. Mas o brasileiro não se abateu e, percebendo que o concorrente olhava para trás constantemente, entendeu que o oponente estava no seu limite, possivelmente cansado. Marílson atacou faltando menos de uma milha, passou Goumri na marca de 41 km e não foi mais ameaçado, pois o marroquino não esboçou qualquer reação.[8] Com a marca de 2:08:44, Marílson foi mais de um minuto mais rápido que sua vitória em 2006, quando venceu com 2:09:58.[8] TreinamentoTreinando regularmente 220 km por semana, com corridas duas vezes ao dia em preparação para uma maratona,[3] em abril de 2011, na Maratona de Londres, conseguiu a melhor marca de sua carreira nesta prova (2h06m34s), segunda melhor marca brasileira e sul-americana.[12] Também foi Top 10 em duas edições do Campeonato Mundial de Meia-maratona: em Udine, na Itália, em 2007, onde conseguiu seu melhor tempo para a prova – 59:33 – e no Rio de Janeiro em 2008. Marílson, que foi treinado desde a adolescência por Adauto Domingues, bicampeão pan-americano dos 3 000 m c/ obstáculos em Indianápolis 1987 e Havana 1991,[13] foi nomeado Maratonista do Ano na América do Sul de 2011 e 2012 pelo site especializado em atletismo all-athtletics.com.[14] Também em 2012 foi eleito como Atleta do Ano pelo Comitê Olímpico Brasileiro.[4] Encerrou a carreira como atleta de alto rendimento aos 39 anos, em anúncio feito dias depois após sua última maratona, na Rio 2016.[15] Vida pessoalÉ casado com a também atleta Juliana Santos, campeã pan-americana dos 1500 m no Rio 2007 e dos 5 000 m em Toronto 2015 e pai de um menino, Miguel.[4] Principais vitórias
RecordesDetém o recorde brasileiro e sul-americano das seguintes provas:[16] Melhores marcas pessoais
Principais competições
Referências
Ligações externas |