Manuel de Melo
Manuel Augusto José de Melo (em grafia antiga Manuel Augusto José de Mello) GOC • GCB • GCMAI (Sintra, São Martinho, 26 de Julho de 1895 - Lisboa, Santa Catarina, 15 de Outubro de 1966) foi um empresário português.[1] BiografiaManuel de Mello descendia da alta aristocracia portuguesa por via paterna — a família, com ligações estreitas à Casa Real, tinha os títulos que remontam ao Antigo Regime, de Conde de São Lourenço, de Marquês de Sabugosa e de Conde do Cartaxo. A família materna — os Lima Mayer —, em que sobressai a figura do negociante Adolfo de Lima Mayer (seu avo), era de origem judaica e tinha ascendência francesa[2] (tendo o seu trisavo, Antônio Simão Mayer chegado a Portugal durante as invasões napoleónicas (era capitão no Exercito do General Junot))[3]. Depois da instauração da República, Manuel de Mello foi mandado para a Suíça, onde frequentou, sem concluir, o Curso Superior de Comércio, no Instituto Comercial de Zurique[1][4]. No cumprimento do serviço militar, no Exército Português (arma de Artilharia), chegou a ser mobilizado para a Primeira Guerra Mundial, na patente de Oficial Miliciano[1]. Casado com Amélia da Silva, filha do maior industrial da primeira metade do século XX português, Alfredo da Silva, veio a dedicar a sua vida ao grupo empresarial por este iniciado[4] — o Grupo CUF. De resto, passaria à historia a resposta de Alfredo da Silva a Manuel de Mello, quando este lhe propôs o casamento com a sua filha[5]:
Em virtude do casamento, Manuel de Mello cedo iniciaria funções no Grupo, com apenas 23 anos. Aos 47, apos a morte do sogro, e acumulando uma longa experiencia, assumia a sua liderança[6][4]. Durante o seu período na CUF, o grupo consolidou-se e conheceu um forte crescimento e expansão, diversificando de maneira muito significativa as suas áreas de negocio[6] — desde logo, cresceu no setor químico (setor que remonta aos primórdios da Companhia União Fabril), com a criação da União Fabril do Azoto (1948) —; além disso, expandiu a sua atividade a um sem numero de áreas — entre outras, às industrias extrativas, por exemplo, com a Companhia Portuguesa do Cobre; à indústria agroalimentar (azeites, óleos alimentares, bebidas, etc.), através, nomeadamente, da Sovena e da Compal; às celuloses, com a participação na fundação da Celbi; no têxtil, entre outros, com a Companhia Têxtil do Punguè; nos detergentes, com a Sonadel; nos componentes elétricos, com a Efacec; na construção e reparação naval, com a concessão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e a fundação da Lisnave; nos transportes, aéreos e marítimos, com a TAP, a Soponata e a Companhia Nacional de Navegação (operações realizadas via a sociedade afim da CUF, Sociedade Geral de Indústria Comércio e Transportes, por vezes designada apenas como "Sociedade Geral" (de que Manuel de Mello foi igualmente administrador-gerente))[1]; na promoção imobiliária e turística, com a Sodim; na banca e nos seguros, com a aquisição do Banco Aliança, do Porto, formando o Banco Totta-Aliança (o Totta fora adquirindo ainda no tempo de Alfredo da Silva) e com o desenvolvimento da seguradora Império[4][6]. Manuel de Mello permaneceu na administração da empresa ate meados dos anos 1960, quando a doença de Parkinsson o levou a delegar funções no seu filho mais velho, Jorge de Mello, ao qual se juntaria o mais novo, José Manuel[4]. Seriam os dois filhos rapazes, bem como irmão de Manuel, Diogo de Mello, e o primo Antonio Vasco — entre outros quadros de fora da família que chegavam a gestao da empresa, que se foi profissionalizando — a assegurar a continuidade do Grupo CUF[4]. Na terceira geração da família (uma geração "Silva", uma "José de Mello" e outra "Silva/ José de Mello"), representada pelos filhos de Manuel, o Grupo continuou a crescer — chegou aos anos 1970 como a quinta indústria química da Europa e o maior grupo empresarial da Península Ibérica[7]. Além do empenho na consolidação da posição do Grupo na economia, reconhece-se na liderança de Manuel de Mello o investimento no bem-estar social dos seus colaboradores, de que são exemplos a construção do primeiro Hospital da CUF, próximo da Avenida Infante Santo, em Lisboa, inaugurado em 1945; o forte investimento na promoção do desporto, em torno do Clube União Fabril, criado em 1937; as colônias de ferias para as famílias dos trabalhadores, situadas em Sintra[4]. De referir que, aquando do 25 de abril de 1974, o Grupo CUF contabilizava mais de 100 mil colaboradores[1]. FamíliaFilho varão terciogénito de D. Jorge José de Melo, 2.º Conde do Cartaxo, e de sua mulher Maria Luísa de Lima Mayer, cujo pai era de ascendência Judaica Asquenaze e Sefardita e cuja mãe era prima-irmã do 1.º Visconde de Benalcanfor e sobrinha materna do 1.º Visconde dos Olivais. Casou em Lisboa, Pena, a 28 de Maio de 1919 com Amélia de Resende Dias de Oliveira da Silva (Lisboa, Santa Justa, 21 de Dezembro de 1896 - Lisboa, Santa Catarina, 25 de Janeiro de 1958), filha unigénita e universal herdeira de Alfredo da Silva, trineto dum Francês, e de sua mulher Maria Cristina de Resende Dias de Oliveira, trineta dum Italiano. Foram seus filhos Maria Cristina, Jorge, Maria Amélia e José Manuel da Silva José de Mello[8][2]. Foi sogro de António Champalimaud e de José Manuel do Espirito Santo Silva, casados, respetivamente, com as suas filhas Maria Cristina e Maria Amélia José de Mello[9]. Foi tio-avô de Fernando Ulrich e primo-tio-avô de Isabel Moreira. DistinçõesFoi condecorado pelo Estado Português:
Foi condecorado pelo Estado Francês:
Igualmente em sua homenagem foi dado o seu nome à Rua D. Manuel de Mello, no Monte Estoril, em Cascais. Referências
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