Lucrécia (Rio Grande do Norte)

Lucrécia
  Município do Brasil  
Praça Adrião Duarte. Ao fundo a capela de São Francisco de Assis.
Praça Adrião Duarte. Ao fundo a capela de São Francisco de Assis.
Praça Adrião Duarte. Ao fundo a capela de São Francisco de Assis.
Símbolos
Brasão de armas de Lucrécia
Brasão de armas
Hino
Gentílico lucreciano
Localização
Localização de Lucrécia no Rio Grande do Norte
Localização de Lucrécia no Rio Grande do Norte
Localização de Lucrécia no Rio Grande do Norte
Lucrécia está localizado em: Brasil
Lucrécia
Localização de Lucrécia no Brasil
Mapa
Mapa de Lucrécia
Coordenadas 6° 07′ 12″ S, 37° 48′ 57″ O
País Brasil
Unidade federativa Rio Grande do Norte
Municípios limítrofes Umarizal (a norte), Frutuoso Gomes (a sul), Almino Afonso (a leste) e Martins (a oeste)
Distância até a capital 345 km
História
Fundação 1963 (61 anos)
Administração
Prefeito(a) Maria da Conceição do Nascimento Duarte (UNIÃO [1], 2021–2024)
Características geográficas
Área total [2] 30,931 km²
População total (IBGE/2020[2]) 4 025 hab.
Densidade 130,1 hab./km²
Clima Não disponível
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2010 [3]) 0,646 médio
 • Posição RN: 23°
PIB (IBGE/2016[4]) R$ 35 187,29 mil
PIB per capita (IBGE/2016[4]) R$ 8 867,77

Lucrécia é um município brasileiro do estado do Rio Grande do Norte. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano 2018 sua população era estimada em 3 966 habitantes. Sua área territorial é de 31 km².

Surgiu como povoado do município de Martins a partir da construção do açude nas terras pertencentes a uma mulher chamada Lucrécia. A construção do açude pelo governo do, então presidente, Getúlio Vargas, trouxe cerca de 2.000 trabalhadores que acabaram instalando moradias aos arredores da construção, e deram origem ao povoado que viraria em 27 de dezembro de 1963, pela Lei estadual promulgada pelo governador Aluízio Alves, o município de Lucrécia.

Geografia

De acordo com a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística vigente desde 2017,[5] Lucrécia pertence à região geográfica intermediária de Mossoró e à região imediata de Pau dos Ferros.[6] Até então, com a vigência das divisões em microrregiões e mesorregiões, o município fazia parte da microrregião de Umarizal, que por sua vez estava incluída na mesorregião do Oeste Potiguar.[7] Lucrécia dista 345 quilômetros (km) de Natal, capital estadual,[8] e 2 146 km de Brasília, capital federal.[9] Ocupando uma área territorial de 30,931 km²,[2] é o segundo menor município do Rio Grande do Norte em tamanho (maior apenas que Senador Georgino Avelino, no litoral leste) e o 21° menor do Brasil. Limita-se a norte com Martins e Umarizal; a sul com Frutuoso Gomes; a leste com Almino Afonso e a oeste com Martins e Frutuoso Gomes.[10]

Açude Lucrécia com a cidade à esquerda (2009); ao fundo é possível avistar a cidade de Almino Afonso

O relevo do município está inserido na Depressão Sertaneja, formada por terrenos de transição entre o Planalto da Borborema e a Chapada do Apodi, com formações rochosas metamórficas do embasamento cristalino, originárias do período Pré-Cambriano superior, com idade entre 570 milhões e 1,1 bilhão de anos. Predomina o solo podzolítico vermelho amarelo equivalente eutrófico, típico de áreas com relevo de suave a ondulado e textura média, além da drenagem acentuada e do alto nível de fertilidade.[10] Segundo a nova classificação brasileira de solos, este tipo de solo passou a constituir os luvissolos.[11]

Situado na bacia hidrográfica do rio Apodi-Mossoró, o Açude Lucrécia, com capacidade para represar 27,270 milhões de metros cúbicos (m³), é o principal reservatório do município. Lucrécia está inserido no bioma da caatinga, do tipo hiperxerófila, cuja com espécies de pequeno porte, que perdem suas folhas na estação seca, sendo comum a presença de cactáceas. Dentre as espécies encontradas estão: facheiro (Pilosocereus pachycladus), faveleiro (Cnidoscolus quercifolius), jurema-preta (Mimosa hostilis), marmeleiro (Cydonia oblonga), mufumbo (Combretum leprosum) e o xique-xique (Pilosocereus polygonus).[10]

Levando-se em conta apenas o índice pluviométrico, Lucrécia apresenta características de clima tropical do tipo Aw, com chuvas concentradas no primeiro semestre do ano. Incluindo-se a evapotranspiração, o índice de aridez e o risco de seca, o município está incluído na área geográfica de abrangência do clima semiárido delimitada em 2005 pelo antigo Ministério da Integração Nacional (MIN) e revisada em 2017.[12][13] Segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), referentes ao período de 1922 a 1925 e a partir de 1946, o maior acumulado de precipitação em 24 horas foi de 188,6 mm em 15 de abril de 1982. Grandes acumulados superiores a 150 mm também foram observados em 21 de dezembro de 1946 (167 mm), 20 de abril de 1972 (163,5 mm), 11 de fevereiro de 1964 (150,5 mm) e 30 de março de 2008 (150 mm).[14]

Dados climatológicos para Lucrécia (1922-2020)[14]
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Precipitação (mm) 90,9 126 209,1 209,8 102,4 52,2 26 4,2 2,7 6,4 8,5 32,2 870,4

Demografia

Crescimento populacional
Censo Pop.
19701 990
19802 58930,1%
19912 96714,6%
20003 2188,5%
20103 63312,9%
Est. 20183 966
Fonte: IBGE[2][15]

A população de Lucrécia no censo demográfico de 2010 era de 3 633 habitantes, com uma taxa média de crescimento de 1,22% ao ano em relação ao censo de 2000,[16] sendo o 139° município em população do Rio Grande do Norte e o 4 823° do Brasil, apresentando uma densidade demográfica de 117,45 hab./km².[2] De acordo com este mesmo censo, 62,76% dos habitantes viviam na zona urbana e 37,24% na zona rural.[2] Ao mesmo tempo, 50,34% da população eram do sexo masculino e 49,66% do sexo feminino,[2] tendo uma razão de sexo de 101,39 homens para cada cem mulheres.[17] Quanto à faixa etária, 65,87% da população tinham entre 15 e 64 anos, 24,77% menos de quinze anos e 9,36% 65 anos ou mais.[16]

Ainda segundo o mesmo censo, a população de Lucrécia era formada por católicos apostólicos romanos (80,7%), protestantes (10,58%) e testemunhas de Jeová (0,09%). Outros 8,29% não tinham religião e 0,33% não souberam.[18] O município possui como padroeiro São Francisco de Assis e faz parte da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, com sede em Almino Afonso, integrada também pelo município de Rafael Godeiro. A paróquia foi criada no dia 21 de setembro de 2011 e é vinculada à Diocese de Mossoró. Existem também alguns credos protestantes ou reformados, sendo eles: Assembleia de Deus, Congregação Cristã do Brasil, Igreja Congregacional, Igreja Batista e Igreja Universal do Reino de Deus.[18]

Capela de São Francisco de Assis, padroeiro de Lucrécia. O município integra a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus de Almino Afonso.

Conforme pesquisa de autodeclaração do mesmo censo, 50,51% dos habitantes eram brancos, 43,09% pardos, 6,14% pretos e 0,27% amarelos.[19] Todos os habitantes eram brasileiros natos[20] (73,17% naturais do município),[21] dos quais 97,47% naturais do Nordeste, 2,23% do Sudeste, 0,24% do Centro-Oeste e 0,06% do Norte. Dentre os naturais de outras unidades da federação, a Paraíba tinha o maior percentual de residentes (2,79%), seguido por São Paulo (2,14%) e pelo Ceará (1,81%).[22]

O Índice de Desenvolvimento Humano do município é considerado médio, de acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Segundo dados do relatório de 2010, divulgados em 2013, seu valor era 0,646, estando na 23ª posição a nível estadual e na 3 186ª colocação a nível nacional. Considerando-se apenas o índice de longevidade, seu valor é 0,785, o valor do índice de renda é 0,624 e o de educação 0,551.[3] No período de 2000 a 2010, o índice de Gini, que mede a desigualdade social subiu de 0,577 para 0,617[23] e a proporção de pessoas com renda domiciliar per capita de até R$ 140 caiu 40,55%. Em 2010, 37,32% da população vivia acima da linha de pobreza, 36,91% abaixo da linha de indigência e 25,77% entre as linhas de indigência e de pobreza. No mesmo ano, os 20% mais ricos eram responsáveis por 64,37% do rendimento total municipal, valor pouco mais de 36 vezes superior ao dos 20% mais pobres, de apenas 1,78%.[24]

Política

Centro Administrativo Municipal, onde funcionam a prefeitura e as secretarias.

A administração municipal se dá através dos poderes executivo e legislativo, sendo o primeiro representado pelo pelo prefeito, auxiliado pelo seu gabinete de secretários.[25] A atual chefe do executivo municipal, eleita em 2016 com 100% dos votos válidos,[26] é Maria da Conceição do Nascimento Duarte, do Democratas (DEM),[27] tendo como vice Emanuel Douglas Fernandes de Araújo, do Partido Social Democrático (PSD).[28]

O poder legislativo é representado pela câmara municipal, que funciona no Palácio Antônio Aparecido Meneghetti e é constituída por nove vereadores. Cabe à casa legislativa elaborar e votar leis fundamentais à administração e ao executivo, especialmente o orçamento municipal (conhecido como Lei de Diretrizes Orçamentárias).[25] Nas eleições de 2016, Lucrécia foi o único município do Brasil em que todos os candidatos, tanto a prefeito quanto a vereadores, foram eleitos, e um dos 97 municípios com candidatura única ao cargo de prefeito.[29]

Existem também alguns conselhos municipais atualmente em atividade: alimentação escolar, defesa civil, direitos da criança e do adolescente, educação, saúde, segurança alimentar e tutelar.[30] Lucrécia se rege por sua lei orgânica, promulgada em 1990,[31] e é termo judiciário da comarca de Almino Afonso, de primeira entrância.[32] De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lucrécia pertence à 39ª zona eleitoral do Rio Grande do Norte e possuía, em dezembro de 2018, 3 243 eleitores, o que representa 0,137% do eleitorado estadual.[33]

Referências

  1. «Representantes». União Brasil. Consultado em 29 de setembro de 2022 
  2. a b c d e f g Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). «Brasil / Rio Grande do Norte / Lucrécia». Consultado em 14 de abril de 2019 
  3. a b «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2010. Consultado em 31 de agosto de 2013 
  4. a b IBGE. «Produto Interno Bruto dos Municípios». Consultado em 14 de abril de 2019 
  5. IBGE (2017). «Divisão Regional do Brasil». Consultado em 14 de abril de 2019. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2017 
  6. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome IBGE_DTB_2017
  7. IBGE (1990). «Divisão regional do Brasil em mesorregiões e microrregiões geográficas» (PDF). Biblioteca IBGE. 1: 44–45. Consultado em 14 de abril de 2019. Cópia arquivada (PDF) em 25 de setembro de 2017 
  8. «Distância entre Natal e Lucrécia». Consultado em 14 de abril de 2019 
  9. «Distância entre Brasília e Lucrécia». Consultado em 14 de abril de 2019 
  10. a b c Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (2008). «Lucrécia» (PDF). Consultado em 14 de abril de 2019. Cópia arquivada (PDF) em 17 de junho de 2017 
  11. JACOMINE, Paulo Klinger Tito (2006). «A NOVA CLASSIFICAÇÃO BRASILEIRA DE SOLOS» (PDF). Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Consultado em 14 de abril de 2019. Cópia arquivada (PDF) em 1 de julho de 2014 
  12. Ministério da Integração Nacional (MIN) (2005). «Nova Delimitação do Semi-Árido Brasileiro» (PDF). Consultado em 14 de abril de 2019. Cópia arquivada (PDF) em 23 de fevereiro de 2015 
  13. IBGE (2017). «Semiárido Brasileiro». Consultado em 14 de abril de 2019 
  14. a b Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN). «Relatório pluviométrico». Consultado em 19 de fevereiro de 2022 
  15. IBGE. «Demografia - População Total». Confederação Nacional de Municípios - CNM. Consultado em 14 de abril de 2019. Cópia arquivada em 14 de abril de 2019 
  16. a b «Lucrécia, RN». Consultado em 14 de abril de 2019 
  17. «Razão de sexo, população de homens e mulheres, segundo os municípios – 2010». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010. Consultado em 14 de abril de 2019 
  18. a b «Tabela 2094 - População residente por cor ou raça e religião». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010. Consultado em 14 de abril de 2019 
  19. «Tabela 2093 - População residente por cor ou raça, sexo, situação do domicílio e grupos de idade - Amostra - Características Gerais da População». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010. Consultado em 14 de abril de 2019 
  20. «Tabela 1497 - População residente, por nacionalidade - Resultados Gerais da Amostra». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010. Consultado em 14 de abril de 2019 
  21. «Tabela 1505 - População residente, por naturalidade em relação ao município e à unidade da federação - Resultados Gerais da Amostra». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010. Consultado em 14 de abril de 2019 
  22. «Tabela 631 - População residente, por sexo e lugar de nascimento». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010. Consultado em 14 de abril de 2019 
  23. «ODS 10 Redução de desigualdades». Consultado em 14 de abril de 2019 
  24. «ODS 01 Erradicação da pobreza». Consultado em 14 de abril de 2019 
  25. a b «Como funcionam os poderes». Consultado em 13 de junho de 2018. Cópia arquivada em 2 de janeiro de 2017 
  26. «Candidatos a Prefeito de LUCRÉCIA - RN». Consultado em 14 de abril de 2019 
  27. «Ceição Duarte 25 DEM (Prefeita)». 2016. Consultado em 14 de abril de 2019 
  28. «Douglas 25 PSD (Vice-Prefeito)». 2016. Consultado em 14 de abril de 2019 
  29. CARVALHO, Fred (2 de outubro de 2016). «Cidade potiguar com candidaturas únicas elege todos; 'Ninguém morreu'». Consultado em 14 de abril de 2019 
  30. «MUNIC - Perfil dos Municípios Brasileiros». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2014. Consultado em 9 de abril de 2019 
  31. «Instrumentos de planejamento municipal». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2005. Consultado em 14 de abril de 2019 
  32. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN). «COMARCAS E TERMOS». Consultado em 14 de abril de 2019 
  33. «Estatísticas do eleitorado – Consulta por município/zona». Tribunal Superior Eleitoral. Consultado em 14 de abril de 2019 
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