Loraine Slomp Giron
Loraine Slomp Giron (Caxias do Sul, 1937 – 2021) foi uma professora, historiadora, pesquisadora e escritora brasileira. BiografiaEstudou no Colégio São José, e depois mudou-se para Porto Alegre a fim de completar seus estudos no Colégio Bom Conselho. Neste educandário, entrando em contato com alunos da classe alta, despertou seu interesse pelos assuntos da imigração e da formação da sociedade. Nos anos 1950 ingressou na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul buscando a graduação em História. Iniciando então pesquisas mais aprofundadas sobre a história de Caxias do Sul, percebeu a grande escassez de bibliografia. Ao mesmo tempo, um de seus professores lhe disse que os italianos não haviam deixado uma marca significativa na cultura do Rio Grande do Sul, o que estimulou seu interesse. Segundo Mocellin, "o não-reconhecimento acadêmico de seu grupo de origem a estimulou a investigá-lo, e, como decorrência, a tentar lhe dar reconhecimento acadêmico".[1] Terminado o curso, já casada em com um filho, voltou a Caxias, onde passou a dar aulas de História no Colégio São Carlos, ali permanecendo dez anos. Em 1961 a Faculdade de Filosofia abriu o curso de História, e Giron foi convidada para chefiar a cátedra de História da América. Dois anos depois acumulou o cargo de professora de Geografia no Colégio Cristóvão de Mendonza. No tempo da ditadura militar assumiu uma posição de esquerda, chegando a pensar em engajar-se na guerrilha, o que não ocorreu, mas colaborou com o Partido Comunista Brasileiro e experimentou dificuldades. Nesta mesma época seu casamento terminou. Em 1972 iniciou seu mestrado em História Econômica na Universidade Federal do Paraná. Tinha a ideia de estudar a imigração e a escravidão, mas por insistência da orientadora, voltou-se ao tema do cooperativismo. O mestrado não foi concluído e em 1973 voltou a Caxias, onde passou a ensinar na Universidade de Caxias do Sul.[1] Nesta época desenvolveu atividades de pesquisa arquivística com seus alunos, e tomou conhecimento do estado de abandono e degradação em que se encontrava a documentação municipal. Em 1974 foi convidada por Maria Clary Frigeri Horn para colaborar na organização do Museu Municipal, que estava mudando de sede e no ano seguinte incorporava o recém-criado Arquivo Histórico Municipal, trabalhando neste projeto por dois anos. Depois, por questões ideológicas, foi transferida para a Delegacia de Educação, onde permaneceu até 1980, quando se licenciou. Depois começou a lecionar as disciplinas de Teoria e Metodologia na UCS, e sua produção em pesquisa se intensificou, publicando uma série de livros e artigos. Entrando em contato com a literatura de Jacques Lacan, Louis Althusser e Michel Foucault, decidiu fazer um mestrado em Filosofia e Epistemologia das Ciências Sociais na UFRGS, e "de uma marxista convicta, eu me tornei uma hegeliana teórica", como declarou em entrevista. Em 1989 concluiu seu doutorado na PUC de São Paulo com uma tese sobre imigração e sociedade, que resultou no livro As Sombras do Littorio: o fascismo no Rio Grande do Sul. Após, passou a se dedicar aos temas da mulher, da presença negra e da evolução econômica na colônia, também produzindo vários textos. Coordenou vários grupos de pesquisa na UCS.[1] Considerada uma referência importante no estudo da imigração italiana no Rio Grande do Sul, da industrialização e economia da região colonial, do papel social da mulher e da história de Caxias do Sul,[1][2] em 2009, por relevantes serviços prestados à comunidade, recebeu a mais importante comenda outorgada pela Municipalidade de Caxias, a Medalha Monumento Nacional ao Imigrante.[3] Em 2016 recebeu homenagem do Arquivo Histórico Municipal pelo seu envolvimento na fundação da instituição.[4] ObrasIndividualmente ou em parceria com outros pesquisadores publicou diversos livros e mais de 200 artigos,[3] entre eles:
Referências
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