LatossoloLatossolo é uma ordem que reúne solos caracterizados por seu avançado estádio de intemperismo, serem constituídos de argilas oxídicas e silicatadas do tipo 1:1 (caulinita), estrutura granular, alta condutividade hidráulica (bem drenável), baixo teor de sílica (SiO2), alta acidez, alto teor de alumina (Al2O3), e usualmente baixo teor de cátions trocáveis (Ca, Mg, K).[1][2][3] CritériosPara que um solo seja enquadrado na ordem Latossolo é obrigatório a existência no pedon de um horizonte diagnóstico B latossólico (Bw), e este horizonte deve atender aos seguintes critérios:[1]
Além dos critérios para o horizonte Bw, é necessário também que no pedon as seguintes exigências sejam atendidas:
CaracterizaçãoLatossolos foram formados em ambientes de intenso e prolongado intemperismo, que condicionou a forte desintegração da matriz rochosa e quase total decomposição dos minerais primários. Por essa razão, são solos com pedon mui profundo (não raro contendo dezenas de metros); com quase ausência de minerais primários (a exemplo de feldspato, muscovita, plagiocásio, etc), embora encontre-se alguns resquícios, como de vermiculita-hidróxi-Al, ilita, e esmectitas.[4][5] ComposiçãoA predominância de sesquióxidos de ferro, sesquióxidos de alumínio, e argilas 1:1, todos com reduzida área específica, é a causa da baixa capacidade de retenção de cátions (CTC) dos latossolos, inferior a 17 cmolc/kg argila.[6] Na fração argila são variadas as quantidades de caulinita, gibbsita, goethita e hematita, à depender do tipo de material de origem, da intensidade do intemperismo e drenagem do sistema, entre outros fatores. Diante disso, os latossolos podem ser de natureza gibsítica, ou oxídica, ou caulinítica.[6] Em alguns latossolos cuja rocha matriz contenha alto teor de ferro, a exemplo do itabirito (no Quadrilátero Ferrífero), tufito e basalto, é encontrado também dentre os argilo-minerais a maghemita e a magnetita (óxidos de ferros com propriedades magnéticas). Nota-se ainda que, embora em geral os latossolos detenham baixa fertilidade (distróficos), os representantes derivados das rochas máficas, como as acimas citadas, podem ser eutróficos.[6] Caráter coesoAlgumas classe de Latossolo apresentam caráter coeso; este é causado pela movimentação das argilas no perfil do solo que assim preenchem os macro e microporos, gerando aumento da densidade aparente e por consequência formando camadas coesas (adensadas) à compactas. Este fenômeno é condicionado principalmente pela sílica, devido ao seu formato em lâminas que propicia ajustada sobreposição das suas partículas.[6] FertilidadeConquanto usualmente detenham baixa saturação de cátions trocáveis (Ca, Mg, K), ainda sim são capazes de sustentar exuberantes florestas, a exemplo da Amazônica e da Mata Atlântica. Essa capacidade reside em 3 fatores: exibem excelente estrutura física, profunda que propicia robustez no enraizamento, bem drenável que favorece a aeração e percolação de água (essencial à respiração das raízes), e razóavel retenção de água na superfície dos argilo-minerais (essencial à provisão para plantas).[2] Por sustentarem rica fauna e flora, os latossolos foram sujeitos a um forte processo de bioturbação, na qual a massa de solo ao longo de milênios foi misturada e homogeneizada por agentes bióticos, sobretudo animais subterrâneos (como cupins, formigas, colêmbolas, insetos, etc). O avançado intemperismo, que causou intensa remoção de materiais, associado com a bioturbação são a razão dos latossolos apresentarem no seu pedon horizontes (camadas) pouco diferenciados e comumente de transição difusa. Além disso, exibem teor de argila relativamente uniforme ao longo do perfil; elevada estabilidade de seus agregados (granulares ou bloco-subangulares); bem como baixo teor de silte em relação à argila, tendo em vista que o silte é mui suscetível ao carreamento pela percolação ou erosão da água e estes solos foram intensamente intemperizados por ela.[6] CoresEsses solos exibem 3 padrões de coloração principais:[1]
Aptidão agrícolaAté algumas décadas atrás, os latossolos eram considerados inapropriados para a atividade agrícola, em razão de sua acidez e baixa fertilidade. Contudo, mediante os avanços no conhecimento, esses reveses foram superados. A acidez, e consequente alto teor de alumínio trocável (tóxico às plantas), foi corrigida pela aplicação de calcário; enquanto a baixa fertilidade foi corrigida pelo advento dos fertilizantes químicos. No atual momento, a baixa capacidade de retenção de cátions (CTC menor que 17 cmolc/kg argila) tem sido solucionada pela implantação de Sistema de Plantio Direto, nele o acúmulo de matéria orgânica é impulsionado (ao contrário do Sistema Convencional de Plantio), e por deter uma CTC altíssima (em geral entre 200-300 cmolc/kg) contribui para elevar a CTC média da camada superficial (0 - 20cm) e aumentar a retenção dos nutrientes no solo.[7][8] DistribuiçãoOs latossolos tendem a ser encontrados em segmentos do relevo mais estáveis e velhos (plano a suave ondulados), usualmente distróficos, nos quais o fluxo vertical de água é preponderante, intensificando a intemperização e homogeneização do material pedológico. Os segmentos em questão correspondem ao interflúvio (divisor de água) e a convexidade da vertente, ou seja, no topo dos montes. Em contraste, nos segmentos mais instáveis e portanto mais jovens, usualmente eutróficos, com predominância de processos erosivos (como em declives retilíneos e convexos, isto é, encostas) ou deposicionais (segmentos côncavos e taludes coluviais/aluviais), os solos tendem as ser mais jovens e variados, como Cambissolo, e Argissolo/Gleissolo, respectivamente, dentre outras ordens de solo. [9][10][11] O Latossolo é a ordem de maior representação geográfica do Brasil em relação aos demais tipos de solos. No mundo, estendem-se por cerca de 750 milhões de hectares, sendo que 300 milhões de hectares estão em território brasileiro. Segundo dados da Embrapa correspondem a 31,49% dos solos brasileiros, numa área de aproximadamente 2.681.588,69 km2.[2] Subordens
Galeria
Ver tambémReferências
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