Instituto Lauro de Souza Lima
O Instituto Lauro de Souza Lima é uma instituição de pesquisa pública, vinculada à administração direta da Secretaria de Estado da Saúde do Governo do Estado de São Paulo, localizado na cidade de Bauru, na região centro-oeste do Estado de São Paulo.[1] Inserido na Coordenadoria de Serviços de Saúde se dedica ao desenvolvimento de pesquisa, assistência clínica e ações de ensino na área de doenças dermatológicas, especialmente da hanseníase.[2] HistóriaNo Brasil, as políticas públicas voltadas à hanseníase datam do início do século XX, até então as ações de profilaxia eram encabeçadas de forma particular por instituições religiosas e beneficentes.[2][3][4][5] As políticas lideradas pelos Estados e União tiveram seu marco com o Decreto n.º 16.300, de 31 de dezembro de 1923, quando o então Presidente da República Artur Bernardes, entre diversas medidas relaciona às doenças infectocontagiosas, instituiu a internação compulsória das pessoas acometidas pela hanseníase, na época ainda conhecida como lepra, em instituições destinadas ao isolamento total desses doentes, esses locais foram denominados leprosários.[6] Dessa forma, em 1927 no centro-oeste do estado de São Paulo, o Congresso Regional da Noroeste, grupo formado por autoridades e prefeitos da região, idealizaram um abrigo para os hansenianos, formando o Convênio das Municipalidades, que tinha por objetivo arrecadar fundos para comprar terras e construir um leprosário. O terreno foi adquirido na cidade de Bauru e após insuficiência de recursos por parte do convênio foi incorporado pelo Serviço Sanitário do Estado de São Paulo, que então em 1933 inaugurou o Asilo Colônia Aimorés.[7] O Asilo Colônia Aimorés ocupava uma área de cerca de 400 alqueires com arquitetura inspirada no modelo norte-americano de pavilhões do hospital de Carville, sendo rigorosamente separada em ‘zona sã’ e ‘zona doente’. A instituição havia sido projetada para ser autossuficiente, assim existiam espaços destinados ao trabalho, como as zonas de agropecuária, fabricas e oficinas, locais para proporcionar aos internos momentos de lazer, com praças, jardins, quadra esportiva e o Cassino Cine-teatro , esse último destinado a exibição de filmes, peças teatrais e salão de baile. Em 1944, chegou a abrigar cerca de 1500 pacientes, o que extrapolava em quase 60% sua capacidade de internação.[4][7] Em 1949 o Asilo Colônia Aimorés foi transformado em Sanatório Aimorés e com a reorganização da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, em 1969, passou a se chamar Hospital Aimorés de Bauru. Em 1974, homenageando um dos grandes hansenologistas do Brasil o hospital foi novamente renomeado, passando a se chamar Hospital Lauro de Souza Lima. A partir de 1989, com o decreto nº 30.521 de 02/10/1989[8] o hospital foi transformado em Instituto de Pesquisa e passou a ser denominado Instituto Lauro de Souza Lima.[3] Ao longo dos anos o o Instituto Lauro de Souza Lima se tornou um centro de referência na área de Dermatologia Geral, em particular da hanseníase, para a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS). No sentido de cumprir o que prevê o seu decreto de criação, a Instituição, atualmente, desenvolve tríplice função, baseada em promover pesquisa, ensino e assistência.[1][3] A Organização Mundial da Saúde, em 1980, conferiu à Instituição o título de Centro Colaborador da OMS para a Formação de Pessoal no Controle e Pesquisa da Hanseníase (prioritariamente em países de língua portuguesa), sendo suas funções apoiar a OMS em:[9]
Esse elenco de atividades desenvolvidas no campo da pesquisa, ensino e assistência, faz hoje do Instituto Lauro de Souza Lima centro de referência nacional e internacional na região das Américas em hanseníase. Por meio da Resolução nº 220 de 14 de julho de 1993, da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, ficou instituído a hierarquização das ações de controle de hanseníase no Estado, que devem obrigatoriamente considerar o Instituto Lauro de Souza Lima como centro responsável e de maior resolutividade.[10] Pesquisa e ensinoNo campo da pesquisa, o Instituto Lauro de Souza Lima através da sua equipe multidisciplinar trabalha a hanseníase em todas as suas vertentes e tem desempenhado um papel de destaque como produtor e disseminador do conhecimento para diagnóstico, tratamento, prevenção e controle da hanseníase. Suas pesquisas são de caráter básico, translacional e aplicado, além de manter relevantes parcerias com instituições nacionais e internacionais.[3][2][11] Linhas de pesquisaCursosNo que se refere ao ensino, a Instituição oferece desde a década de 1960 cursos de curta duração à profissionais da saúde que atuam na Atenção Primária, sobre os seguintes temas: Curso de Noções Básicas de Hansenologia; Curso de Coloração e Leituras de Lâminas; Curso de Educação em Hanseníase; Curso de Baciloscopia e Curso de Prevenção de Incapacidades.[3][2][11] No campo da pós-graduação profissional, o Instituto oferece os cursos de Residência Médica em Dermatologia em parceria com a Sociedade Brasileira de Dermatologia e cursos Lato sensu, Especialização Multiprofissional em Assistência Dermatologia, para profissionais das áreas de Enfermagem, Psicologia, Fisioterapia, Biologia, Biomedicina e Farmácia Bioquímica e o curso de Especialização Neurofisiologia Clínica.[3][2][11] Anualmente a instituição também oferece vagas para estágio curricular obrigatório não remunerado para alunos da área da saúde de diversas instituições de ensino, em nível médio, médio profissionalizante, superior, internato de medicina e pós-graduação Lato sensu, de unidades de ensino públicas, filantrópicas ou privadas.[12] Biblioteca e MuseuA Biblioteca e Centro de Documentação Luiza Keffer foi criada pelo decreto 1989. Constitui-se por uma biblioteca pública e especializada que tem como objetivo principal contribuir para o desenvolvimento dos programas de treinamento, pesquisa e ensino no campo de dermatologia geral, hanseníase e assuntos relacionados, mediante a provisão de informação técnico-científica aos profissionais envolvidos, além de preservar e disseminar documentos que tratem sobre a história e aspectos sociais enfrentados pelos pacientes acometidos pela hanseníase no Brasil e no mundo.[1][13] São atribuições da Biblioteca reunir, organizar e disseminar informações contidas em seu acervo, visando atender a consultas, estudos e pesquisas dos usuários; realizar tratamento exaustivo nos documentos ampliando os recursos de disponibilização e recuperação da informação; e ser o espaço de integração da comunidade, oferecendo um ambiente confortável e agradável de convivência, troca de conhecimentos e experiências.[1] Biblioteca e Centro de Documentação Luiza Keffer mantêm em seu acervo cerca de 25 mil materiais bibliográficos e iconográficos (livros, teses e dissertações, monografias, materiais não convencionais, obras de caráter raro ou especial, títulos de periódicos científicos, materiais audiovisuais, fotografias e slides clínicos). Esse acervo constitui uma das coleções mais completas e ricas sobre hanseníase no mundo, seja pelo seu aspecto histórico, social ou científico, sendo, dessa forma, considerado referência na área para organizações como a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Ministério da Saúde, Organização Pan-americana da Saúde e Organização Mundial da Saúde.[1] Além dos serviços convencionais oferecidos presencialmente, a equipe também coordena a Biblioteca Virtual em Saúde Hanseníase, criada em 2007 por iniciativa do Instituto Lauro de Souza Lima, em cooperação com a BIREME/OPAS/OMS e com o respaldo das instituições nacionais e internacionais com maior expertise na área, tem o objetivo de reunir, organizar e disseminar a produção científica produzida, colaborando com ações no desenvolvimento de estudos e pesquisa que contribuam para a preservação da história, prevenção e tratamento da hanseníase.[14] O Museu Silas Braga Reis, fundado em 2004, está localizado em meio ao conjunto arquitetônico do antigo Asilo Colônia Aimorés, no prédio do então Cassino e Cine-teatro. A área foi reconhecida como importante bem cultural de interesse histórico, arquitetônico, artístico, turístico, paisagístico e ambiental pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, o CONDEPHAAT, tendo sido tombado como patrimônio histórico em 2016.[15][16] Atualmente o Museu Silas Braga Reis mantém uma exposição permanente e de visitação gratuita sobre a história do Instituto Lauro de Souza Lima. Publicações e produção científicaA Revista Hansenologia Internationalis: hanseníase e outras doenças infecciosas é um periódico científico veículo oficial de divulgação científica, multidisciplinar e de acesso aberto do Instituto Lauro de Souza Lima. O objetivo da revista é divulgar a publicação científica no campo da hanseníase e de outras doenças infecciosas com manifestações dermatológicas, incluindo, epidemiologia e controle, clínica médica e terapêutica, prevenção de incapacidades e reabilitação, história, direitos humanos, ciências sociais e educação em saúde, biologia molecular e genética, imunologia e microbiologia, gestão, inovação tecnológica em saúde, dermatopatologia e neurodiagnóstico da hanseníase.[17] A produção científica do Instituto Lauro de Souza Lima, desde sua transformação em instituto de pesquisa, é bastante relevante e se encontra indexada na Biblioteca Virtual em Saúde Rede de Informação e Conhecimento (BVS RIC),[18] unidade regulamentada como depósito legal de toda a produção científica e acadêmica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. No período de 1989 a 2022, foram identificados 984 registros de documentos produzidos com afiliação ao ILSL, que compreendem cerca de 5% de toda a produção científica da SES-SP no âmbito dessa fonte de informação.[19] Ao longo dos seus 90 anos de história, o Instituto Lauro de Souza Lima se consolidou como participante ativo na produção científica em hanseníase, em âmbito nacional e internacional, além de registrar o impacto de sua produção na comunidade científica, ampliando a visibilidade do Brasil e da América Latina, como importante produtor em ciência na área da hanseníase.[2] AssistênciaA instituição se configura como centro de especialidade em dermatologia e proporciona aos pacientes atendimento clínico ambulatorial e cirúrgico, com ambulatório especializado em hanseníase, além de desenvolver abordagem de tratamento multiprofissional. Para o estado de São Paulo e para as instituições parceiras realiza exames laboratoriais complementares na área de hanseníase, a exemplo: baciloscopia, histopatologia e inoculação experimental de camundongos para avaliação da viabilidade bacilar e diagnósticos fenotípicos de resistência às drogas Dapsona e Rifampicina (modelo de Shepard.)[3][2] Ver tambémOutros institutos no Governo do estado de São Paulo:
Referências
Ligações externas
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