Filho de um engenheiro, começou a desenhar já aos treze anos suas primeiras litogravuras e aos catorze publicou seu primeiro álbum, intitulado "Les travaux d'Hercule" (Os Trabalhos de Hércules). Aos quinze anos engajou-se como caricaturista do "Journal pour rire", de Charles Philipon. Em 1848 estreou no Salão com dois desenhos a pena.
Em 1849, com a morte do pai, passa a maior parte do tempo com a mãe. Já é reconhecido, apesar de contar apenas dezesseis anos. Em 1851 realiza algumas esculturas com temas religiosos e colabora em diversas revistas como o "Journal pour tous".
Após algum tempo desenhando diretamente sobre a madeira e tendo seus trabalhos gravados por amigos, iniciou-se na pintura e na escultura, mas suas obras em tela e esculturas não fizeram tanto sucesso como suas ilustrações em tons acinzentados e altamente detalhadas.
Com aproximadamente 25 anos, começou a trabalhar nas ilustrações de O Inferno de Dante. Em 1868, Doré terminou as ilustrações de O Purgatório e de O Paraíso, e publicou uma segunda parte incluindo todas as ilustrações de A Divina Comédia.
Em 1869, Doré foi contratado para ilustrar o livro Londres: Uma Peregrinação, muito criticado por, supostamente, retratar apenas a pobreza da cidade. Mas apesar de todas as críticas, o livro foi um sucesso de vendagem na Inglaterra, valorizando ainda mais o seu trabalho na Europa. Ganhou muito dinheiro ilustrando para diversos livros e obras públicas, mas nunca abriu mão dos trabalho desenvolvidos apenas para seu prazer pessoal.
Encontram-se gravuras da sua autoria na revista Jornal do domingo[1] (1881-1888).
Gustave Doré morreu aos 51 anos, pobre, pois todo o dinheiro que havia ganho com o seu trabalho foi utilizado para quitar diversas dívidas, deixando incompletas suas ilustrações para uma edição não divulgada de Shakespeare, entre outros trabalhos.
Legado
Gustave Doré foi um marco na arte da ilustração, influenciando os ilustradores que o sucederam.
Na pintura encontram-se suas principais obras: L'Enigme (hoje no Musée d'Orsay) e Le Christ quittant le prétoire (1867-72), um painel medindo 6 metros de altura por 9 de comprimento. Este quadro foi restaurado entre 1998-2003, pelo Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Estrasburgo, num salão dedicado a este fim e que ficou aberto à visitação durante todo o trabalho.
Em 1931 Henri Leblanc publicou um catálogo que procedeu ao inventário completo das obras de Doré, contendo 9.850 ilustrações, 68 libretos musicais, 5 cartazes, 51 litografias originais, 54 sumi-e, 526 desenhos, 283 aquarelas, 133 pinturas e 45 esculturas.
Principais obras ilustradas por Gustave Doré
Gustave Doré ilustrou mais de cem obras-primas da literatura universal. Dentre estas, destacam-se:
Roosevelt, Blanche (1885) Life and Reminiscence of Gustave Doré. New York: Cassell & Co., Ltd. (141 illustrations)
Jerrold, Blanchard (1891) The Life of Gustave Doré. London: W. H. Allen & Co., Ltd. (138 illustrations)
Valmy-Baysse, J. (1930) Gustave Doré - L’Art et la Vie. Paris: Editions Marcel Seheur (314 illustrations)
Deze, Louis (1930) Gustave Doré - Bibliographie et catalogue complet de l’oeuvre. Paris: Editions Marcel Seheur (103 illustrations)
LeBlanc, Henri (1931) Catalogue de l’oeuvre complet de Gustave Doré. Paris: Ch. Bosse (30 illustrations)
Farner, Konrad (1963) Gustave Doré der Industrialisierte Romantiker (2V) Dresden: Verlag der Kunst (521 illustrations, reprinting most of the Delorme photogravures)