Geraldo Assoviador
Geraldo Cleofas Dias Alves (Barão de Cocais, 16 de abril de 1954 — Rio de Janeiro, 26 de agosto de 1976[1]), mais conhecido por Geraldo Assoviador, foi um futebolista brasileiro que atuou como meio-campista.[2][3] Uma das maiores revelações do futebol brasileiro nos anos 70, Geraldo era conhecido pelo seu excepcional controle de bola, visão de jogo e o futebol alegre. Por jogar cantarolando, ganhou o apelido de "assoviador".[4] Para o historiador Luiz Antonio Simas, a maneira de ser de Geraldo era uma marca de sua brasilidade. “Esse hábito de jogar assoviando deu a Geraldo a fama de irresponsável, irreverente, descompromissado, chupa-sangue e outras baboseiras do gênero. Queriam que o neguinho Geraldo, mineiro de Barão de Cocais, se comportasse como um respeitável centro-médio europeu, de cenho franzido e olhar de touro brabo, uma espécie de candidato a meia direita da seleção da Escócia. Mas Geraldo era brasileiro”.[5] Sua morte prematura causou comoção no País. Principalmente entre os companheiros de profissão. Por conta disso, dias após sua morte, Geraldo foi homenageado com a disputa entre Flamengo e Seleção Brasileira de uma Taça que levou seu nome, com o objetivo de arrecadar dinheiro para sua família.[6][7] BiografiaNascido em Barão de Cocais-MG, Geraldo era um dos cinco rapazes, de um total de nove filhos, de uma família que pôs em campo cinco jogadores de futebol, dos quais três se destacaram. Lincoln, o mais velho, jogou no América e no Atlético mineiros, enquanto Washington atuou no rubro-negro como zagueiro central, mas só ele se tornou um astro maior.[8] CarreiraContemporâneo de Zico, Geraldo começou sua carreira nas divisões de base do Flamengo no final dos anos sessenta, e morava nas dependências do clube, no “Morro da Viúva”. Um dia, o treinador Mário Jorge Lobo Zagallo descobriu seu futebol em um dos treinos do juvenil. No dia seguinte, Zagallo trouxe o garoto “assoviador” para treinar no elenco principal. Com o clube, foi Campeão da Taça Guanabara de 1973 e campeão carioca de 1974. Segundo o Almanaque do Flamengo, de Clóvis Martins e Roberto Assaf, Geraldo disputou 168 jogos com a camisa rubro-negra (94 vitórias, 40 empates, 34 derrotas) e marcou 13 gols.[3] Seleção BrasileiraGeraldo estrou na seleção brasileira na Copa América de 1975. Ao todo, fez sete jogos pela Seleção Brasileira. FalecimentoCom acompanhamento médico regular, como é comum aos atletas profissionais, descobriu-se que Geraldo tinha inflamações crônicas na garganta e o departamento médico do clube recomendou a retirada das amígdalas[8] porque ela supostamente aceleraria a recuperação em contusões. Geraldo não queria operar (anos mais tarde Zico revelaria que Geraldo tinha pavor de operações), mas aceitou pois "se não operasse, reforçaria a injusta fama de indisciplinado", relato do inseparável amigo Serginho, enfermeiro do Flamengo.[9] A contragosto de Geraldo, portanto, sua operação foi agendada para o dia 25 de agosto de 1976. Porém, por questões burocráticas, Geraldo só foi internado no dia seguinte, desfalcando a equipe que jogara no dia anterior em Fortaleza contra o Ceará. Geraldo deu entrada no Hospital Rio-Cor, em Ipanema, para retirar as amígdalas quando o relógio marcava 7 horas da manhã do dia 26. Pouco tempo depois, o médico otorrinolaringologista Wilson Junqueira iniciou os procedimentos e aplicou o anestésico local. Vinte minutos após o início da cirurgia, Geraldo se sentiu mal e seu coração parou. A equipe médica tentou reanimá-lo com injeções e choques elétricos. As 10h30m Geraldo sofreu uma segunda parada cardíaca e faleceu vitimado por um choque anafilático causado pela anestesia. No dia de seu enterro, em Barão de Cocais, a prefeitura decretou feriado e uma multidão de cerca de três mil pessoas acompanhou o sepultamento do seu filho mais ilustre. As bandeiras nacional e do município tremularam com uma faixa preta em sinal de luto.[8] A morte de Geraldo foi cercada de polêmicas. Sua mãe, Nilza Alves, recusou-se a aceitar como causa da morte uma parada cardíaca. O chefe da equipe médica que operou o jogador, Wilson Junqueira, disse na ocasião que a extração das amígdalas transcorrera sem problemas, mas que os distúrbios circulatórios começaram 20 minutos após a cirurgia, sem um motivo específico. Acrescentou que antecedentes de saúde poderiam ter provocado a morte.[8] O médico do Flamengo à época, Célio Cotechia, acredita que a parada cardíaca que vitimou Geraldo se deveu a uma intolerância orgânica à anestesia local ou a outros medicamentos ingeridos durante o periodo de preparação para a operação. Ele assinou o atestado de óbito, e fez a ressalva de que sua explicação para a causa da morte do jogador poderia não ser definitiva. Afirmou ainda tratar-se de um caso rarissimo e que ele fazia questão de isentar de culpa a Clinica Rio-Cor e os médicos que assistiram o jogador e não mediram esforços para salvá-lo.[10] Características como jogadorPara muitos - como Oswaldo Brandão[3], Vanderlei Luxemburgo[11], dentre outros - Geraldo era melhor do que Zico.[3] Oswaldo Brandão disse certa vez: “Ele é um menino que tem muito o que aprender em matéria de disciplina tática, mas carrega um potencial de craque, e por isso vou insistir com ele na Seleção Brasileira”, afirmou.[9] Zico afirma que Geraldo tinha um estilo refinado de jogar bola. "Geraldo jogava com a cabeça sempre em pé. Não olhava para a bola. Aliás, parecia até que tinha nojo dela. Era engraçado. Tinha muita habilidade". Ainda segundo Zico, ele só tinha um defeito como jogador: "Ele não gostava muito de chutar para o gol. Sempre preferiu fazer as jogadas e tocar para alguém. Teve um dia que ele fez uma fileira de adversários e saiu na cara do gol. O jogo era contra o Olaria. A partida estava empatada, já nos minutos finais. Então, eu tomei a bola dele e fiz o gol".[3] EstatísticasFlamengo
Seleção Brasileira
Títulos
Referências
|