Há relatos esporádicos de avistamento desta espécie na Europa Ocidental, especialmente na Grã-Bretanha, porém, tendo em conta a sua grande popularidade no âmbito da falcoaria, o mais certo é que esses casos se reportem a fugas de cativeiros.[3]
Nomes comuns
Possui ainda os seguintes nomes comuns: gavião-de-asa-castanha[4] e águia-de-harris.[5]
Etimologia
O nome do gênero é derivado do grego antigopara, que significa "parecido" e do latimbuteo, que se refere a um tipo de ave de rapina. O epíteto específico é do latim uni que significa "um"; e cinctus que significa "faixa", referindo-se à banda branca na ponta da cauda.[6] Logo, o nome científico significa "Ave com uma faixa parecida com um búteo".
Descrição
O gavião-asa-de-telha mede de 46 a 59 cm de comprimento e tem uma envergadura entre 103 e 120 cm.[7][8] A espécie tem um dimorfismo sexual, com as fêmeas sendo maiores em aproximadamente 35%. A média de peso de machos adultos é de 701 g, enquanto as fêmeas têm uma média de 1029 g.[9][10]
Essa espécie tem uma plumagem amarronzada, ombros avermelhados e penas da cauda com base e ponta brancas.[11] As patas são longas e amarelas e a cera do bico é amarela.[12]
Juvenil
O juvenil do gavião-asa-de-telha é majoritariamente listrado em couro, e tem uma aparência bem mais clara do que os adultos. Em voo, a parte de baixo das asas do juvenil é de cor couro com listras marrons. À primeira vista, os juvenis não se parecem com os adultos, mas a coloração avermelhada idêntica é uma ajuda na identificação.[12]
Subespécies
São reconhecidas duas subespécies de gavião-asa-de-telha:[13]
P. u. unicinctus: encontrado exclusivamente na América do Sul. É menor do que a subespécie norte-americana.[14]
Distribuição e habitat
O gavião-asa-de-telha vive em bosques esparsos e em clima semiárido, bem como pântanos (com algumas árvores) em algumas partes de sua distribuição (Howell e Webb 1995), incluindo manguezais, como em partes de sua distribuição sul-americana.[15] A espécie não é migratória.[14] Locais para pouso importantes e para suporte de ninhos são fornecidos por árvores maiores espalhadas ou outros elementos (postes de energia, bordas de floresta, árvores mortas em pé, árvores vivas, rochas e saguaros).[16]
A população de gavião-asa-de-telha está diminuindo devido à perda de habitat; no entanto, em algumas circunstâncias, eles são conhecidos por se mudarem para áreas urbanas.[17] No Brasil, a espécie está se tornando cada vez mais comum em centros urbanos, como no Rio de Janeiro, São Paulo e Santos.[4]
Comportamento
Esta espécie ocorre em grupos relativamente estáveis. Há na espécie uma hierarquia de dominância, em que a fêmea madura é a ave dominante, seguida pelo macho adulto e depois pelos filhotes de anos anteriores. Os grupos geralmente incluem de 2 a 7 aves. As aves não apenas cooperam na caça, mas também auxiliam no processo de nidificação.[18] Nenhuma outra ave de rapina é conhecida por caçar em grupos tão rotineiramente quanto esta espécie.[19][20]
Alimentação
A dieta do gavião-asa-de-telha consiste em pequenas criaturas, incluindo aves, lagartos, mamíferos e grandes insetos. Por caçar em grupos, a espécie também pode abater presas maiores.[21] Embora não seja particularmente comum, o gavião-asa-de-telha pode pegar presas pesando mais de 2 kg, como lebres e garças-azuis-grandes (Ardea herodias) adultos e perus-selvagens (Meleagris gallapavo) não totalmente crescidos.[22][23][24] O coelho-do-deserto (Sylvilagus audubonii) é a principal presa no norte da distribuição do gavião-asa-de-telha e geralmente pesa 800 g ou menos.[25] Sem dúvida, por perseguir presas grandes com frequência, a espécie tem pés maiores e mais fortes, com garras longas e um bico em forma de gancho maior e mais proeminente do que a maioria das outras aves de rapina de seu tamanho.[10]
Enquanto a maioria das aves de rapina é solitária, apenas se reunindo para reprodução e migração, o gavião-asa-de-telha caça em grupos de dois a seis indivíduos. Acredita-se que isso seja uma adaptação à falta de presas no clima desértico em que vive. Em uma técnica de caça, um pequeno grupo voa à frente e observa, então outro membro do grupo voa à frente em perseguição à presa até que esta seja morta e compartilhada.[31] Em outra, todos os indivíduos se espalham ao redor da presa.[32] Grupos de gavião-asa-de-telha tendem a ter mais sucesso na captura de presas do que gaviões solitários, tendo taxas de sucesso aproximadamente 10% maiores por indivíduo extra.[33]
Reprodução
Ele nidifica em pequenas árvores, arbustos ou cactos. O ninho é geralmente compacto, feito de gravetos, raízes de plantas e caules, e geralmente é revestido de folhas, musgo, cascas e raízes de plantas. Ele é construído principalmente pela fêmea. Geralmente há de dois a quatro ovos branco-azulados, às vezes com manchas claras marrons ou cinza. Os filhotes nascem amarelo claro, mas em cinco a seis dias tornam-se castanhos.[34]
Muitas vezes, há três indivíduos cuidando de um ninho: dois machos e uma fêmea.[21] Se isso é ou não poliandria é debatido, pois pode ser confundido com uma ave ficando atrás de outra.[35] A fêmea faz a maior parte da incubação. Os ovos eclodem em 31 a 36 dias. Os filhotes começam a explorar fora do ninho aos 38 dias e começam a voar aos 45 a 50 dias. A fêmea às vezes procria duas ou três vezes em um ano.[34] Os juvenis podem ficar com os pais até três anos, ajudando a cuidar de crias posteriores. Os ninhos podem ser predados por coiotes (Canis latrans),águias-reais (Aquila chrysaetos), búteos-de-cauda-vermelha (Buteo jamaicensis), jacurutus (Bubo virginianus) e bandos de corvos-comuns (Corvus corax). Nenhum relato mostra a predação de adultos nos Estados Unidos e o gavião-asa-de-telha pode ser considerado um superpredador, embora possivelmente predadores como águias e corujas sejam capazes de matá-lo.[36] No Chile, a águia-serrana (Geranoaetus melanoleucus) é um provável predador.[37]
Relação com humanos
Falcoaria
Desde cerca de 1980, o gavião-asa-de-telha tem sido cada vez mais usado na falcoaria e agora é o gavião mais popular do Ocidente (fora da Ásia) para esse fim, pois é um dos mais sociáveis e fáceis de treinar.[38]
Gaviões-asa-de-telha treinados têm sido usados para controle da população de certas espécies de ave por falcoeiros nos Estados Unidos em vários locais, incluindo resorts e instalações industriais.[40]
↑Bednarz, J. C. (1988). A comparative study of the breeding ecology of Harris's and Swainson's hawks in southeastern New Mexico. Condor 90:311–323.
↑Woodward, H.D. (2003). Lone Harris' Hawk Kills Great Blue Heron. The Raptor Research Foundation 1:85–86.
↑Houcke, H.H. (1971). Predation By a White-Tailed Hawk and a Harris' Hawk on a Wild Turkey Poult Condor 4: 475.
↑Bednarz, J. C., J. W. Dawson, and W. H. Whaley. (1988). Harris' Hawk. Pages 71–82 in Proceedings of the southwest raptor management symposium and workshop. (Glinski, R. L., B. G. Pendleton, M. B. Moss, M. N. LeFranc, Jr., B. A. Millsap, and S. W. Hoffman, Eds.) Natl. Wildl. Fed. Washington, D.C.
↑Mader, W. J. (1975). Biology of the Harris' hawk in southern Arizona. Living Bird 14:59–85.
↑Brannon, J. D. (1980). The reproductive ecology of a Texas Harris's hawk (Parabuteo unicinctus harrisi) population. Master's Thesis. Univ. of Texas, Austin.
↑Nutting, C. C. (1883). On a collection of birds from the Hacienda "La Palma," Gulf of Nicoya, Costa Rica, with critical notes by Robert Ridgway. Proc. U.S. Natl. Mus. 1982(5):382–409.
↑Johnson, A. W. (1965). The birds of Chile and adjacent regions of Argentina, Bolivia, and Peru. Platt Establecimientos Graficos, Buenos Aires.
↑Jaksic, F. M., J. L. Yanez, and R. P. Schlatter. (1980). Prey of the Harris' hawk in central Chile. Auk 97:196–198.