Fernanda Benvenutty
Fernanda Benvenutty[nota 1] (Remígio, 9 de fevereiro de 1962 — João Pessoa, 2 de fevereiro de 2020) foi uma técnica de enfermagem e militante transexual brasileira dos direitos humanos LGBT.[4][5] Foi presidente-fundadora da Associação das Travestis da Paraíba (Astrapa)[6] e vice-presidente da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).[7][8] Em três eleições gerais no Brasil tentou se eleger politicamente para vereadora e deputada estadual pela Paraíba, não conseguindo contudo número suficiente de votos.[1] CarreiraFormação e atuação profissionalCom ensino médio completo, Fernanda exercia há mais de duas décadas o cargo de técnica em enfermagem, além de também ter sido funcionária pública no cargo de parteira na Maternidade Cândida Vargas e ter tido a mesma profissão no Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira, em João Pessoa.[1] Militância LGBTParalelamente à carreira de enfermeira, Benvenutty teve um marcante histórico de militância pelos direitos dos transexuais e transgêneros em João Pessoa. Em abril de 2005, ela, com uma comissão de militantes do movimento LGBT brasileiro, discursou na Câmara dos Deputados em Brasília, junto à Comissão de Direitos Humanos e Minorias, para reivindicar verbas para programas de combate à homofobia.[6] A Primeira Conferência Nacional LGBT, ocorrida em Brasília em junho de 2007, com expectativas de ser uma entediante cerimônia de correção por parte do governo, mostra-se um evento alegre, coletivo e cheio de esperança, excitação e alegria, segundo relatado pela mídia.[9][10] Na ocasião, Fernanda põe um boné com a bandeira arco-íris sobre a cabeça do presidente Lula, que não se opôs mas mostrou algum desconforto em usá-lo, tirando-o alguns minutos depois.[9][10] Em 23 de novembro de 2011 por ocasião do seminário «Escola sem Homofobia» na Câmara dos Deputados, Fernanda Benvenutty proferiu em discurso:
Em 2009, o governo federal brasileiro divulgou o decreto que criou a Coordenação Nacional LGBT, a qual visa cuidar da demanda das políticas públicas voltadas à comunidade gay.[7] Na ocasião Fernanda foi um dos três nomes cotados para assumir o posto de coordenador da nova pasta política, já que possui experiência com políticas públicas, com foco em gestão social, assim como conhecimento da causa LGBT.[7] Candidatura políticaPelo Partido dos Trabalhadores (PT), Fernanda tentou se eleger politicamente três vezes: nas Eleições no Brasil de 2004 e de 2008 e candidatou-se a vereadora e em 2010 a deputada estadual.[1][nota 2] Nas primeiras obteve número pouco expressivo de votos (menos de mil e quinhentos). Nas eleições de 2010 obteve sua mais expressiva votação, 2.782 votos para deputada estadual, o que não foi entretanto suficiente para assumir uma cadeira na câmara estadual.[1] Sobre a avaliação de sua primeira tentativa, a militante declarou em entrevista em 2011:
Sobre a possibilidade de voltar a pleitear a um cargo eletivo, a militante afirmou em entrevista em 2011 que não havia desistido «desse sonho».[1] Vida pessoalNascida em Remígio, Microrregião do Curimataú Ocidental, no início da década de 1960, ainda na infância Fernanda Benvenutty se deu conta de sua transexualidade. Aos 14, fugiu de casa em um circo, no qual foi artista (palhaça, trapezista, apresentadora de espetáculos e atriz teatral).[1] Apesar de ter saído de casa na adolescência, e ter entrado em sérios conflitos com sua família, não perdeu o vínculo com seus parentes.[1] Em novembro de 2004 co-fundou a agremiação carnavalesca «Império do Samba».[4] No folder de sua campanha política de 2010 podia-se ler:
Solteira, Benvenutty era mãe de três filhos adotivos. A militante morreu no dia 2 de fevereiro de 2020 em virtude de complicações advindas de um câncer no estômago.[2] NotasReferências
Ligações externas |