Espenta Armaiti

Espenta Armaiti (em avéstico: 𐬯𐬞𐬆𐬧𐬙𐬀 𐬁𐬭𐬨𐬀𐬌𐬙𐬌; romaniz.: spəṇta ārmaiti, lit. "Devoção Sagrada"), no zoroastrismo, é uma das Amexa Espenta, as sete manifestações divinas da Sabedoria e Aúra-Masda. Enquanto fontes mais antigas apresentam as Amexa Espentas mais como entidades abstratas, em fontes posteriores Espenta Armaiti é personificada como uma divindade feminina com conotações de harmonia e devoção.[1]

Nome

Espenta Armaiti é conhecido em línguas iranianas posteriores como Espandarmade (em persa médio) e Isfandarmade (em persa moderno).[2] Às vezes, Armaiti é pareado com outra divindade zoroastrista, Zam ('terra'), outro ser associado à Terra,[3] formando assim um composto Zam-Armaiti ou Zam-Armatai.[4]

Papel cúltico

Assim como todos os outros membros do Hepetade, Armaiti compartilha um vínculo íntimo com Aúra-Masda. Ela é associada à terra[5][6] e a literatura sagrada descreve seu papel como uma personagem da Mãe Natureza. Assim, está ligada à fertilidade e aos fazendeiros.[7][a][b] Ela também é associada aos mortos e ao submundo.[8][9]

Legado religioso

No calendário zoroastrista, é associada ao décimo segundo mês, Espandarmade (em persa: سپندارمذ; romaniz.: Spendārmad), e ao quinto dia do mês. O quinto dia do décimo segundo mês é, portanto, seu dia sagrado, Sepandarmasgã. Sepandarmasgã é um antigo festival para celebrar o amor eterno. Os amantes iranianos dão presentes um ao outro neste dia.[10]

Paralelos

A erudição afirma que Armaiti é equivalente a uma entidade riguevédico chamada Aramati.[11][12] Na mitologia armênia, seu nome aparece como Sandaramete (em armênio/arménio: Սանդարամետ; romaniz.: Sandaramet).[13][14]

Notas

[a] ^ Ela é "a antiga deusa iraniana da terra cultivada, da vegetação e da fertilidade, tendo uma ligação com o rito da inumação (...)" e a quem "a terra material pertence".[15]
[b] ^ "No reino do mundo material, Espenta Armaiti é o espírito guardião da terra (Vendidade 3.35), o símbolo da abundância (...) bem como a protetora dos pastores e fazendeiros. Frequentemente, no entanto, é mencionada como a própria terra em vez de como o gênio da terra (Iasna 16.10; Iaste 24.50; Vendidade 2.10, 2.14, 2.18, 18.51, 18.64). ... no reino físico ela representa, e mais tarde se torna, a terra."[16]

Referências

  1. Leeming 2005, p. 29.
  2. Safaee 2020, p. 65.
  3. de Jong 1997, p. 100.
  4. Coulter & Turner 2012, p. 520.
  5. Safaee 2020, p. 65-66.
  6. Russell 1987, p. 323.
  7. Dexter 1990, p. 72.
  8. Russell 1987, p. 323–324.
  9. Boyce 1996, p. 206.
  10. Taheri 2014.
  11. Safaee 2020, p. 66.
  12. Pinault 2008, p. 133-134.
  13. Hastings 1908, p. 795.
  14. Kurkjian 2008, p. 249.
  15. Asatrian & Arakelova 2014, p. 90.
  16. Nigosian 1993, p. 79.

Bibliografia

  • Asatrian, Garnik S.; Arakelova, Victoria (2014). The Religion of the Peacock Angel: The Yezidis and Their Spirit World. Londres e Nova Iorque: Routledge. ISBN 978-1-84465-761-2 
  • Boyce, Mary (1996). A History of Zoroastrianism. Volume One: The Early Period. Third impression with corrections. Nova Iorque, Leida, Colônia: E. J. Brill. ISBN 90-04-10474-7 
  • Coulter, Charles Russell; Turner, Patricia (2012). Encyclopedia of Ancient Deities. Londres e Nova Iorque: McFarland/Routledge. ISBN 1-57958-270-2 
  • Dexter, Miriam Robbins (1990). Whence the goddesses: a source book. Nova Iorque e Londres: Teachers College Press. ISBN 0-8077-6234-2 
  • de Jong, Albert F. (1997). Traditions of the Magi: Zoroastrianism in Greek and Latin Literature. Leida, Nova Iorque e Colônia: Brill. ISBN 90-04-10844-0 
  • Hastings, James (1908). Encyclopædia of Religion and Ethics, Volume 1. Nova Iorque: Charles Scribner's Sons 
  • Kurkjian, Vahan M. (2008). A History of Armenia. Los Angeles, Califórnia: Indo-European Publishing. ISBN 9781604440126 
  • Leeming, David (2005). The Oxford Companion to World Mythology. Oxônia: Oxford University Press. ISBN 0-19-515669-2 
  • Nigosian, Solomon Alexander (1993). The Zoroastrian Faith: Tradition and Modern Research. Montreal, Kingston, Londres, Buffalo: McGill-Queen's University Press. ISBN 0-7735-1133-4 
  • Russell, James R. (1987). Zoroastrianism in Armenia. Cambridge: Harvard University Press. ISBN 978-0674968509 
  • Safaee, Y. (2020). «Scythian and Zoroastrian Earth Goddesses: A Comparative Study on Api and Ārmaiti». In: Niknami K. A.; Hozhabri, A. Archaeology of Iran in the Historical Period. University of Tehran Science and Humanities Series. Berlim: Springer 
  • Taheri, Sadreddin (2014). Goddesses in Iranian Culture and Mythology. Teerã: Roshangaran va Motale’at-e Zanan Publications. ISBN 9789641940821