Equilíbrio Distante
Equilibrio Distante é o segundo álbum solo de Renato Russo, lançado em dezembro de 1995.[4] Consiste de regravações de canções em italiano, lançadas originalmente por cantores do país europeu. O álbum foi preparado ao longo de nove meses (sem contar pré-produção, mixagem e masterização), num período conturbado para Renato, que convivia com a depressão àquela altura de sua vida.[5] Atingiu a marca de 200 mil cópias vendidas pouco após seu lançamento.[6] ProduçãoContextoRenato mencionou o projeto pela primeira vez ao tecladista Carlos Trilha (que acompanhava a sua principal banda, Legião Urbana, e que tinha participado de sua estreia solo, The Stonewall Celebration Concert) após um show da banda no Metropolitan, no Rio de Janeiro.[7] Viagem à ItáliaPor sugestão da gravadora EMI-Odeon, Renato viajou à Itália para aprofundar suas pesquisas para o disco. Inicialmente, ele relutou, pois tinha medo de ser confundido com um terrorista devido à sua aparência - com efeito, acabou selecionado aleatoriamente para uma revista no Aeroporto de Milão.[8] Acabou aceitando quando viu a oportunidade de convidar Gilda Mattoso para acompanhá-lo. Gilda havia sido assessora de imprensa das gravadoras Ariola Discos e PolyGram e em 1989 havia aberto um escritório com o sócio Marcus Vinícius para assessorar artistas como Gilberto Gil, Cazuza, Caetano Veloso, Elba Ramalho, entre outros. Anteriormente, ela havia estudado e trabalhado na Itália, inclusive auxiliando o produtor Franco Fontana a levar artistas brasileiros para o país europeu. Acabou se casando com um deles - Vinicius de Moraes.[9] Na comuna de Sesto ed Uniti (mais precisamente no município de Sesto Cremonese[1]), Renato descobriu que seus antepassados eram camponeses, e não nobres como imaginava. Ficou menos incomodado, contudo, ao ser informado que foi naquela região que os violinos Stradivarius foram criados.[8] A viagem, que consistiu em quatro noites em Milão e outras quatro em Roma[4], resultou em visitas a músicos italianos e uma grande quantidade de discos locais adquiridos[10] - mais de 200.[4] Ele também aproveitou a jornada para buscar documentos necessários para obter a cidadania italiana[8] para ele e para seu filho que pertenciam a seus bisavós Maria e Piero.[4] O repertório escolhido, segundo italianos que Renato abordou durante suas pesquisas, não representa a Itália. Por outro lado, nomes como Laura Pausini ganharam fôlego no Brasil após serem revelados pelo disco.[7] GravaçãoA gravação do álbum foi realizada ao longo de 1995[1], primeiramente em computador, e depois transferida para fitas magnéticas, pois os arranjos deste disco envolviam mais instrumentos e os canais eram limitados na época.[6] Os primeiros problemas com a gravação envolveram o baixo: Renato não aprovava o trabalho de Marcos Pessoa. Carlos encontrou a solução em Arthur Maia, que ajeitava as partes desejadas.[11] Bruno Araújo, outro membro de apoio da Legião Urbana, também tocou o instrumento, além do próprio Renato.[11] Além disso, Carlos lembra que teve de lidar com a imprevisibilidade de Renato, sem nunca conseguir prever se ele ia aprovar ou reprovar algo.[11] O canto se mostrou outro problema: desacostumado com aquele tipo de música (se comparado ao que fazia na Legião Urbana), Renato detestou a primeira gravação, abandonou o estúdio por um tempo e desmarcou sessões. Estava inseguro também por conta do sotaque que ele acreditava ter; para contornar isso, fez aulas particulares do idioma.[12] Na época de lançamento do disco, contudo, Renato declarou em entrevista à International Magazine que "o estilo de cantar deles [dos italianos] era muito parecido com o meu" e que a temática deles era parecida com a da Legião Urbana, "que é aquela coisa de se falar de ética, canções de amor que têm um fundo social... Sempre aquela coisa do indivíduo confuso com o mundo, tentando resolver as coisas do mundo".[12] "Passerà" foi uma das primeiras faixas que Renato mostrou a Carlos. Sobre ela, o tecladista comentou:[13]
Várias outras canções foram gravadas (um total de 21 foram concebidas para o disco[14]), porém, não estavam com seus arranjos prontos e ficaram de fora. Elas foram posteriormente finalizadas e lançadas em O Último Solo, disco solo póstumo de Russo.[15] A obra chegou às lojas em dezembro de 1995, um mês antes de Renato ter de voltar ao estúdio para iniciar as gravações daqueles que seriam os últimos discos da Legião Urbana.[4] Capa e arteA capa do disco é formada por desenhos de Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo (que tinha seis anos na época[1]), em papel texturizado.[12] Elas mostram o Pão de Açúcar, o Estádio do Maracanã, o Coliseu e a Torre de Pisa (grafada como "Torre de Pizza").[1] O encarte veio em forma de livreto (ideia de Renato), com letras capitulares inspiradas na grafia do século XIX, fotos de antepassados de Renato e imagens que retirou de suas pesquisas. O diretor artístico Egeu disse que aquela foi a primeira vez que um álbum brasileiro saía com um projeto gráfico desses. Só havia uma gráfica no Rio de Janeiro com equipamento para imprimir o encarte daquela forma.[12] RecepçãoEm uma breve crítica, a Folha de S.Paulo afirmou que o disco "não consegue repetir o lirismo delicado de The Stonewall Celebration Concert" e o define como "brega", dando como possíveis motivos "a língua, os arranjos melosos e a escolha do repertório".[16] Faixas
CréditosAdaptados do encarte e do livro usado como fonte principal:[17][3] Músicos
Notas
Referências
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