Centro de Santana

Centro de Santana
São Paulo
Em primeiro plano a Estação Santana e o Colégio Estadual Padre Antonio Vieira, em segundo plano, o Aeroporto Campo de Marte e ao fundo o skyline da Zona Central de São Paulo.
Igreja histórica Basílica Menor de Sant'Ana
Arquidiocese São Paulo (Santana)
Zona Eleitoral 249ª[1]
Pontos turísticos Praça Campo de Bagatelle
Sambódromo do Anhembi
Centros comerciais Rua Voluntários da Pátria
Santana Shopping
Distrito Policial (DP) 20ª DP
Zona de valor do CRECI Zona C[2]
Distrito Santana
Subprefeitura Santana-Tucuruvi
Região Administrativa Nordeste (Norte)
Mapa

Centro de Santana é uma denominação comumente utilizada, para se referir à região próxima a Estação Santana do distrito de Santana, na zona norte da cidade de São Paulo.[3]

A região se destaca pelo seu intenso comércio, localizado nas suas vias principais e adjacências, são elas as ruas: Leite de Morais, Doutor César, Alfredo Pujol, Voluntários da Pátria, avenida Cruzeiro do Sul, avenida Brás Leme e avenida Santos Dumont.

História

Primeiras vias do primeiro núcleo populacional da Zona Norte, vistas em um mapa do início do século XX.
Colégio Estadual Padre António Vieira, Rua Voluntários da Patria e a Basílica Menor de Santana.
Estacões Santana e Carandiru em 1979.
Basílica Menor de Santana
Em primeiro plano a Estação Santana e o Colégio Estadual Padre Antonio Vieira, em segundo plano, o Aeroporto Campo de Marte e ao fundo o skyline da Zona Central de São Paulo.

Entre os bairros setentrionais de além-Tietê, Santana destaca-se não apenas por ser o principal, como também por ser dos mais antigos. Suas origens remontam à mais importante propriedade rural dos Jesuítas, em terras paulistanas, no passado: a “Fazenda Tietê”, que mais conhecida se tornou sob o nome de “Fazenda de Sant'Ana”.

O rio Tietê, em seu trecho paulistano, se apresentava – antes da sua retificação – como um rio de várzea, isto é: um rio que permanece no período da estiagem com áreas secas – que no período das cheias, são inundadas. Uma das atividades principais em torno do Tietê, desde a época colonial, foi a extração de areia de sua várzea para fins de construção, principalmente. A paragem do Areal que corresponde atualmente à rua Voluntários da Pátria e essa atividade perdurou até meados do século XX. Além das colinas, extensas áreas de várzeas, ligadas ao Tietê, encontravam-se entregues ao abandono (ora contendo olarias e “portos de areia”, ora transformadas em improvisados campos de futebol), com muito poucas habitações e com simples esboços de arruamentos. Eram “vazios” na paisagem urbana, que só recentemente passaram a ser ocupados. Esse primeiro povoamento das terras de Santana, foi estritamente rural, repleto de propriedades de chacareiros.

Havia terras destinadas para o uso coletivo dos habitantes locais, em especial, para pastagem de animais. Santana está localizada entre a margem direita do rio Tietê e a Serra da Cantareira. Do início da rua Voluntários da Pátria até o começo das colinas do bairro correspondia a um terreno de várzea, alagadiço.

Da vida urbana da Santana colonial, levando em conta o padrão de desenvolvimento dos núcleos populacionais, que se davam em torno da Igreja ou Capela local, supõe-se que tenha se dado em torno da sede da Fazenda de Sant'Ana – atual CPOR – no alto da rua Alfredo Pujol, onde havia uma capela aonde se realizavam missas e outras funções litúrgicas católicas. Bairros como Santana se desenvolveram de forma clássica aos bairros do mundo ocidental católico, onde a vida do núcleo estava intrinsecamente ligada à vida da Paróquia, Igreja ou Capela, não só pela vida social, mas também pela localização urbana das habitações.

Na imagem é visível a diferenciação do centro para o alto do bairro.

Em 1894, ergueu-se no Alto de Santana um colégio e uma capela: o Colégio Santana e a Capela de Santa Cruz, mantidos pelas Irmãs de S. José. Com o estabelecimento da capela – esta desmembrou-se da Paróquia de Santa Efigênia e tornou-se matriz provisória de Santana, em 1895. Contudo, e, ao contrário do que se devia esperar, não será na colina que se dará a construção da nova matriz de Santana, mas sim, na área de várzea, onde se formaria o núcleo populoso e de comércio do bairro desenvolvendo-o anos mais tarde.

As áreas de várzea, possuíam menores valores quando comparados as áreas de colina. Tal diferenciação dava-se menos pelas condições geomórfológicas, e mais no sentido da limitação das atividades econômicas ou mesmo de uso residencial que elas propiciavam. No Alto de Santana desenvolveu-se uma população mais abastada, com habitações de padrão superior às da população da várzea do Tietê. Santana recebe investimentos e equipamentos de uso público, como iluminação, arruamento e saneamento básico. Com a vinda dos imigrantes europeus – com destaque para imigração italiana – os antigos núcleos de povoamento periférico, como o de Santana, passaram a ser procurados pelos trabalhadores que buscavam local de baixo custo para se assentarem.

Vista dos arredores do Aeroporto Campo de Marte e da Rua Doutor César.
Edifícios no entorno da Estação Tietê do Metrô.
Visão atual da Avenida Cruzeiro do Sul e ao fundo o bairro do Canindé.
Edifícios comerciais nos arredores da estação Santana.
Casas típicas da região, geminadas, e ao fundo o Condomínio Edifício Metropolitan Tower.

Na área de várzea – que corresponde ao atual centro do bairro – os pequenos sítios e chácaras, ainda provenientes do período anterior, foram desmembrados, loteados e vendidos a baixo preço – por não terem infra-estrutura – e serviram então para o estabelecimento de pequenas fábricas e residências – mais modestas – que absorveram parte da população italiana e nacional que ali se estabelecia.

Nesse mesmo período – primeiro quartel do século XX – se instalava ali próximo o primeiro aeroporto da cidade – o Campo de Marte – e a penitenciária do Estado: equipamentos públicos que marcaram profundamente o desenvolvimento da vida no bairro de Santana até os dias de hoje. Nos anos 1960, por iniciativa privada, Santana sedia o Parque Anhembi trazendo milhares de turistas ao bairro.[4] Anos mais tarde integrou-se com o resto da cidade através da construção da Linha 1-Azul do Metrô, a região passou por um processo de desenvolvimento e avanços em sua infraestrutura, que a transformou no principal polo comercial regional.

Ayrton Senna praticava kart nas imediações da Rua Aviador Gil Guilherme e Avenida Santos Dumont, onde seus avós moravam[5] e onde morou até os quatro anos de idade, segundo o livro "Ayrton – O Herói Revelado", de Ernesto Rodrigues.[6] Cresceu no bairro onde seu pai, Milton da Silva e seu avô paterno, Antônio Teodoro da Silva nasceram.[7] Seu pai atuava no ramo de vendas de automóveis nas imediações da Avenida Cruzeiro do Sul.[8] O piloto possuía escritório no Centro Empresarial Vari, na Rua Doutor Olavo Egídio, o condomínio empresarial possui um heliponto, onde Ayrton chegava muitas vezes pilotando o próprio helicóptero.[9]

Atualidade

A região mais antiga do bairro está relativamente degradada devido principalmente a zonas de meretrício e pichações. Algumas de suas vias sofrem de inúmeras inundações, como as avenidas Cruzeiro do Sul e Zaki Narchi.[10]

O centro de Santana é bem servido de serviços de transporte, apresenta 3 estações da linha 1-Azul do Metrô, o Terminal Rodoviário Tietê e o Terminal Santana.

Nas proximidades da estação Santana encontra-se uma forte concentração comercial. Na rua Voluntários da Pátria há aproximadamente 600 lojas de diversos setores. O comércio é auto-suficiente, exercendo atração sobre outros bairros da região norte.[11] Esse é um dos fatores que fazem Santana ser o bairro mais importante da área norte do município.

Para conter o avanço deste tipo de atividade a Subprefeitura de Santana-Tucuruvi lançou projetos de revitalização da região, que desde o ano de 2009 passa por transformações. A última delas ocorreu na primeira metade do ano de 2010, quando a subprefeitura regional removeu parte dos vendedores ambulantes e promoveu a reforma das calçadas da Rua Voluntários da Pátria e paralelas à mesma.[12]

Para evitar o retorno dos comerciantes ambulantes ao bairro houve a construção de floreiras em suas calçadas mais atingidas e patrulhamento da Polícia Militar no reforço da fiscalização das ruas.[13] Além da Voluntários da Pátria, as ruas: Leite de Moraes, Gabriel Piza, Duarte de Azevedo, Racionalismo Cristão e a Avenida Cruzeiro do Sul também receberam melhorias.[14] A Operação Delegada, nome dado ao convênio Prefeitura-Polícia Militar combateu o comércio ambulante que existia na região e hoje faz vigilância por ser muito movimentada.[15]

Além de centro comercial a localidade é um polo de lazer, apresenta muitos restaurantes, centros culturais e bares. O Parque da Juventude, o Museu do Dentista e o teatro Alfredo Mesquita são exemplos dos equipamentos culturais da região. Em virtude do Anhembi Parque, Aeroporto Campo de Marte e Multimídia Trade Center existe uma oferta de flats e hotéis na área.

A mesma abriga diversos institutos educacionais públicos e privados. São escolas de idioma e colégios tradicionais como: Salete, Prof. Derville Allegretti, Vereador Antonio Sampaio, Luiza de Marilac, Padre Antônio Vieira, dentre outros.

Ver também

Bibliografia

  • Gonçalves, André Vinicius Martinez (2006). Dissertação de Mestrado: Manifestações e contradições da metrópole de São Paulo no antigo bairro de Santana: a paisagem, o valor da terra, a intervenção urbana e o fenômeno da deterioração urbana. São Paulo: [s.n.] 
  • Associação Comercial de São Paulo Distrital Santana (2002). Revista 220 Anos Santana. 2 – Ano 2. São Paulo: [s.n.] 
  • Villaça, Flávio (1998). Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel. pp. 107–108 
  • Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN 8573592230 
  • Pesquisa de Iniciação Científica PUC-SP feita por Delphim R. Porto Jr.
  • Seabra (2004, p. 289)
  • AB`Saber (1957)

Referências