Bacamarteiro
O Bacamarteiro é uma manifestação folclórica[1] comum no interior da Região Nordeste do Brasil.[2] O bacamarteiro é um atirador que usa uma arma conhecida como bacamarte para efetuar disparos de pólvora seca,[3] em manifestações populares como procissões, quermesses e outros festejos, inclusive em cerimônias cívicas e políticas.[4][5][6][7][8][9] A manifestação cultural dos bacamarteiros, mais propriamente,[10] consiste em um grupo de pessoas, vestidas com calça e camisa de zuarte, lenço no pescoço e chapéu de palha ou couro, que se reúnem em grupos, troças ou batalhões, sob a chefia de um sargento e o controle geral de um comandante, e realizam uma apresentação performática. O comandante do grupo responde, perante às autoridades, pelos atiradores durante as apresentações. O nome bacamarteiros deriva do bacamarte, arma de fogo de cano curto e largo, reforçada na coronha, usada pelos bacamarteiros. A arma já era usada na Europa pelo menos desde o século XVIII, mas não se sabe como ela chegou no nordeste. O que é sabido é que ela foi adaptada para o folguedo, uma vez que anteriormente, usava-se chumbo, mas nos festejos nordestinos, é usada a pólvora, porque produz mais barulho e fumaça.[11] HistóriaNa ParaíbaNa Paraíba, a origem do folguedo é incerta, mas há consenso de que começou no final do século XIX.[12] Em PernambucoÉ uma tradição comum no interior pernambucano, estando ligada às festividades juninas, o que levou a criação de uma lei estadual estabelecendo 24 de junho, dia de São João, como o "Dia Estadual do Bacamarteiro".[13][14][15][16] A data de nascimento da tradição é desconhecida, mas supõe-se que teria surgido após a ocorrência da Guerra do Paraguai (1865). Outros pesquisadores supõe que ela surgiu como uma forma de saudar aos santos juninos, e teve início com a invasão holandesa em Pernambuco, enquanto o próprios bacamarteiros apontem uma origem lendária à tradição, associando-a ao nascimento de São João Batista.[11] Em Caruaru, trata-se de uma tradição hereditária.[17] A tradição chegou em Caruaru no fim do século XIX, atrelada às festas juninas. É caracterizada por grupos, tropas ou batalhões de bacamarteiros, "comandados" por um sargento e o controle geral de um comandante, que responde, perante às autoridades, pelos atiradores durante as apresentações. Apesar de Caruaru ser o maior polo de bacamarteiros no Estado, existem também grupos em outros municípios pernambucanos como Cabo, Limoeiro, Belo Jardim.[5] Na cidade de Ibirajuba, no agreste pernambucano, os bacamarteiros eram religiosamente presentes nas festas juninas, mas as muitas prisões de bacamarteiros por porte ilegal de arma acabaram por enfraquecer-lhes, até que, por pressão popular, os bacamarteiros foram legalizados em uma associação de Caruaru, regulando-se a posse das armas por eles portadas, ao mesmo tempo impedindo o porte. Desde 2012 a cidade realiza o Encontro dos Bacamarteiros, que reúne mais de 500 bacamarteiros da região. O encontro realiza-se em apenas um dia, onde os brincantes assistem uma missa na Igreja de Santa Quitéria e depois seguem em desfile para o centro da cidade, onde começam as apresentações.[15] Em SergipeTem início com o grupo folclórico Batalhão de Bacamarteiros, de Carmópolis, interior de Sergipe,[18] criado por volta de 1780, por escravos dos canaviais do entorno do povoado Aguada, como um grupo de Samba de Roda e atiravam com uma arma artesanal conhecida como bacamarte.[19] [20] O Batalhão de Bacamarteiros possui sessenta integrantes de todas as idades.[21] Os mais velhos são encarregados das canções, alguns ficam encarregados de tocar os instrumentos, como o ganzá, cuíca, pandeiro, reco-reco e a caixa.[22] No município de Carmópolis, as mulheres trajam chapéu de palha e vestido de chita, dançam sempre em círculo, enquanto os homens, que ficam atrás, vão disparando tiros de bacamarte, de acordo com o desenrolar da dança.[23] É a maior manifestação cultural do município de Carmópolis e uma das principais expressões culturais de Sergipe. Todos os instrumentos musicais, os bacamartes e a pólvora são fabricados pelo próprio grupo. Para a confecção dos instrumentos musicais é usada a medeia do jenipapo, árvore frutífera da região, couro de animais e sementes.[24] Para fabricar a pólvora, é utilizado o carvão produzido a partir da umbaúba, cachaça e enxofre. Durante os festejos juninos acontece o ritual do "Pisa Pólvora" para comemorar os santos do mês.[21] O Batalhão de Bacamarteiros do Povoado Aguada é uma tradição africana deixada na região do Vale da Cotinguiba, com dança e música características.[24][21] Apesar do grupo do povoado Aguada ser o mais tradicional, em Sergipe também existem Bacamarteiros em General Maynard, Japaratuba e Capela.[22] Ver tambémReferências
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