Atégina Nota: Se procura pela canção de Moonspell, veja Wolfheart.
Atégina (em latim: Ataegina) é uma deusa da mitologia lusitana. O etnógrafo José Leite de Vasconcelos propôs que o nome Ataegina fosse originário do celta Ate e do grego antigo Gena, que significaria "renascimento", embora esta teoria seja questionada por alguns historiadores[1]. O animal consagrado a Atégina é o bode ou a cabra. Ela tem um culto de devotio, em que alguém invocava a deusa para curar alguém, ou até mesmo para lançar uma maldição que poderia ir de pequenas pragas à morte. também relaciona-se com a produção salineira, pois é encontrada relacionada com esta produções, em locais como Alcácer do Sal e em Esposende. Atégina era venerada na Lusitânia e na Bética, existindo santuários dedicados a esta deusa em Elvas (Portugal), e Mérida e Cáceres na Estremadura espanhola, além de outros locais, especialmente perto do Rio Guadiana. Ela é também uma das principais deusas veneradas em locais como Mírtilis (Mértola dos dias de hoje), Pax Júlia (Beja), ambas cidades em Portugal, e especialmente venerada na cidade de Turóbriga, cuja localização é desconhecida. A região era conhecida como a Betúria celta. No monte de S. Lourenço (Castro de S. Lourenço, Esposende - Braga) foi encontrada uma ada dedicada a Dea Sancta, e está, em princípio, relacionada com o culto ao sal à semelhança de outra inscrição, encontrada em Cáceres (Espanha). De acordo com Juan Manuel Abascal Palazón, Ataecina é uma divindade celta, um dos muitos deuses que integram o panteão pré-romano, que manteve o seu culto densamente activo durante o Principado. Assumindo conotações locais com a adopção de epítetos, a sua popularidade seria sustentada pela frequente abreviatura do seu nome. Há no entanto quem apoie a possibilidade de Atégina ser uma divindade pré-celta.[2][1] Assim, Atégina é invocada por vezes como dea e como domina: d(ea) d(omina) s(ancta), denominação que não é exclusiva desta divindade. A cronologia dos testemunhos cultuais relativos a esta divindade, permite supor a sua vigência durante os três primeiros séculos do Principado. Se bem que algumas epígrafes ofereçam sérias dificuldades de datação, outras podem ser facilmente adscritas ao século I d. C. As cronologias mais recentes serão provavelmente oriundas das epígrafes encontradas em Alcuéscar, que poderão atingir os primeiros anos do século III d.C.[3] Relativamente ao número de exemplares dedicados a Atégina inventariados na Península Ibérica, este ascende actualmente os 36, dos quais 15 são provenientes de Santa Lucía del Trampal (Cáceres). Existem inscrições que relacionam esta deusa com Proserpina: ATAEGINA TURIBRIGENSIS PROSERPINA, tendo esta relação acontecido durante o período romano, o que leva à teoria de Atégina como deusa do renascimento (Primavera), fertilidade, natureza e cura; ou possuindo uma ligação ao submundo na mitologia lusitana. É também possível que fosse uma deusa da Lua. Muitas vezes é representada com um ramo de cipreste. De acordo com Teófilo Braga [4], na sua obra etnográfica «Costumes, Crenças e Tradições», foram encontradas em Vila Viçosa inscrições alusivas a invocações a Ataecina de orações para ajudar a encontrar objectos roubados. Cultura PopularAtaegina (canção dos Moonspell)A banda portuguesa de black metal Moonspell possui um tema dedicado a Atégina, o qual tem como título o nome da própria divindade, Ataegina. Foi editado no álbum Wolfheart, datado de 1995, sendo a sua nona e última faixa. A letra da música sugere que Atégina seria uma divindade dotada com o poder de exercer vingança a quem a si recorra e/ou rogue, podendo inclusive provocar a morte do(s) visado(s) do acto de vingança pretendido. As alusões à noite (deusa lusitana da Lua) e ao renascimento da Natureza são explícitas, o que vão ao encontro do significado etimológico do seu nome ("Gena" = "Renascimento"). Há igualmente alusões a combates e a vitórias, o que pode indiciar uma acção de protecção de guerreiros em campo de batalha para os conduzir ao sucesso em tempo de guerra. Referências
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