Arsênio Puttemans
Arsênio Puttemans, em francês Arsène Puttemans (Bruxelas, 28 de fevereiro de 1873 - Rio de Janeiro, 3 de maio de 1937) foi um professor, micologista, patologista de plantas e paisagista belga.[2] Se notabilizou pelo seu trabalho na Fitopatologia, Micologia e Botânica no Brasil, organizando a Primeira Reunião de Fitopatologia do país e sendo o primeiro do país a catalogar fungos, em 1901.[1] Foi também idealizador de projetos de parques e praças nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.[3] Primeiros anos, formação e vinda ao BrasilArsène Puttemans nasceu no dia 28 de fevereiro de 1873 em Bruxelas, capital da Bélgica. Estudou e se formou em Botânica pela École d'Horticulture de l'État (Escola de Horticultura do estado de Vilvoorde) na Bélgica.[3] Puttemans foi convidado a trabalhar no Brasil e chegou no país em 1892, desembarcando no Porto do Rio de Janeiro.[3] Em sua homenagem póstuma, feita pela Rodriguésia (Revista do Instituto de Biologia Vegetal, Jardim Botânico e Estação Biológica do Itatiaia) é dito que:
Vida acadêmicaNo Brasil, se tornou professor de Agronomia e Fitopatologia na Escola Politécnica de São Paulo entre os anos de 1903 e 1910. Lá ele ensinou os alunos de agricultura sobre doenças de plantas agrícolas, recolhidos com a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo. Posteriormente, foi nomeado o primeiro Chefe do Laboratório de Fitopatologia do Rio de Janeiro, em 1910.[3] Foi diretor de Horticultura, chefe de culturas e encarregado do curso de Botânica da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz de Piracicaba.[4] Trabalhou como Geneticista contratado do Ministério da Agricultura e como assistente de Botânica na Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo. Atuou como chefe de seção no Instituto Biológico de Defesa Vegetal, chefe do Laboratório Central de Fiscalização de Sementes da Diretoria do Fomento Agrícola e ultimamente, chefe da seção de Genética do Instituto de Biologia Vegetal.[4] Participou também do projeto de Aprendizado Agrícola de Barbacena e foi auxiliar do diretor dessa instituição. Posteriormente, foi nomeado o primeiro Chefe do Laboratório de Fitopatologia do Rio de Janeiro, em 1910.[3] Primeira Reunião de Fitopatologia do BrasilEntre 20 a 25 de janeiro de 1936, já combalido pela enfermidade que posteriormente o matou, Puttemans organizou a Primeira Reunião de Fitopatologistas do Brasil, apresentando diversas teses sobre micologia e patologia vegetal.[4] A reunião aconteceu na Escola Nacional de Agronomia (atualmente a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) e contou com a presença de 42 membros, vindos do estado de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.[1] Alguns nomes acadêmicos famosos estavam entre os membros presentes, como o Doutor Alfredo Augusto da Mata, o Professor e Doutor Raul Leitão da Cunha, o botânico Paulo de Campos Porto e o Ministro da Agricultura Odilon Duarte Braga.[1] Dez membros vindos dos estados da Bahia, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul estiveram ausente do evento, mas manifestaram seu apoio.[1] A reunião tinha como finalidade:
As sessões gerais da reunião foram sessões públicas destinadas a apresentação de Trabalhos acadêmicos relacionados a Fitopatologia, mas que tenham interesse geral.[1] Foram debatidos temas como a História da Fitopatologia no Brasil; o Papel da Fitopatologia em face da situação econômica atual; a Fitopatologia em países estrangeiros; a Flora de Fungos do Brasil; as necessidades atuais da Fitopatologia em nosso país, além de teses de interesse geral relacionados a Fitopatologia.[1] As sessões especiais foram destinadas a apresentação e discussão de assuntos e teses relacionadas estritamente a Fitopatologia. Foram debatidos temas como o Ensino da Fitopatologia no Brasil; Experimentação Fitopatológica; Serviço de Defesa Sanitária Vegetal; Reconhecimento de Doenças em Plantas; Herbários e sua organização, além de publicações, nomenclatura e literatura Micológica e Fitopatológica.[1] O evento ainda contou com excursões a instituições científicas como o Instituto de Biologia Vegetal no Jardim Botânico do Rio de Janeiro; Horto florestal da Gávea; Escola Nacional de Agronomia (atual Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); Instituto Oswaldo Cruz; Instituto de Tecnologia do Ministério do Trabalho (atual Instituto Nacional de Tecnologia), bem como excursões á zona citrícola do Rio de Janeiro e ao Alto da Boa Vista. HerbárioSeu herbário de 7 000 fungos Fitopatógenos, coletados principalmente na área da Mata Atlântica do estado de São Paulo, foi depositado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.[3] Projetos de PaisagismoAs obras de paisagismo realizadas no Brasil por Arsênio Puttemans foram feitas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Na capital paulista ele fez, em 1909, o projeto do Jardim do Ipiranga, localizado no Museu Paulista; em 1905, o projeto da Praça da República e por fim, o projeto da Várzea do Brás.[2] Na cidade de Piracicaba, iniciou em 1905 o projeto do Parque da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, finalizado em 1907 com a ajuda de Luiz Teixeira Mendes, professor de Fruticultura e Silvicultura da Escola na época.[5] No Rio de Janeiro, foi responsável pelo projeto do Campo de São Bento, em Niterói.[2][6] ObraEm 1911, Arsênio publicou dois textos para o Boletim da Sociedade Real de Botânica da Bélgica (Bulletin de la Société royale de botanique de Belgique), sobre novas doenças de plantas cultivadas (Nouvelles maladies de plantes cultivées) e sobre um novo sistema de mesa graduada para desenho microscópico (Nouvelle table tournante à deux plateau indépendants pour travaux micrographiques)[7] especialmente adaptado aos últimos modelos de microscópios binoculares da época.[2]
Em 1936, Arsênio publicou três textos para a Rodriguésia (Revista do Instituto de Biologia Vegetal, Jardim Botânico e Estação Biológica do Itatiaia) em número especial sobre os "Anais da Primeira Reunião de Fitopatologistas do Brasil":[1] um sobre Dados para servir a História da Fitopatologia no Brasil e as Primeiras Notificações de Doenças de Vegetais neste País; outro sobre o Cômputo das Espécies «ferrugens» verdadeiras (Uredinales) assinaladas no Brasil e Países limítrofes e um último sobre a Relação dos Fungos e Bactérias encontrados na batateira (Solanum tuberosum L.).
Doenças descritas Em 1906, Puttemans reportou sobre a doença de feijão causada pela Isariopsis griseola. Em 1911, ele descreveu sobre a doença inflorescência do Couve-flor. Espécies de Fungos Descritas (Ano da Descoberta):
As listas de fungos publicadas no Brasil por Arsênio Puttemans entre 1901 e 1906 foram as primeiras contribuições do gênero da Micologia no Brasil.[1] HomenagensAlguns tipos de fungos levam o nome de Arsênio Puttemans em sua homenagem, são eles: o Puttemansia Hennings, (descoberto em 1902),[8] o Leptosphaeria Puttemansii (descoberto em 1905),[9][1] o Aecidium Puttemansianum (descoberto em 1908),[1][10] o Puttemansiella Hennings (descoberto em 1908),[11] o Cercospora Puttemansii (descoberto em 1902),[1][12] o Puccinia Puttemansii (descoberto em 1902)[1][13] e o Uromyces Puttemansii (descoberto em 1916).[1][14] Após sua morte, a Rodriguésia (Revista do Instituto de Biologia Vegetal, Jardim Botânico e Estação Biológica do Itatiaia) publicou uma homenagem póstuma dizendo que:
Mais recentemente, em 2017, no Rio de Janeiro, o cônsul-geral da Bélgica Jean-Paul Charlier foi recebido pelo Secretário executivo da Prefeitura de Niterói, Axel Grael e pelo Guarda Civil Municipal Tiago Brava no Campo de São Bento, para planejar a realização de uma exposição em 2018, quando o parque completou 110 anos. O encontro ocorreu após Tiago realizar uma pesquisa e descobrir que o projeto de paisagismo do Campo de São Bento foi idealizado pelo belga Arsênio Puttemans, entre 1907 e 1910, tendo completado, na época, 110 anos.[6] A exposição de comemoração ocorreu entre os dias 20 e 23 de setembro de 2018, com uma programação cultural e gastronômica conectando a cultura belga com a brasileira.[15] Além de comemorar a data centenária, no evento o Campo de São Bento (atualmente conhecido como Parque Prefeito Ferraz) foi oficialmente reconhecido como patrimônio belga no exterior.[15] Referências
|