A Comissão Geográfica e Geológica (CGG) foi criada em 1886 pelo governo da Província de São Palo para desenvolver o conhecimento do território paulista. Atuou até 1931, tendo a finalidade de realizar estudos de solos, rios, fauna e flora.[1]
Histórico
Criação
A história da Comissão Geográfica e Geológica remete aos processos de transformação ocorridos no início do século XX no Estado de São Paulo. Principalmente aqueles relacionados às mudanças da paisagem natural decorrentes do processo de ocupação do território paulista e da apropriação econômica dos recursos naturais. A comissão foi patrocinada pela elite cafeeira, que via em seus trabalhos a possibilidade de aumentar a produção e, também, sua influência política.[2] Teve como inspiração o projeto da Comissão Geológica do Império do Brasil dirigida pelo geólogo e geógrafo Charles Frederick Hartt sendo a primeira comissão brasileira a realizar estudos dos recursos naturais financiada pelo governo brasileiro e com o apoio direto do imperadorD. Pedro II. Essa Comissão, apesar da sua curta duração (1875-1877), conseguiu reunir uma diversificada coleção de espécimes 5 de botânica, zoologia, geologia e etnográfica.[3]
O projeto de criação da CGG foi aprovado em 1886, sendo assinada tanto por representantes do Partido Conservador, quando do Partido Liberal, então capitaneado pelo Visconde do Pinhal, membro da elite agrária paulista, o qual apresentou o projeto de criação da comissão.[4]
Trabalhos
A CGG foi organizada e dirigida pelo geólogo americano Orville Derby (1886-1905), depois sucedido pelo engenheiro politécnico paulista João Pedro Cardoso (1905-1931).[5] Tinha como composição técnica inicial (1886) os seguintes colaboradores: Alberto Löfgren (ou Loefgren), Antonio A. Lallemant, Antonio Lacerda, Axel Frick, Eugenio Hussak, Francisco Paula de Oliveira, João Frederico Washington de Aguiar, Luis Gonzaga de Campos, Ricardo Krone e Theodoro Sampaio.[1]
A CGG realizou, em quantidade até então nunca realizada, diversos trabalhos, tais como: relatos, levantamentos cartográficos e estudos detalhados de geografia, geologia, climatologia, botânica, hidrografia e zoologia. O trabalho realizado serviu de base para a ocupação territorial das áreas até então consideradas “desconhecidas” no Estado. Entre as expedições realizadas, estão a que percorreu o rio Paranapanema, em 1886; os rios Paraná, Tietê, Feio ou Aguapeí e do Peixe, em 1905, e a expedição ao rio Grande e afluentes, em 1910.[6]
↑LUCIO, S. T. M. P. João Pedro Cardoso e a ação da Comissão Geográfica e Geológica na apropriação e produção do território paulista, 1905-1931. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. link.
↑LUCIO, SILVIA (2014). João Pedro de Cardoso e a Ação na Comissão Geográfica e Geológica. São Paulo: USP - ECA. 178 páginas|acessodata= requer |url= (ajuda)
FIGUEIRÔA, S.F.M. (coord.) Um Século de Pesquisas em Geociências. São Paulo: Instituto Geológico, 1985. 96p.
FIGUEIRÔA, S.F.M. 1987. Modernos Bandeirantes. 162f. Dissertação (Mestrado) FFLCH/ USP - Departamento de História, São Paulo.
FITTIPALDI, F.C.;SANTOS, A.P.; ARRUDA, G.; VIÉGAS, R.F. Edição digital dos relatórios de exploração e acervo histórico da Comissão geográfica e Geológica de São Paulo. In: Congresso Brasileiro de Geologia, 39. Anais...Salvador: SBG, 1996. v5. p.81-83.
GUILLAUMON, R.(Coord.) Pesquisando São Paulo: 110 anos de criação da Comissão Geográfica e Geológica. São Paulo: IG/SMA; Museu Paulista/USP; IF/SMA, 1996. 63p.
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IG/SP. Boletim da Commissão Geographica e Geologica (1889-1930). s.d. link.
SANTOS, A. P. 1992. Terrenos desconhecidos: solos histórico-gráficos sobre uma base documental. Dissertação (Mestrado). FCL/UNESP -Inédita.
MIURA, N. Há 132 anos nascia a Comissão Geográfica e Geológica. Sistema Ambiental Paulista, 27 mar. 2018. link.
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VIÉGAS, R. F. & FITTIPALDI, F. C. A Comissão Geográfica e Geológica: história, comunicação e informática. In: Arte e Ciência - Mito e Razão/ Elza Ajzenberg (org.). São Paulo: ECA/USP, 2001. p.354-362.