Arquidiocese de Cranganor
A Arquidiocese de Cranganor (Archidiœcesis Cranganorensis) foi uma arquidiocese situada em Cranganor, na Índia. Criada em 1599, com o nome de Arquidiocese de Angamalé, em 1600 mudou para o nome para Arquidiocese de Cranganor. Foi suprimida em 1838, sendo sua área jurisdicionada ao vicariato apostólico de Verapoly e seu título unido ao do Bispo de Damão, em 1886. Em 1928, passou a ser uma designação titular para o Patriarca das Índias Orientais. TerritórioA arquidiocese compreendia parte dos estados indianos de Malabar e de Kerala e tinha jurisdição sobre os cristãos de São Tomé (de rito caldeu) e os católicos de rito latino. A sé arquiepiscopal era a cidade de Cranganor, onde estava a catedral de São João Batista. HistóriaA Arquidiocese de Angamalé surgiu nos tempos antigos como a diocese da Igreja nestoriana. Desde tempos imemoriais, era costume que eles fossem os patriarcas de Mosul para enviar os bispos para a sede da sua igreja na Índia. O último bispo de que se sabe o nome é Mar Abraão, que morreu no início de 1597, de acordo com fontes em comunhão com a Igreja de Roma, enquanto as outras fontes, especialmente portuguesas, que dizem que ele morreu herege.[1] No final do século XV os portugueses desembarcaram na costa de Malabar e entraram em contato com os cristãos de São Tomé. Os primeiros contatos foram muito positivos, especialmente como os europeus eram vistos como libertadores dos árabes e do seu assédio; Também há falta de declarações da fé católica por parte dos cristãos nativos. Mas logo após a ereção da diocese de Goa (1537), ocorreram algumas rupturas, especialmente quando Goa começou a implementar uma política de submissão dos cristãos malabares para o Padroado Português e a romanização dos ritos e costumes.[2] Com a morte de Mar Abraão, o arcebispo de Goa Aleixo de Meneses foi encarregado pelo Papa Clemente VIII de converter à fé católica os cristãos nestorianos. Todas essas tentativas encontraram seu ponto culminante no sínodo de Diamper, celebrado em junho de 1599, que ratificou a política portuguesa.[3] Em 20 de dezembro de 1599 a arquidiocese de Angamale foi diminuída, com o breve de Clemente VIII, como simples sufragânea de Goa, e no ano seguinte, em 4 de agosto de 1600, foi submetida, com o breve In supremo militantis do mesmo papa, ao Padroado Português; em troca Lisboa deveria garantir ao arcebispo de Angamale uma renda anual de 500 cruzados.[4][5] Em 22 de dezembro de 1608 com a bula Romanus Pontifex do papa Paulo V a diocese foi elevada novamente ao posto de arquidiocese.[6] Em 22 de dezembro de 1610 o mesmo papa ratificou a transferência da sé de Angamale, situada entre as montanhas, para Cranganor, mais próxima do oceano Índico; nesta ocasião a posse portuguesa de Cranganor foi destacada da diocese de Cochim e anexo ao de Angamale. Nesse momento a arquidiocese assume o nome de Cranganor ou Angamale. Na morte de Mar Abraão, Aleixo de Meneses nomeou o jesuíta Francisco Ros administrador da arquidiocese: ele, por doze anos, tinha sido um conselheiro do Mar Abraão e superior do seminário de Vaipicota. Aleixo de Meneses insistiu que para a sé de Angamale fosse nomeado um latino. Assim, no consistório de 20 de dezembro de 1599, a Santa Sé congratulou-se com o caso, na condição de que a arquidiocese fosse reduzida para diocese; no mesmo consistório Francisco Rodríguez foi nomeado bispo de Angamale. Recebeu a consagração episcopal na Sé de Santa Catarina em 25 de janeiro de 1601.[7] Na segunda metade do século XVII a fortaleza de Cranganor foi conquistada pelos holandeses. A partir de agora, a arquidiocese não estava sob o controle direto político-militar português; todavia Lisboa fará sempre valer o seu direito de padroado até o final do século XIX. No início do século XVIII na cidade de Cranganor permaneceram poucos católicos e todas as igrejas foram destruídas, incluindo a catedral. Em 24 de abril de 1838, após vários anos de vacância, a Arquidiocese de Cranganor ou Angamale foi suprimida pelo breve Multa praeclare do Papa Gregório XVI e os seus territórios anexos aos do vicariato apostólico de Verapoly (hoje arquidiocese).[8][nota 1] A concordata de 21 de fevereiro de 1857 entre a Santa Sé e Portugal previa a restauração de Cranganor como simples diocese, sufragânea de Goa. Mas esse arranjo, muito favorável a Portugal, nunca foi, de fato, aplicado, especialmente desde que própria Roma denunciou-o primeiro.[9] Com a nova concordata estabelecida em 1886, na época do Papa Leão XIII[10], a Santa Sé renunciou definitivamente ao restabelecimento da sé de Cranganor; continuou a ser um título, a princípio prerrogativa dos bispos de Damão, e, em seguida, desde 1928, dos arcebispos de Goa e Damão.[11] PreladosRito oriental
Rito Latino
Bispos de DamãoArcebispos titulares
Referências
Notas
Ver tambémFontes
Ligações externas
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