Appendix Probi
O Appendix Probi ("Apêndice de Probo") é o nome convencional para uma série de cinco documentos que se acredita terem sido copiados no século VII ou VIII em Bobbio, Itália.[1] O seu nome deriva do fato de os documentos terem sido encontrados anexados a uma cópia do Instituta Artium, um tratado que recebeu o nome (mas provavelmente não foi escrito por) do gramático do primeiro século, Marco Valério Probo.[2] O Apêndice compila os erros mais frequentes na fala latina da época, opondo-os às formas corretas do latim clássico (embora, às vezes, o autor confunda-se e considere incorrecta a forma clássica). O texto foi encontrado num palimpsesto do século VIII[3] intitulado Instituta artium, também conhecido como Ars vaticana por ter sido encontrado na biblioteca do Vaticano. Foi especificamente o terceiro dos cinco documentos que atraiu a atenção acadêmica, pois contém uma lista de 227 erros de ortografia, juntamente com suas correções, que lançam luz sobre as mudanças fonológicas e gramaticais que o vernáculo local estava desenvolvendo nos estágios iniciais de seu desenvolvimento para linguas românicas, sobretudo a sua semalhança com o italiano. Portanto, é uma obra prescritivista. Para compreender que exista um texto como o Appendix Probi é preciso considerar que os romanos viviam em situação de diglossia: a língua do dia-a-dia não era o latim clássico (utilizado nos textos literários), senão uma forma distinta, ainda que próxima, chamada de sermo plebeius ("discurso plebeu"). O latim clássico era falado pelas classes sociais elevadas, enquanto que o sermo plebeius era a língua do povo comum, os comerciantes e os soldados. Sem possibilidade de aceder ao status de língua literária, o latim vulgar é por nós conhecido sobretudo graças aos estudos de fonética histórica, às citações e críticas pronunciadas pelos falantes do latim literário, assim como por meio de numerosas inscrições, registros, contos e outros textos correntes. De modo similar, o Satíricon de Petrônio, uma espécie de "romance" escrito provavelmente no primeiro século da era cristã, é um testemunho importante desta diglossia: segundo a sua categoria social, as personagens expressam-se numa língua mais ou menos próxima ao arquétipo clássico. O texto sobrevive apenas num manuscrito danificado por água, transcrito descuidadamente, do século VII ou VIII,[4] que se encontra na Biblioteca Nazionale Vittorio Emanuele III[5] como MS Lat. 1 (anteriormente Vindobonensis 17). Fenômenos visíveis nos erros ortográficosObserve que o formato é "[grafia correta] non [grafia incorreta]".[6] As abreviações dos escribas foram expandidas.
Desenvolvimento de aproximante palatal a partir de vogais anteriores em hiato
Mudança de /ŭ/ para [o]Redução do pretônico /au̯/ a [o]
Perda do /m/ finalPerda de /h/Redução de /-ns-/ para /-s-/Perda do /β/ intervocálico antes de uma vogal posteriorConfusão de /b/ e /β/Confusão entre não-geminados e geminadosEliminação de substantivos imparissilábicosAdaptação de adjetivos de 3ª declinação para 1ª classeAdaptação de substantivos de 4ª declinação femininos a 1ª declAdaptação da 3ª/4ª decl. femininas a 1ª decl. via sufixo diminutivoAdaptação do plural neutro à primeira declinaçãoEliminação do ablativoAlteração de nominativo -es (na terceira declinação) para -isRedução das terminações -es e -is para -sPerda da flexão masculina -usMetátese, assimilação, dissimilação, etc
Ver tambémReferênciasFontes
Ligações externas
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