Angu Nota: Não confundir com Polenta.
Angu é um prato típico da culinária brasileira, preparado com fubá, água e um pouco de sal, normalmente levando alho frito no azeite como tempero. Nas regiões em que houve influência de imigrantes italianos, o angu passou a ser identificado como a polenta, prato típico italiano. Além da receita utilizando farinha de milho, o angu também pode ser preparado com farinha de mandioca ou com farinha de arroz.[1] EtimologiaO nome "angu" vem da palavra àgun do idioma africano fom da África Ocidental,[2] onde a palavra se referia a uma papa de inhame sem tempero. A palavra também pode provir do iorubá a'ngu.[3] Vale observar, entretanto, que, a partir de 1498, os portugueses começaram a propagar o milho pela costa africana, começando na bacia do Congo. A palavra "angu" passou a ser usada no Brasil para papas feitas com farinha de mandioca ou de milho, as quais eram acompanhadas por miúdos de carne de vaca ou de porco. Com o tempo, a palavra "angu" passou a ser usada apenas para as papas feitas com fubá, enquanto as papas feitas de farinha de mandioca passaram a ser chamadas de pirão. HistóriaNa primeira metade do século XIX, o artista e cronista Jean-Baptiste Debret, em Voyage pittoresque et historique au Brésil, descreve a venda do angu de farinha de mandioca:
Esse angu, relatado por Debret, era uma comida de escravos, cujos trabalhos e maus-tratos que sofreram foram registrados nas aquarelas do pintor. Saint-Hilaire também descreve esse angu (1816), em Minas Gerais, como uma "espécie de polenta grosseira" que era o principal alimento dos escravos.[4] A venda do angu pode se mostrar de importância ao se saber que o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, em 10 de julho de 1835, estampava o seguinte anúncio: "Participa-se aos que vendem angu, que na rua dos Ourives n. 137, se acha a venda azeite de dendê fresco, em barris, a 1$200 cada medida". Em Minas Gerais e Rio de Janeiro, o angu preparado apenas com o fubá de milho e água, sem a adição de sal, e com consistência mais firme, é conhecido como "angu mineiro". Quando preparado de forma mais cremosa, para ser misturado com miúdos de vaca e porcos na hora de consumo, é conhecido como "angu à baiana". O preparo dos miúdos de vaca e de porco é bem semelhante ao do sarapatel. Em Pernambuco, a iguaria inspirou uma festa de Momo: o Carnaval de Bezerros. No século XIX, surgiu uma brincadeira de familiares dos senhores de engenhos, que saiam mascarados e mal vestidos para visitar amigos nas festas de entrudo, e comiam angu. As crianças passaram então a chamar os mascarados de "papa-angu".[5] Na cidade do Rio de Janeiro, continuando a tradição das vendedoras de angu do século XIX, ficou famoso, entre as décadas de 1960 e 1980, o Angu do Gomes, uma rede de carrocinhas ambulantes pertencentes ao português conhecido como "velho Gomes"[6] que vendia apenas o "angu à baiana". Com preços populares, a rede fazia sucesso nas noites e madrugadas da cidade. Havia carrocinhas na Praça XV de Novembro junto à Estação das Barcas, no Centro; na praça do Lido, no bairro de Copacabana; e em frente ao estádio do Maracanã nos dias de jogo de futebol. A partir de 1977, a tradição do "angu do Gomes" foi continuada pelo filho do velho Gomes, João Gomes, que inaugurou um restaurante no bairro da Saúde, intitulado Angu do Gomes,[7] com cardápio baseado na receita do famoso angu.[8] Na Bahia, faz-se outro tipo de angu. Em São Tomé e Príncipe, na costa da África, faz-se o angu de banana. Levado para a Europa pelos conquistadores da América, o milho acabou se incorporando a diversas culinárias da Europa, principalmente no norte da Itália, onde a polenta não pode faltar em nenhuma mesa. A imigração italiana trouxe, para o Brasil, a polenta, o fubá cozido na versão mais consistente do que o angu, que pode ser grelhado ou frito em pedaços. Ver tambémBibliografia
Referências
|