André da Grécia e Dinamarca
André (Atenas, 2 de fevereiro de 1882 – Monte Carlo, 3 de dezembro de 1944) foi o sétimo filho, o quarto menino, do rei Jorge I da Grécia e sua esposa a grã-duquesa Olga Constantinovna da Rússia, sendo o pai do príncipe Filipe, Duque de Edimburgo e avô paterno de Carlos III do Reino Unido. Iniciou a sua carreira militar cedo e foi nomeado oficial do exército grego. As suas posições de comando eram nomeações reais e não honorários e ele prestou serviço durante as Guerras dos Balcãs. Em 1913, o seu pai foi assassinado e o irmão mais velho de André, Constantino, tornou-se rei. Insatisfação com a política de neutralidade do irmão durante a Primeira Guerra Mundial, levou à sua abdicação e ao exílio de grande parte da família real, incluindo André. No seu regresso alguns anos mais tarde, o Príncipe prestou serviço na Guerra Greco-Turca de 1920 - 1921, que acabou mal para a Grécia. André acabou sendo culpado pela perda de parte do território grego, tendo de se exilar novamente em 1922. Passou grande parte de sua vida na França. Em 1930, ele encontrava-se afastado da sua mulher, a princesa Alice de Battenberg. O seu filho, o príncipe Filipe, serviu na marinha britânica durante a Segunda Guerra Mundial, enquanto as suas filhas eram casadas com nobres alemães, três deles com ligações aos nazis. Separado da mulher e dos filhos devido à guerra, André veio a morrer em Monte Carlo em 1944. Não os via desde 1939. Infância e juventudeNascido em Atenas,[1] o príncipe André aprendeu inglês com seus tutores à medida que crescia, mas só falava grego com seus pais, língua que tinha mais facilidade de falar do que seus irmãos.[2] Falava também alemão, dinamarquês, russo e francês.[3] Andou na escola de cadetes e na faculdade militar em Atenas[4] e, apesar das suas dificuldades visuais, juntou-se ao exército.[5] Primeiros anos de carreiraEm 1909, a situação política na Grécia levou a um golpe de estado, uma vez que o governo de Atenas se recusava a apoiar o parlamento de Creta que tinha pedido a união com a Grécia (na altura a ilha ainda pertencia ao Império Otomano). Um grupo de oficiais insatisfeitos formaram uma Liga Militar nacionalista que eventualmente levou o Príncipe André a despedir-se do exército e a subida ao poder de Eleftherios Venizelos.[6] Alguns anos mais tarde, com o rebentar das Guerras dos Balcãs, André foi readmitido novamente como tenente coronel no terceiro regimento de cavalaria[7] e colocado no comando dos hospitais de campo.[8] Durante a guerra, o seu pai foi assassinado e André herdou uma vila na ilha de Corfu chamada de Mon Repos. Em 1914, André (como muitos outros príncipes europeus) detinha posições militares honorárias no exercito russo e no alemão, bem como no prussiano, dinamarquês e italiano.[9] Durante a Primeira Guerra Mundial ele continuou a visitar Berlim, apesar das acusações abafadas no parlamento europeu de que ele era um agente alemão.[10] O seu irmão, o rei Constantino, enveredou uma política de neutralidade, mas o governo eleito de Venizelos apoiava os Aliados. Em junho de 1917, as políticas neutrais do rei forçaram a família ao exílio. Durante os anos que se seguiram, grande parte da família real grega viveu na Suíça.[11] Anos no exílioDurante três anos, o segundo filho de Constantino, Alexandre, foi rei da Grécia até à sua morte prematura derivada de uma dentada de macaco.[12] Constantino foi restaurado ao trono e André novamente aceito no exército, desta vez como General-Major.[13] A família passou a viver em Mon Repos. André recebeu comando do Segundo Exército durante a Batalha de Sakarya, que efectivamente marcou a derrota da Grécia na Guerra Greco-Turca de 1919-1922. A 19 de setembro de 1921, André recebeu ordens para atacar as posições turcas, o que ele considerou um movimento desesperado e pouco distante do “pânico mal escondido”.[14] Recusando-se a colocar os seus homens em perigo, André seguiu o seu próprio plano de batalha, desagradando o comandante geral Anastasios Papoulas.[15] Retirado das suas funções como chefe e recebendo um traje de Papoulas, André ofereceu-se para se demitir do seu comando, mas Papoulas recusou. Os turcos invadiram e atacaram as tropas gregas do príncipe e elas foram obrigadas a bater em retirada. André foi então transferido para o Conselho Militar Supremo e depois nomeado comandante do Quinto Exército. Papoulas foi substituído pelo general Georgios Hatzianestis.[16] A insatisfação com o processo da guerra levou a outro golpe de estado em 1922 durante o qual André foi preso, julgado e considerado culpado por “desobedecer a uma ordem” e “agir por iniciativa própria” durante a batalha do ano anterior. Muitas das testemunhas a favor nos julgamentos de traição foram fuziladas, incluindo Hatzianestis e cinco polícias experientes.[17] Os diplomatas britânicos assumiram que André poderia estar em perigo mortal. Apesar de poupado, o príncipe foi condenado ao banimento e saiu da Grécia na companhia da esposa e filhos a bordo do navio britânico HMS Calypso.[18] A família passou então a viver numa pequena casa que lhes foi emprestada pela cunhada abastada de André, a princesa Marie Bonaparte[19], em Saint-Cloud nos arredores de Paris. Em 1930, André publicou um livro intitulado “A Caminho do Desastre: O Exercito Grego na Ásia Menor em 1921", no qual defendeu as suas acções durante a Batalha de Sakarya, mas essencialmente viveu uma vida de isolação forçada apesar de estar apenas nos seus 40 anos.[20] Durante o tempo de exílio, a família tornou-se cada vez mais dispersa. Alice sofreu um esgotamento nervoso e foi internada na Suíça. As suas filhas mudaram-se para a Alemanha após os seus casamentos, separadas de André, e Filipe foi enviado para uma escola no Reino Unido onde era criado pelos parentes maternos. André foi viver para o Sul de França.[21] Na Riviera Francesa, André viveu num pequeno apartamento, em quartos de hotel e a bordo de um Iate com a sua amiga, a Condessa Andrée de La Bigne.[22] O seu casamento com Alice encontrava-se efectivamente acabado e após a cura e recuperação, ela voltou para a Grécia. Em 1936, a sentença de exílio dele foi terminada devido a leis de emergência que também restauraram terra e direitos ao Rei.[23] André regressou à Grécia para uma breve visita nesse Maio.[24] No ano seguinte, a sua filha Cecília, o marido dela e os filhos morreram num acidente aéreo em Ostend, na Bélgica. Ele viu a sua esposa Alice pela primeira vez em seis anos no funeral de sua filha em Hesse.[25] No inicio da Segunda Guerra Mundial, André viu-se preso na França enquanto que o seu filho Filipe lutava pelo lado britânico. Eles não podiam ver-se ou sequer manter correspondência. Dois dos genros de André lutaram pelo lado alemão: o príncipe Cristóvão de Hesse era um membro do NSDAP e das SS, e Bertoldo de Baden, ficou invalidado do exército alemão em 1940 após um ferimento grave na França.[26] Durante cinco anos, André não viu nem a sua esposa nem o seu filho. Viria a morrer, em 3 de dezembro de 1944, perto do final da guerra, no Hotel Metropolitano em Monte Carlo, Mónaco de paragem cardíaca e esclerose das artérias. André foi enterrado primeiro na Igreja Ortodoxa Russa de Nice, mas em 1946 os seus restos mortais foram transferidos num navio grego para o cemitério real do Palácio de Tatoi, perto de Atenas.[27] Honras
Casamento e descendênciaEm 1902, o príncipe André conheceu a princesa Alice de Battenberg na coroação do seu tio Eduardo VII em Londres. A princesa Alice era a filha do príncipe Louis de Battenberg e da princesa Vitória de Hesse e do Reno. Eles apaixonaram-se e no ano seguinte, a 6 de outubro de 1903, casaram-se pelo civil em Darmstadt.[32] No dia seguinte voltaram a casar em duas cerimónias, uma luterana e uma ortodoxa.[33]
AncestraisReferências
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