Abhisamayalamkara
O Abhisamayalamkara ("Ornamento das Claras Realizações") é um dos cinco textos de filosofia budista que Maitreya teria revelado à Asanga (noroeste da Índia, século IV). Uma vez que a tradição considera Maitreya ou como um Buda ou como um bodisatva (este ponto é um tanto controverso, apesar de que ambas as possibilidades teriam autoridade espiritual), alguns eruditos - Erich Frauwallner, Giuseppe Tucci, Hakiju Ui - referem-se ao autor dos textos como Maitreyanatha ("Senhor Maitreya") da maneira à distinguí-lo da figura devocional, evitando assim ou afirmar a alegação de revelação sobrenatural ou identificar o próprio Asanga como autor. (Talvez "Maitreya" fosse o nome do professor humano de Asanga.) Introdução geralVale à pena notar que este texto nunca é sequer mencionado pelo tradutor Xuanzang, que passou muitos anos na universidade de Nalanda, na Índia, durante o início do século VII. Xuanzang se tornara douto na tradição de Asanga, mais tarde traduzindo um grande número de comentários dele, além de textos sobre Abhidharma e sutras Maaiana para o chinês. Uma questão crucial é, se o Abhisamayalamkara é de fato um trabalho de Maitreya e/ou Asanga, ou mesmo surge nessa época na Índia, por quê não é no mínimo mencionado por Xuanzang? Uma possível resposta seria o fato de que o texto na realidade foi escrito mais tarde, e foi atribuído à Maitreya/Asanga por motivos de legitimidade. O texto contém nove capítulos e 273 versos. Seus conteúdos centrais sumarizam - por meio de oito categorias e setenta tópicos - a literatura prajnaparamita (Perfeição da Sabedoria). Edward Conze admite que a correspondência entre os tópicos enumerados e o conteúdo dos sutras prajnaparamita "nem sempre é fácil de se ver…";[1] e que o ajuste é feito "não sem alguma violência" para com o texto original.[2] Geshe Georges Dreyfus explica que o Abhisamayalamkara refletiria o "aspecto velado" dos sutras prajnaparamita.[3] Um efeito notável é a releitura do prajnaparamita como uma literatura soteriológica. O Abhisamayalamkara é estudado por todas as escolas do budismo tibetano, e é um dos cinco principais trabalhos estudados no currículo de Geshe dos principais monastérios Gelugpa. É provavelmente a fonte mais influente e mais extensa sobre certas doutrinas como por exemplo os Dez Estágios do caminho do bodhisatva (bhumi), os Cinco Caminhos e os quatro Corpos de Buda. Alexander Berzin sugeriu que sua proeminência na tradição tibetana, não encontrada em outras tradições, se deve ao fato da existência de um comentário deste escrito por Haribhadra (Senge Zangpo), que era discípulo de Shantarakshita.[4] Os escritos de Tsongkhapa nomeiam o Abhisamayalamkara como o texto-raiz da tradição do lamrim fundada por Atisha. Dreyfus relata que
Dreyfus diz ainda que as escolas não-Gelug colocam menos ênfase ao Abhisamayalamkara, porém estudam-no juntamente com outros textos igualmente densos. Título da obraO título completo do texto é:
Que significa:
Logo, temos um "Tratado de instruções sobre a perfeição da sabedoria chamado: Ornamento das claras realizações." Perspectiva filosóficaAsanga é mais conhecido por seus escritos sobre Yogācāra. The Abhisamayalamkara entretanto não é tido como sendo seu trabalho, mas sim de Maitreya, o qual diz-se ter interpretado o texto de um ponto de vista Madhyamaka (apesar de os vários outros tratados de Maitreya – todos revelados à Asanga—apelam especialmente àqueles com tendências Yogācāra ou Tathagatagarbha). Algumas fontes tibetanas afirmam que Asanga escreveu um comentário próprio, chamado Definição completa do [prajnaparamita de] vinte mil [versos] (nyi khri de nyid rnam nges). Se este trabalho alguma vez sequer existiu (a única evidência vem de um comentário "criptográfico" por Haribhadra nos versos de elogio, no início de seu Grande Comentário), ele se perdeu por completo. Autores Gelug, seguindo Buton Rimpoche (Bu ston), especificam que o texto de Maitreya ensina algo chamado "Yogācāra Svatantrika Madhyamaka."[6] Tal categoria é geralmente criticada como sendo artificial, mesmo para os padrões tibetanos de doxografia. Autores Nyingma e Sakya concordam que o Abhisamayalamkara contem ensinamentos Madhyamaka, sem endorsarem as subdivisões propostas pelos Gelugpas. Conze observa que "em sua posição doutrinária, o livro mostra algumas afinidades com outros trabalhos Yogacarin…" [7] EmIn an aside, Ian Charles Harris finds it "curious" that
Harris vai além notando o "estranho fato" de que Tsongkhapa seria um Prasangika auto-aprovado, apesar de seu sistema designar "todos as grandes autoridades Madhyamaka sobre o Prajñāpāramitā" como sendo Yogācāra Svātantrika Madhyamaka.[9] Referências
Ligações externasBerzin, Alexander. "The Five Pathway Minds (The Five Paths): Basic Presentation" Feb. 2002, revised April 2006. Berzin, Alexander. "The Five Pathway Minds (The Five Paths): Advanced Presentation." March 2004, revised April 2006. Berzin, Alexander. "Overview of the Eight Sets of Realizations in Abhisamayamankara". Feb. 2002, revised July 2006. Shenga, Khenchen. "Prologue to the Abhisamayalankara." Tsöndrü, Khenpo. "The Seventy Points: The Words of Jikmé Chökyi Wangpo: A Commentary Presenting the Subject Matter of the Great Treatise, the Abhisamayalankara." Tsulga, Geshe. Oral Commentaries on the Ornament of Clear Realizations and its Seventy Topics, given to the Kurukulla Center. (Scroll about halfway down the page for audio files.) |