Zilda Pereira foi uma pintora e música brasileira, nascida em Itu. Considerada uma "exímia pianista e pintora", foi estudante de Emile Rouéde.[1] Teve destaque na cena artística e intelectual em Santos e Piracicaba,[2][3] e possui uma série de obras no Museu Paulista.
Biografia
Filha do Comendador Virgílio Pereira e de Maria Leopoldina Carneira Pereira[4], Zilda Pereira nasceu em 15 de outubro[5] de meados do final do século XIX[6], ao passo que encontrava-se em plena atividade artística em 1902[6].
Em uma publicação sobre a sociedade santista da primeira quinzena do século XX, A Fita, há uma descrição de Pereira[7]:
"Mademoiselle Zilda Pereira - Trajando de merinó róseo, uma toalete leve, suave no tom, própria destes dias de Primavera. Blouse aberta de gola ampla e o peito em valenciennes brancas de artísticos desenhos; brodés a soutache branco. A cabeça, emoldurada por uma cabeleira onixada e bipartida ao lado, vistoso chapéu róseo, à Napoleon, ornado de fita branca e grande pluma também alva, a oscilar no brando favônio."
Considerada uma exímia pianista e pintora, Zilda Pereira foi estudante de Émile Rouède[8] e participou do Grupo Mozart[9], regido por Adolfo von Sidow. Além disso, foi professora do Liceu Feminino Santista[10], instituição fundada por Eunice Peregrina Caldas, em 1902, que formava mulheres para o magistério[11]. Como professora, ensinou não apenas pintura, mas também artes decorativas, como mostra uma exposição feita por suas alunas em 1914[12]. A pintora destacou-se na cena artística e intelectual santista[13] e, apesar de pouco estudada, recebeu notoriedade por suas obras com temática das bandeiras e monções, que foram baseadas em desenhos de Hercule Florence e encomendadas pelo Museu Paulista[14].
Na publicação do dia 15 de junho de 1972 do jornal A Tribuna, edição de Santos, Daniel Bicudo comenta sobre o falecimento de Zilda Pereira. De acordo com ele, a artista havia falecido “há poucos anos” em Piracicaba[15]. Ademais, o mesmo periódico informa, em 14 de janeiro de 1965, sobre a doação de 230 volumes de “arte em geral” para a biblioteca do Instituto Histórico e Geográfico de Santos por parte dos herdeiros de Zilda Pereira[16]. Com base nessas informações e, em face dos poucos estudos, é possível ter uma noção aproximada do falecimento dela no início da década de 1960.
As obras de Zilda Pereira no acervo do Museu Paulista
Para o Museu Paulista, Zilda Pereira realizou encomendas a pedido do então diretor da instituição, Afonso d’Escragnolle Taunay, em função das comemorações do cinquentenário de fundação do Museu. Dentre as telas de sua autoria, algumas retratam a temática das monções, viagens comerciais fluviais que ligavam Porto Feliz (São Paulo) a Cuiabá (Mato Grosso)[17].
Como base para essas pinturas foram utilizados desenhos de Hercule Florence, que além de naturalista, inventor e fazendeiro, foi desenhista da expedição científica russa comandada pelo cônsul-barão Georg Heirich von Langsdorff e patrocinada pelo Czar Alexandre I[17]. Curiosamente, como afirma Rodolfo Jacob Hessel, a presença da temática das monções em obras do Museu Paulista, realizadas a partir dos registros de Florence feitos entre 1822 e 1829 – quando a prática monçoeira encontrava-se em franca decadência –, representou um esforço narrativo de Taunay em exaltar o potencial paulista no contexto nacional[17].
Foram inspirados nos trabalhos de Florence os seguintes quadros de Pereira: Pirapora de Curuçá, 1826 (hoje Tietê); Pouso de monção à margem do Tietê, 1826; Rancho de tropeiros – São Félix, 1836; Vista de Camapuã, 1826; e Desencalhe de canoa, 1826.
Lista de pinturas
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Referências
- ↑ «Novo Milênio: Santos - fotos antigas - "Quem era quem" na Santos de 1902 - C». www.novomilenio.inf.br. Consultado em 1 de fevereiro de 2019
- ↑ Miyoshi, Alexander Gaiotto (2010). «Museologia em São Paulo: museus e espaços da arte entre os séculos XIX e XX» (PDF). Consultado em 1 de fevereiro de 2019
- ↑ «Piracicaba, a Florença brasileira» (PDF). Consultado em 1 de fevereiro de 2019
- ↑ “A FITA” de crépe. A Fita, Santos, ano 2, n. 10, 1912. p. 25. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/036180/25. Acesso em: 19 set. 2020.
- ↑ INTERIOR: Santos. Correio Paulistano, São Paulo, n. 18.769, 15 out. 1915. p. 5. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/090972_06/37374. Acesso em: 19 set. 2020.
- ↑ a b RODRIGUES, Olao. Nos tempos de nossos avós: efemérides e eventos. A Tribuna, Santos, ano 79, n. 346, 10 mar. 1974. p. 21. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/153931_02/56436. Acesso em: 18 set. 2020.
- ↑ GOERZ-ANSCHUTZ. Saguão d’A Fita: focalizando. A Fita, São Paulo, ano 1, n. 4, 12 jun. 1911. p. 4. Disponível em: http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0318l2b.htm. Acesso em: 18 set. 2020.
- ↑ PEIXOTO, Julio. Ilza. Revista da Semana, Rio de Janeiro, ano 3, n. especial, 23 jan. 1902. p. 23. Disponível em: http://www.novomilenio.inf.br/santos/fotos282c.htm. Acesso em: 18 set. 2020.
- ↑ RODRIGUES, Olao. Nos tempos de nossos avós: efemérides e eventos. A Tribuna, Santos, ano 81, n. 330, 23 fev. 1975. p. 24. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/153931_02/69164. Acesso em: 18 set. 2020.
- ↑ NOTICIANDO…: 70º ano do Liceu. A Tribuna, Santos, ano 78, n. 134, 07 ago. 1972. p. 5. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/153931_02/29674. Acesso em: 18 set. 2020.
- ↑ PEREIRA, Maria Apparecida Franco. Escolas maternais em Santos (1902-1930): contribuição para a história da infância e da formação de professoras. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: CIRCUITOS E FRONTEIRAS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL, 7., 2013, Cuiabá. Anais [...]. [S. l.]: Sociedade Brasileira de História da Educação, 2013. s/p. Disponível em: http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7/pdf/04-%20HISTORIA%20DA%20EDUCACAO%20DAS%20CRIANCAS-%20JOVENS%20E%20ADULTOS%20NO%20BRASIL/ESCOLAS%20MATERNAIS%20EM%20SANTOS.pdf. Acesso em: 18 set. 2020.
- ↑ FILMS D’Art. A Fita, Santos, ano 4, n. 66, 23 jul. 1914. p. 20. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/036180/1866 . Acesso em: 19 set. 2020.
- ↑ MIYOSHI, Alexander Gaiotto. Museologia em São Paulo: museus e espaços da arte entre os séculos XIX e XX. 2010. Projeto de Pós-Doutoramento em Artes Visuais – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. Disponível em: http://www3.eca.usp.br/sites/default/files/webform/projetos/pos-doc/AGM.pdf. Acesso em: 18 set. 2020.
- ↑ PARDIM, Sonia Leni Chamon. Imagens de um rio: um olhar sobre a iconografia do rio Tietê. 2005. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/284780. Acesso em: 04 ago. 2018.
- ↑ BICUDO, Daniel. Miçanga. A Tribuna, Santos, ano 78, n. 81, 15 jun. 1972. p. 4. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/153931_02/27878. Acesso em: 19 set. 2020.
- ↑ SEDE reformada do IHGS deverá ser inaugurada dia 28. A Tribuna, Santos, ano 71, n. 246, 14 jan. 1965. p. 26. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/153931_01/48096. Acesso em: 18 set. 2020.
- ↑ a b c BORREGO, Maria Aparecida de Menezes. Perspetivas sobre a representação das monções no Museu Paulista e no Museu Republicano de Itu. Midas, [s. l.], v. 77, n. 10, 31 maio 2019. p. 1-21. Disponível em: https://journals.openedition.org/midas/1784. Acesso em: 10 out. 2020.
- ↑ «Fazenda do Major Diogo em Batatais». Google Arts & Culture
- ↑ «Desencalhe de canoa, 1826». Google Arts & Culture
- ↑ «Jundiaí , 1860». Google Arts & Culture
- ↑ «Pouso de Monção a Margem do Tietê, 1826». Google Arts & Culture
- ↑ «Vista de Piracicaba, 1860». Google Arts & Culture
- ↑ «Pirapora do Curuçá, 1826 (hoje Tietê)». Google Arts & Culture
- ↑ «Vista de Aparecida, 1836». Google Arts & Culture
- ↑ «Rancho de Tropeiros - São Félix, 1836». Google Arts & Culture
- ↑ «Vista de Camapua, 1826». Google Arts & Culture
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