Os retratos midiáticos dos asiáticos orientais refletem uma percepção americêntrica dominante, em vez de representações realistas e autênticas de culturas, costumes e comportamentos verdadeiros. A yellowface se baseia em estereótipos,[2] e o fenômeno representa anos de dinâmicas de poder desigual em espaços como a atuação, onde a etnia historicamente dominante impôs regras que mantêm as minorias étnicas excluídas.[3]
Teatro
A yellowface no teatro tem sido chamada de "a prática de atores brancos vestindo maquiagens exageradas e fantasias que servem como uma representação caricata de trajes tradicionais da Ásia."[4][5] Fundada em 2011, uma organização conhecida como The Asian American Performers Action Coalition "esforça-se para expandir a percepção de artistas asiáticos americanos a fim de aumentar seu acesso e representação nos palcos de Nova York." Este grupo trabalha para abordar e discutir controvérsias e ocorrências da yellowface.[6]
Televisão
David Carradine interpleta Kwai Chang Caine em Kung Fu. (1931)
Myrna Loy como Fah Lo See em The Mask of Fu Manchu' (1932)
Um exemplo proeminente é a série de televisão dos anos 1970, Kung Fu, na qual o protagonista - um monge sino-americano e mestre de artes marciais que fugiu da China depois de ter matado acidentalmente o sobrinho do imperador - é retratado pelo ator branco americano David Carradine. O filme Dragão - A História de Bruce Lee descreve até certo ponto quando os magnatas de Hollywood tentaram escalar Bruce Lee no papel principal de Caine, mas foram anulados. De acordo com a viúva de Lee, Linda Cadwell, Lee criou um projeto chamado The Warrior e apresentou a Warner Bros. e Paramount,[7] a Warner Bros., dona da série Kung Fu, nega que tenha copiado a ideia de Lee e que tinha um projeto semelhante criado por Ed Spielman e Howard Friedlander.[8]
Nos Países Baixos, o programa de TV Ushi & Van Dijk mostra Wendy van Dijk, uma atriz que interpreta uma jornalista japonesa chamada Ushi Hirosaki, que entrevista celebridades famosas em inglês com um "sotaque" carregado japonês. Como seu vocabulário é limitado, muitas vezes ela não entende as afirmações e as perguntas feitas por Ushi passam a ter duplo sentido, criando situações engraçadas. Apesar de criticada, a personagem fez sucesso na Europa entre 1999 e 2013.[carece de fontes?]
Em 1967, a telenovela Yoshico, um Poema de Amor, da TV Tupi, foi pioneira ao colocar uma oriental, Rosa Miyake, como protagonista.[10] Porém, Rosa foi a única oriental no elenco e todos os demais personagens japoneses da história, que se passava no Japão, foram interpretados por atores brancos.[11]
Em 1967 a telenovela A Sombra de Rebecca, da Rede Globo, se passava no Japão, porém todos os personagens japoneses foram interpretados por brancos, incluindo a protagonista de Yoná Magalhães.[12]
Em 2013 Manoelita Lustosa originalmente interpretava uma japonesa em Dona Xepa, da RecordTV, porém após críticas, o autor mudou a história para que a própria personagem explicasse que não tinha ascendência e utilizava uma falsa história apenas para vender comida típica.[13]
Em 2016 a Sol Nascente, da Rede Globo, da Rede Globo, colocou Giovanna Antonelli e Luís Melo para interpretarem japoneses.[15] Giovanna, inclusive, ficou com a protagonista que originalmente o autor escreveu para Danni Suzuki, a qual foi vetada de interpreta-lo pela direção e substituída por uma atriz branca.[16] Tal decisão, em tempos modernos onde a discussão sobre yellowface já era bastante disseminada, levou a emissora a receber uma enxurrada de críticas inclusive de atores orientais como Carlos Takeshi.[17]
Michael Derrick Hudson, um poeta norte-americano, usou o pseudônimo de uma mulher chinesa.[19] A revista Glamour tirou fora do ar uma postagem acusada de Yellowface.[20]
História
As performances de yellowface ocorriam nos Estados Unidos há mais de 200 anos. A primeira produção desse tipo, O Orfão da China, de Voltaire, foi inaugurada em 1767, e outras logo se seguiram. Nessas primeiras produções, atores brancos, a maioria dos quais nunca tinha visto uma pessoa asiática, se apresentaram em um rosto amarelo para plateias que também nunca haviam visto um verdadeiro asiático ao vivo. Como o professor de cinema e teatro James May observou, “A noção de chineses... tornou-se familiar para o espectador americano muito antes dos avistamentos dos chineses.” [21]
Na década de 1950, o termo “yellowface” entrou em circulação. Embora a maquiagem tenha sido empregada com muito menos frequência até então, as pessoas estavam percebendo que, apesar de um número cada vez maior de asiáticos no entretenimento, os papéis principais da Ásia foram para artistas não asiáticos.[22]
Livros contemporâneos sobre maquiagem para teatro e cinema não constam mais as técnicas de blackface, porém muitos descrevem o processo de yellowface em grande detalhe. Em 1995, o livro The Complete Make-up Artist, de Penny Delamar, teve duas listagens sob a categoria “Aparências étnicas” - "Caucasiano para oriental" e “Caucasiano para Indiano”, ilustradas com fotos muito antes e depois de uma jovem loira mulher produzida para se parecer com Fu Manchu.