Vasgeno
Vasgeno (em latim: Vasgenus; em armênio: Վազգեն; romaniz.: Vazgen) foi um vitaxa (vice-rei) de Gogarena da família mirrânida de 470 a 482, ativo durante o reinado do xainxá Perozes I (r. 459–484). Era filho e sucessor de Axuxa II. Após a morte de seu pai, Foi para a capital sassânida de Ctesifonte e foi recebido por Perozes I, convertendo-se à antiga religião da família, o zoroastrismo. Como recompensa por sua conversão, recebeu o vice-reinado da Albânia e uma filha de Perozes em casamento. Adotando sua posição pró-iraniana, tentou forçar sua família a se converter ao zoroastrismo, incluindo sua primeira esposa Susana, o que eventualmente resultou em seu martírio, morrendo pela violência infligida por seu marido. Suas políticas eram inaceitáveis para o rei ibérico Vactangue I (r. 447–522), que o matou e então se revoltou contra o Império Sassânida em 482. Vasgeno foi sucedido por Axuxa III. VidaVasgeno (Vasgenus)[1] é a forma latina do armênio Vasguém (Վազգեն, Vazgen), que é um nome originado no iraniano antigo *Vazacaina (*Vāz(a)-kaina-; ligado ao sânscrito vā́ja-, "força, vigor", e vājín-, "forte, heroi").[2] Em sua forma armênia, foi acoplada a partícula -ēn (-են).[3] BiografiaVasgeno era filho de Axuxa II, o vitaxa de Gogarena, uma área histórica no Cáucaso, que originalmente fazia parte do Reino da Armênia, mas caiu sob a autoridade dos reis ibéricos depois que os sassânidas e romanos dividiram a Armênia com a Paz de Acilisena de 387.[4] Não muito antes, o Reino da Ibéria caiu sob a autoridade dos sassânidas, que sob Sapor II (r. 309–379) instalaram Aspacures II no trono em 363.[5][6] A família de Vasgeno — os mirrânidas — se estabeleceram sob Perozes como os vitaxas de Gogarena em ca. 330, suplantando os vitaxas guxáridas anteriores.[7][8] Embora a família alegasse descendência dos governantes persas sassânidas do Irã, eram na realidade um ramo da Casa de Mirranes, uma das sete grandes casas do Irã.[9] Sob Perozes, a família abandonou suas crenças zoroastristas em favor do cristianismo.[10] Os mirrânidas de Gogarena desfrutavam de relações estreitas com os reis ibéricos (também de ascendência mirrânida), com quem se casaram.[11] A mãe de Vasgeno era Anuxeverã Arzerúnio, uma nobre armênia da família Arzerúnio, que era cunhada do líder militar armênio Maictes Mamicônio, ele próprio irmão do rebelde e mártir Vardanes II.[12][13] O pai de Vasgeno, Axuxa II, era refém da corte sassânida em Ctesifonte, e não pôde participar da rebelião armênia cristã (450–451), liderada por Vardanes contra o xainxá Isdigerdes II (r. 438–457). Após a derrota dos rebeldes armênios na Batalha de Avarair de 26 de maio de 451, Maictes foi morto em Taique. Os filhos de Maictes, Vaanes I, Vasaces, Bardas e Artaxias, foram feitos reféns e enviados para Ctesifonte, onde encontraram Axuxa II.[12][13] Axuxa mais tarde conseguiu comprar sua liberdade de volta. Então libertou os filhos de Maictes e os levou de volta à Armênia com sua mãe. Mais tarde, Axuxa organizou o casamento de seu filho Vasgeno com Susana, filha de Vardanes.[14][15] Após a morte de seu pai Axuxa, Vasgeno foi para Ctesifonte, onde foi recebido pelo xainxá Perozes I (r. 459–484), converteu-se à antiga religião da família, o zoroastrismo, e mudou sua lealdade da monarquia ibérica cristã ao Império Sassânida.[14][16] Como recompensa por sua conversão, recebeu o vice-reinado da Albânia e uma filha de Perozes em casamento.[8][17] A basílica de Bolnissi Sioni na Ibéria é um testemunho da crescente influência sassânida ali. Foi construída em 478/9 na parte sul do país, que havia caído sob o controle dos mirrânidas.[18][19] A iconografia da basílica mostrou características iranianas, enquanto sua inscrição, escrita em georgiano antigo, menciona o xainxá Perozes I.[20] Sob Vasgeno e seus predecessores, a cidade de Tsurtavi foi transformada em uma das sedes do vitaxado.[21] Os relatos do historiador ibérico contemporâneo Jacó de Tsurtavi indicam que Vasgeno era um soberano por direito próprio e reconhecia a suserania do xainxá apenas como um contrapeso aos reis ibéricos.[22] Defendendo sua posição pró-iraniana, Vasgeno tentou forçar sua família a se converter ao zoroastrismo, incluindo Susana, o que eventualmente resultou em seu martírio, morrendo pela violência infligida por seu marido.[14][23][24] Seus esforços zoroastristas aparentemente se limitaram apenas aos de sua família. Não há relatos de tentativas de converter seus súditos cristãos, e a principal fonte à vida de Susana — o Martírio da Santa Rainha Susana — não considera o martírio de sua esposa como parte de uma perseguição cristã sistemática.[25] Suas políticas eram inaceitáveis para o rei ibérico Vactangue I (r. 447–522), que o matou e então se revoltou contra o Irã em 482.[26][27] Vasgeno foi sucedido por Axuxa III.[28] Referências
Bibliografia
|