Vaporwave
Vaporwave é um gênero musical, um estilo de arte visual e um meme que surgiu no início da década de 2010 entre algumas comunidades da internet.[4][5][6] O conceito é caracterizado por uma fascinação nostálgica pela estética dos anos 80 e 90, abrangendo referências a diversos aspectos culturais produzidos à época. Tais referências podem estar relacionadas aos meios artísticos, tecnológicos (incluindo computadores e jogos eletrónicos), publicitários, entre outros. Frequentemente, também podem ser observadas referências à cultura nipônica, às esculturas neoclássicas, ao pós-modernismo, às músicas comerciais e à estética cyberpunk.[7] Sua vertente musical foi bastante influenciada por outros gêneros que eram muito presentes na época, dos quais podem ser citados o lounge, o jazz suave e as músicas de elevador. Os samples musicais são predominantes no gênero, frequentemente com sua tonalidade sonora modificada, por vezes podem ser utilizados em camadas ou até mesmo alterados usando o estilo clássico de chopped and screwed.[3][8] Um dos pontos principais do estilo é a frequente preocupação crítica ou satírica com o consumismo capitalista, a cultura popular e alegorias do new age.[3] HistóriaO Vaporwave surgiu como um estilo nascido da Internet, derivado do trabalho de artistas do pop hipnagógico como Ariel Pink e James Ferraro.[9] Os álbuns Chuck Person's Eccojams Vol. 1, de Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Never), e Far Side Virtual, de James Ferraro, são frequentemente creditados como marcos iniciais no desenvolvimento do vaporwave.[10][11][12] Em 2011, o álbum Floral Shoppe, da artista Vektroid, se tornou o primeiro álbum do gênero vaporwave a ganhar reconhecimento popular, com ajuda de comunidades online, notoriamente o board /mu/ (música) do 4chan. Nos anos seguintes, o gênero encontrou espaço mais amplo entre websites como Bandcamp, SoundCloud, Last.fm e 4chan, e continuou a evoluir em com o surgimento de artistas como Skylar Spence e Blank Banshee, adotando sons que "promovem uma alusão ao virtual plaza [vago], mas que significamente transcendem-no". Outros subgêneros do vaporwave incluem Mallsoft, que "conjura o muzak tocado nos shopping centers".[2] Em 2015, a MTV promoveu um rebranding profundamente inspirado pela estética vaporwave e seapunk.[13] Na contramão, o Tumblr lançou o Tumblr TV, com um visual vagamente inspirado na MTV no inicio da década de 1990.[14] De acordo com o jornalista Jordan Pearson, da Motherboard, o site de tecnologia da revista Vice, esta mudança significaria "a morte do gênero", já que "é nesse lugar (em mídias como a MTV) que o impulso cínico que inspirou o vaporwave é ao mesmo tempo assimilado e apagado — onde sua fonte de inspiração nasce e vive."[14] Os artistas frequentemente adotam escultura clássica, web design da década de 1990, renderizações de computador, Glitch Art, VHS, fita cassete, obras de arte da Ásia Oriental e cyberpunk.[15] Em novembro de 2015, de acordo com uma lista de "10 artistas que você precisa saber" da Rolling Stone, o álbum de 2814, 新しい日の誕生 (Birth of a New Day) encontrou o sucesso dentro de um "bolso pequeno e apaixonado da Internet."[16] 2814 citou Boards of Canada, Steve Roach, Vangelis, Burial e Sigur Rós como influências.[17] No mesmo ano, o álbum I'll Try Living Like This, de Death's Dynamic Shroud.wmv apareceu na 15ª posição na lista de "50 Melhores Álbuns de 2015" da revista britânica Fact.[18] InterpretaçõesVaporwave foi descrito como "um aviltante da música comercial" numa tentativa de revelar as "falsas promessas" do capitalismo.[1] O compositor Adam Harper de Dummy Mag descreve o vaporwave sendo um "verdadeiro aceleracionista irônico e satírico"; notando que o próprio nome "vaporwave" é tanto um assentimento ao vaporwave, quanto a ideia de energia libidinal sendo submetida a sublimação implacável sob o capitalismo.[1] O crítico Simon Reynolds descreveu o projeto Chuck Person, do músico Daniel Lopatin, como "relacionado a memória cultural e o utopismo enterrado dentro das comodidades capitalistas, sobretudo aquelas relacionadas a tecnologia de consumo na área de computação e entretenimento de áudio e vídeo".[19] 情報デスクVIRTUAL (Jouhou Desuku VIRTUAL), um dos pseudônimos de Vektroid, descreve seu álbum 札幌コンテンポラリー (Sapporo Contemporary) como "um breve vislumbre dentro das novas possibilidades da comunicação internacional" e "uma paródia da hipercontextualização americana da Ásia digital em meados dos anos 1980."[20] O educador musical Grafton Tanner argumentou em seu livro de 2016, Babbling Corpse: Vaporwave and the Commodification of Ghosts que o vaporwave "é uma rebelião contra o exuberante e incontrolado capitalismo, particularmente em sua abordagem da nostalgia".[21] Tendências diversasSimpsonwave foi um fenômeno do YouTube popularizado pelo usuário Lucien Hughes.[22][23][24][25] Consiste principalmente em vídeos com cenas da série americana animada de The Simpsons com variadas canções steamwave. Os vídeos são muitas vezes editados com efeitos de distorção VHS e filtros de vídeo de coloração roxa, dando-lhes uma sensação "alucinatória e transportativa".[26] Fashwave (junção de "fascista" e "vaporwave"),[27] é um subgênero em grande parte instrumental de vaporwave e synthwave, com os títulos das faixas com teor políticos e batidas sonoras ocasionais, que se originou em cerca de 2015 no YouTube. Em 2017, Penn Bullock e Eli Penn da revista Vice apresentou um relatório sobre o fenômeno da fascistas auto-denominados e membros da direita alternativa se apropriando de música vaporwave e sua estética, descrevendo fashwave como 'a primeira música fascista que possuí bastante facilidade nos ouvidos para ter apelo mainstream. Trumpwave concentra-se em Donald Trump. A Vice escreve que o sub-gênero Trumpwave explora a ambivalência de vaporwave para a cultura corporativa com que ele se engaja, permitindo-lhe reformular Trump como "o herdeiro moderno dos 80 anos mitificados, uma década que é levada a defender a pureza racial e o capitalismo desencadeado".[28] Michael Hann, do The Guardian, observa que o movimento não é sem precedentes; Ramos semelhantes ocorreram em punk rock na década de 1980 (Oi!) e black metal na década de 1990 (Viking metal). Como esses gêneros, Hann acredita que há pouca chance de que fashwave "afete o mainstream".[27] No BrasilPelo frequente uso de samples, a maioria das músicas lançadas por esses artistas estão disponíveis apenas via Soundcloud, Bandcamp e Youtube, que por si só combina com a estética do estilo. Ver tambémReferências
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