Víctor Balaguer i Cirera Nota: Este artigo é sobre o político e escritor espanhol. Para o cantor espanhol, veja Víctor Balaguer.
Víctor Balaguer i Cirera (pronúncia catalã: /ˈbiktor βəɫəˈɣe/) (Barcelona, 11 de dezembro de 1824 – Madri, 14 de janeiro de 1901)[1] autodenominado O trovador de Montserrat, foi um político liberal, jornalista, escritor romântico, poeta, dramaturgo e historiador espanhol. Foi uma das figuras principais da Renaixença.[2] Juventude e casamentoVíctor Balaguer foi filho único de Joaquim Balaguer,[1] um médico de pensamentos liberais, que morreu em 1834, deixando-o órfão ainda criança e de Teresa Cirera. O relacionamento com sua mãe foi sempre muito difícil, pois ela queria que seu filho fosse médico ou advogado, porém suas ideias avançadas, herdadas do pai,[2] e a sua vocação para a Literatura tornaram a boa convivência entre os dois cada vez mais difícil.[2] Em 1838, com apenas 14 anos de idade, publicou seu primeiro drama histórico Pepín el Jorobado (Pepino, o Corcunda), e muitos outros vieram depois. Em 1843 obteve fama com Enrique el Dadivoso (Henrique, o Dadivoso).[2][3] Então, inevitavelmente entrou em confronto com a sua mãe, que terminou por deserdá-lo e ele precisou escrever cada vez mais obras para poder se sustentar.[2] Balaguer ingressou na Universidade de Barcelona, onde começou a estudar Direito e entrou em contato com a literatura de Voltaire, Rousseau, Dumas, Victor Hugo, Walter Scott, entre outros.[4] Nesta época, começou a colaborar com o jornal El Hongo. Em 1845, depois de uma acalorada discussão com sua mãe, mudou-se para Madri sem ter concluído os estudos universitários, a fim de levar uma vida por conta própria na capital. Começou a trabalhar para o escritor e editor Wenceslao Ayguals de Izco, que ofereceu-lhe trabalho como tradutor espanhol para escritores franceses da época, que foram publicados na coleção Museo de las Hermosas. Esta situação durou somente alguns meses, pois devido à incerteza econômica Balaguer logo retornou para Barcelona, onde continuou a trabalhar como tradutor e jornalista.[1] De volta à cidade natal, em 1847, foi nomeado poeta oficial del Liceu. Mais tarde também seria o Teatro Principal, que lhe daria alguma popularidade localmente. Em 1851 Balaguer se casou com Manuela Carbonell i Català no mosteiro de São Jerônimo de la Vall d'Hebron, comprado pelo pai da noiva.[1] Um ano depois, fez uma série de palestras sobre a história da Catalunha encomendada pela Sociedade Filarmônica da Barcelona. Maturidade literária e políticaDurante a década de 1850 Balaguer entrou em contato com o general Baldomero Espartero e com o general Juan Prim y Prats e se filiou ao Partido Progressista, aumentando gradativamente o seu peso e influência dentro do partido. Foi nesse período que começou a recuperar a memória histórica da antiga Coroa de Aragão.[1] Também nessa época começou a reivindicar a língua catalã como língua literária. Seu primeiro poema em catalão A la Verge de Montserrat (À Virgem de Montserrat) foi publicado em 1857.[3] Aos poucos se tornou muito ativo no processo da Renaixença e da literatura catalã, promovendo a restauração dos Jogos Florais em maio de 1859, tornando-se membro do primeiro conselho.[2][3] Deu também início a seus primeiros textos historiográficos. Após os Jogos foi para a Itália trabalhar como correspondente na Segunda Guerra de Independência Italiana. Entre 1860 e 1864 publicou em cinco volumes a "História da Catalunha e da Coroa de Aragão", que foi um êxito de vendas sem precedentes e no qual Balaguer criticava o modelo da monarquia federal e a tradição de pactos entre as pessoas e o rei.[5] Entre 1865 e 1867 Balaguer ficou exilado na Provença por ter participado da conspiração do general Juan Prim y Prats. Lá ele conheceu Frédéric Mistral em 1865 e pode participar do Felibritge, do qual foi nomeado vice-presidente. Balaguer foi membro da delegação catalã que entregou a Copa Santa aos escritores occitanos.[6] Em 1867 Balaguer retornou à Catalunha. Depois disso e durante todo o Sexênio Revolucionário se envolveu ativamente na política espanhola. Durante o reinado de Amadeu I da Espanha foi nomeado ministro do Exterior (1871) e de Obras Públicas (1872)[2] durante a Primeira República Espanhola. Balaguer ocupou novamente o cargo de ministro do Exterior em 1886 durante o governo de Práxedes Mateo Sagasta.[2][3] Sua esposa morreu em 1881. Por não deixar descendentes, Víctor Balaguer entregou sua pequena fortuna para a construção em 1884 da Biblioteca Museu Víctor Balaguer em Vilanova i la Geltrú, um serviço público que doou à cidade em gratidão por ter sido escolhido membro do Parlamento por aquela localidade desde 1869.[2] Seu legado foi colocado nesta instituição, que atualmente conserva a sua biblioteca de 22 000 livros e sua coleção de arte, na qual se destacam algumas peças egípcias, orientais e pré-colombianas, muito raras naquela época na Catalunha.[2] Foi membro da Real Academia Espanhola e da Real Academia da História. Obras
Maçom, liberal e de ideias românticas, colaborou em vários jornais liberais, como o El Constitucional, El Laurel, El Genio e La Lira. Em 1846 foi para Madri, onde conheceu as principais personalidades literárias e políticas da época. Fundou em Barcelona o jornal liberal La Corona de Aragón, onde declarou sua adesão fervorosa ao passado glorioso da Catalunha.
Foi autor de peças teatrais românticas tanto em castelhano com em catalão: Em castelhano:
Em catalão:
Neste campo não fez descobertas documentais nem foi muito crítico em sua pesquisa histórica, e muitas vezes acrescentou lendas em seu trabalho. Na verdade, ele escreveu fortemente influenciado por suas ideias românticas e liberais, por isso ele foi criticado por seus inimigos e concorrentes, atacando assim a sua popularidade. Esta falta de rigor era bem comum entre os historiadores do período, influenciado por um romantismo nacionalista que buscava mitificar o próprio passado. Consciente de suas deficiências como pesquisador, Víctor Balaguer sempre admitiu ser apenas um divulgador que sentia amor pela história local da sociedade catalã.[2] Seus primeiros textos estritamente historiográficos foram escritos em 1852 para participar de uma conferência que tratou das "belezas" da história catalã. A principal obra neste campo foi a famosa "História da Catalunha e da Coroa de Aragão", publicada entre 1860 e 1864. Muito mais tarde, o sucesso do livro exigiu uma segunda edição em 1885 em uma "História da Catalunha".[2] Notas
Referências
Ligações externas
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