True Colors é o segundo álbum de estúdio da cantora estadunidenseCyndi Lauper, lançado em 15 de setembro de 1986. A produção e algumas composições são da própria cantora junto com Lennie Petze.
Nas parada musicais atingiu o pico de número quatro na lista Billboard 200, e três de seus singles alcançaram o Top 40 em tabelas musicais ao redor do mundo, sendo eles: "True Colors", "Change of Heart" e "What's Going On". Com cerca de sete milhões de cópias vendidas pelo mundo, é o segundo maior êxito da carreira fonográfica da cantora.
Antecedentes e produção
No final de 1986, Lauper se estabeleceu como uma das artistas mais vendidas do mundo fonográfico. Seu primeiro disco de estúdio, She's So Unusual foi certificado 4 vezes platina pela RIAA[1] e recebeu uma certificação de diamante no Canadá por vendas superiores a 1 milhão de cópias, sendo ela, a primeira cantora a alcançar tal façanha até aquele momento.[2]
De acordo com a revista Billboard, a indústria da música estava de olho nos próximos passos da cantora, e todos estavam ansiosos para saber se ela conseguiria manter o sucesso de sua estreia.[3]
Em sua autobiografia, a cantora diz que inicialmente planejou que Rick Chertoff, que produziu She's So Unusual, produziria o que viria a ser seu segundo disco, no entanto, a experiência com ele foi problemática e ela mudou de ideia.[4] Outro nome que apareceu foi o de Rob Hyman, mas ela também o recusou, já que ele era afiliado a Chertoff.[4]
Eventualmente, a produção ficou aos cuidados da própria cantora e de Lennie Petze.[4] Além disso, algumas das canções são de sua própria autoria.[4] Lauper disse que as canções são uma forma de dizer: "Tenha a coragem de expor suas convicções e ame-se um pouco", e "não seja tão duro consigo mesmo".[5]
Singles
"True Colors" foi escrita por Billy Steinberg como uma homenagem a sua mãe mãe.[6] Tom Kelly alterou o primeiro verso da canção, que foi mostrada inicialmente para Anne Murray (que desistiu de gravá-la) e só depois para Cyndi Lauper.[6] Os arranjos da versão demo lembravam uma balada gospel com destaque no som de piano, como o da canção "Bridge over Troubled Water". Steinberg disse ao Songfacts que: "Cyndi desmontou completamente o arranjo tradicional e surgiu com algo que era de tirar o fôlego."[7] O videoclipe da música, que recebeu grande rotação na MTV, foi dirigido pela coreógrafa americana Patricia Birch.[5] O single alcançou o primeiro lugar na Billboard Hot 100, em 25 de outubro de 1986, batendo "Typical Male" de Tina Turner.[8] Alcançou a posição de número três na Austrália[9] e Nova Zelândia,[10] e número 12 na UK Singles Chart.[11] "True Colors" se tornou um hino para a comunidade gay. Em várias entrevistas, Lauper disse que a canção mexeu com ela por causa da recente morte de seu amigo, Gregory Natal, vítima do vírus da AIDS.[12] Anos depois, Lauper co-fundou o True Colors Fund,[13] uma organização sem fins lucrativos dedicada a erradicar a falta de moradia de jovens LGBT.[14] A música foi gravada por muitos outros artistas e usada como música tema da Copa do Mundo de Rugby Union de 2003 e em comerciais das câmeras e filmes Kodak.[15][16] Em 2010, foi incluída na trilha sonora de Sex and the City 2.[17]
"Change of Heart", o segundo single, estreou na Billboard Hot 100 em número 67 e atingiu sua maior posição, a de número 3, na edição datada de 14 de fevereiro de 1987, passando um total de 17 semanas na parada.[18] Obteve o mesmo sucesso na parada de músicas Hot Dance / Club Play, chegando ao número 4.[19] A música ficou em 61º lugar na parada de final de ano de 1987.[20] No Canadá estreou na posição de número 88 na edição da revista RPM datada de 13 de dezembro de 1986.[21] Após 10 semanas, atingiu o pico de nº 13,[22] se mantendo por um total de 17 semanas na tabela.[23] No Reino Unido, "Change of Heart" estreou na 96ª posição na UK Singles Chart e foi o single de menor sucesso de Lauper no país, até aquele momento, alcançando apenas a posição 67.[24] Na Europa, "Change of Heart" destacou-se na na França, onde alcançou a 8ª posição.[25] Em sua crítica para True Colors, Jimmy Guterman, da revista Rolling Stone, disse que: "... as sílabas soluçadas que são marca registrada de Lauper repousam sobre uma almofada de harmonias fornecidas por The Bangles e transformam o que é pouco mais do que uma faixa de ritmo sofisticada, com letras nominais, em uma sincera declaração de fidelidade."[26] O videoclipe oficial da música foi dirigido por Andy Morahan.[27] Ele mostra Lauper e sua banda fazendo shows em locais públicos de Londres, incluindo Trafalgar Square, Leicester Square, Covent Garden e Westminster Bridge/The Queen's Walk, onde o London Eye está localizado atualmente.[27]
"What's Going On" foi lançada em março de 1987, como o terceiro single. Na versão do álbum, a música começa com uma série de tiros em referência à Guerra do Vietnã, enquanto o lançamento do single é um remix com um vocal alternativo usado na introdução. Graças aos remixes para clubes de Shep Pettibone, a música alcançou a posição #17 na parada Dance Club Songs.[28] No entanto, não conseguiu alcançar o top dez da Billboard Hot 100.[28] O vídeo da música, dirigido por Andy Morahan,[29] foi indicado ao MTV Video Music Award for Best Cinematography.[30]
"Boy Blue" foi lançada como o quarto single, em 1987, em versão remix, aparecendo em #71 na Billboard Hot 100.[28] Tematicamente, assemelha-se a "True Colors", Lauper escreveu esta canção para um amigo que morreu de AIDS, e o título vem de um poema de Eugene Field chamado "Little Boy Blue".[31] O videoclipe oficial é uma performance ao vivo da música, gravado em Paris, na França, e foi retirado do álbum de vídeo Cyndi Lauper in Paris.[32] Em 2019, foi incluído na compilação (exclusiva do Japão) de canções e videoclipes da cantora Japanese Singles Collection - Greatest Hits.[33]
"Maybe He'll Know" foi lançado como single apenas na Europa, em 1987.[34] A música apareceu anteriormente no debut da banda Blue Angel, da qual a cantora fazia parte.[35] A letra da canção é ligeiramente diferente. Billy Joel se junta a Lauper nos vocais de back-up, no estilo 'doo wop'.[36] Um remix de "Maybe He'll Know", foi incluído como o lado B de "I Drove All Night", primeiro single de A Night to Remember, de Lauper.[37]
Eugene Chadbourne, do site AllMusic, deu três estrelas e meia de cinco e escreveu que, embora seja "ambicioso" e com "algumas partes [que] realmente compensam", alguns de seus arranjos "são datados", tais como os "tambores e teclados com sonoridade artificial [que] eram muito populares na época". Ele concluiu que, apesar desses problemas, como "não havia muita música gravada por esta artista durante o auge de sua popularidade", "os fãs sem dúvida iriam querer adquirir tudo [que ela lançasse]."[38]
Robert Christgau, do The Village Voice deu uma nota "B-" e escreveu que o primeiro lado do LP consiste em "sentimento barato" e é "desanimador" e que ouvir "o segundo, não é muito mais que um alívio".[39] Ele finalizou a crítica escrevendo que "as garotas só querem ter dinheiro - e nenhuma diversão muda tudo", em alusão a música mais famosa da cantora "Girls Just Want To Have Fun" (Garotas Só Querem se Divertir, em português).[39]
Jimmy Guterman, da revista Rolling Stone, fez uma crítica favorável e escreveu que a voz de Lauper "soa mais confortável em qualquer momento de True Colors do que em todos de She's So Unusual", além de "parece indicar seu extremo conforto com o novo ambiente" onde "ela encontrou um novo senso de paz - ou pelo menos ela está indo nessa direção."[40] Ele concluiu dizendo: "sua inquietação deu a seu trabalho inicial muito de sua identidade; e o que coloca True Colors um degrau abaixo de sua estreia é que Cyndi Lauper não é mais tão incomum."[40]
A revista Veja fez uma crítica favorável, na qual afirmou que o disco "mostra uma artista madura a dominar, com bom humor, uma linguagem original."[41]
Desempenho comercial
Nos Estados Unidos, True Colors foi certificado como platina dupla pela RIAA e alcançou a quarta posição na parada de álbuns Billboard 200.[42][28] Ele liderou as paradas australianas por quatro semanas e,[43] no Japão, vendeu mais que o She's So Unusual,[44] embora tal feito não tenha se repetido na maioria dos países. De acordo com o site oficial de Lauper, foi certificado platina na Itália.[45]
Os singles escolhidos foram "True Colors" (No. 1 Billboard Hot 100),[28] "Change of Heart" (No. 3),[28] "What's Going On" (No. 12)[28] e "Boy Blue" (No. 71).[28]
No Brasil, segundo a revista Veja, de 19 de novembro de 1986, conseguiu vender 200 mil cópias com apenas duas semanas de lançamento,[41] meses depois, em 18 de fevereiro de 1987, as vendas atingiram a marca de 300 mil cópias, segundo o jornal Luta Democrática.[46] Lauper recebeu um disco de platina e dois discos de ouro por seus álbuns de sucesso quando esteve no país, em 1989.[47]
As vendas de True Colors atingiram aproximadamente 7 milhões de cópias em todo o mundo.[48]
Lista de faixas
Créditos retirados do encarte do álbum True Colors, de 1986.[36]
↑Kent, David (1993). Australian Chart Book 1970–1992 Illustrated ed. St Ives, N.S.W.: Australian Chart Book. p. 173. ISBN0-646-11917-6 N.B. The Kent Report chart was licensed by ARIA between 1983 and June 12, 1988.
↑ abcGuterman, Jimmy (September 25, 1986) «True Colors Album Review». Consultado em 25 de dezembro de 2016. Arquivado do original em 19 de janeiro de 2012 !CS1 manut: BOT: estado original-url desconhecido (link). Rolling Stone
↑«1986年 アルバム年間TOP100» (em japonês). Oricon. Consultado em 10 de maio de 2016. Arquivado do original em 4 de junho de 2008 !CS1 manut: Url estragada (link)
↑«Les Albums (CD) de 1987 par InfoDisc» (em francês). InfoDisc. Consultado em 10 de maio de 2016. Arquivado do original em 23 de outubro de 2014 !CS1 manut: Url estragada (link)
↑«Gold & Platinum Awards 1987»(PDF). Music and Media. American Radio History Archive. 26 de dezembro de 1987. p. 46. Consultado em 1 de janeiro de 2020