Existem mais de cem espécies de Trichosalpinx espalhadas pela América tropical, do México ao Paraguai. Pelo menos sete têm ocorrência registrada para o Brasil.
Descrição
São plantasepífitas, habitantes de florestas úmidas, cuja inflorescência brota do ápice dos caules com flores que se abrem em sucessão, podem ser reconhecidas por suas flores que lembram Pleurothallis, mas dos quais se diferenciam por seus caules possuírem bainhas lepantiformes, em regra pubescentes na extremidade. Bainhas lepantiformes são aquelas que, inicialmente justas ao ramicaule, alargam-se em suas extremidades terminando em uma espécie de trombeta com a borda formada por uma anel inclinado, imbricantes com a próxima bainha, e normalmente apresentado veias longitudinais aparentes.
Trichosalpinx diferencia-se de Lepanthes e Draconanthes pela coluna, pois a coluna destes não apresenta pé e Trichosapinx normalmente sim; e de Lepanthopsis através do estigma, neste último tranversalmente bilobulado, o que não ocorre em Trichosalpinx.
O gênero apresenta bastante variedade quanto à morfologia floral, de modo que está dividido em quatro subgêneros: Trichosalpinx, Xenia, Tubela e Pseudolepanthes:
O subgênero Trichosalpinx é, em sua maioria, constituido por espécies cespitosas, cujos ramicaules não crescem uns a partir da terminação dos outros, à maneira das Scaphyglottis, em regra com inflorescência mais curta que a folha, flores com pétalas de margens normalmente ciliadas, denticuladas ou serrilhadas, labelo com lobos basais, coluna provida de pé, e antera e estigma ventrais. Este subgênero está representado por duas espécies no Brasil: Trichosalpinx egleri e Trichosalpinx orbicularis.
O subgênero Tubella é constituído por espécies onde o ramicaule pode ou não brotar da terminação de outro, em regra com inflorescência mais longa que a folha, petalas de margens lisas, labelo sem lobos basais, com calos longitudinais, coluna provida de pé, e antera subapical. Este subgênero está representado por três espécies no Brasil: Trichosalpinx dura, Trichosalpinx montana e Trichosalpinx pusilla. Em 2000, Archila propôs a elevação do subgênero Tubella ao status de gênero, do qual fariam parte, mais de setenta espécies.
O subgênero Xenia é constituido por espécies onde o ramicaule não brota da terminação de outro, em regra com inflorescência mais longa que a folha, petalas de margens lisas, sépalas glabras, labelo espesso de lobos e calos variados, mas sem lobos basais, coluna sem pé, com antera apical. Este subgênero não tem representantes no Brasil.
O subgênero Pseudolepanthes é constituido por espécies onde o ramicaule não brota da terminação de outro, em regra com inflorescência mais longa que a folha, pétalas de margens lisas, sépalas glabras, labelo espesso com calo verrucoso, sem lobos basais, e base unguiculada presa à coluna, esta desprovida de pé, e antera apical. Este subgênero não tem representantes no Brasil.
Em 2000, Archila propôs a elevação do subgênero Pseudolepanthes ao status de gênero, do qual fariam parte, além da espécie tipo do suposto gênero, Pseudolepanthes colombiae, recém descrita por ele, as seguintes espécies: T. bricenoensis Luer & R.Escobar, T. calceolaris Luer & R.Escobar, T. decorata Luer & R.Escobar, T. ectopa Luer, T. ramosii Luer, T. silverstonei Luer, T. spathulata Luer, T. uvaria Luer, e T. zunagensis Luer & Hirtz.
Filogenia
Quanto à sua filogenia, em 2001, Mark W.Chaseet al., publicaram no American Journal of Botany um estudo preliminar sobre Pleurothallidinae. Segundo os resultados encontrados, este gênero, pertence ao quarto grande clado de gêneros da subtribo, separado das outras Pleurothallis. Entre o terceiro grande grupo, representado dentre outros pelo gênero Acianthera , e o quinto grande grupo, do qual os mais conhecidos representantes são Stelis e Pleurothallis.
A partir desse estudo aprendemos que as relações internas deste grupo, apesar de ainda não completamente esclarecidas pois há algumas espécies divergentes que aqui desconsideramos, vem na seguinte ordem: Em primeiro lugar Zootrophion, seguido por Lepanthopsis e Lepanthes, os dois formando um subgrupo, depois o gênero Frondaria, isolada, então Anathallis e o então Panmorphia, formando outro subgrupo, e finalmente Trichosalpinx.
Segundo os autores, a despeito de grande diversidade morfológica, algumas características fisiológicas na estrutura química e molecular das folhas são compartilhadas pela maiorida desses gêneros.
R. Govaerts, D. Holland Baptista, M.A. Campacci, P.Cribb (K.) (2008). Checklist of Orchidaceae of Brazil. The Board of Trustees of the Royal Botanic Gardens, Kew. «Published on the Internet» (em inglês)
Luer, Carlyle A.: Icones Pleurothallidinarum (sistemática de Pleurothallidinae), volumes I a XXIX, Missouri Botanical Garden press (1978-2007).
Pridgeon, A.M., Cribb, P.J., Chase, M.A. & Rasmussen, F. (2006). Genera Orchidacearum vol. 4 - Epidendroideae (Part 1). Oxford Univ. Press.
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