The Celluloid Closet

The Celluloid Closet
The Celluloid Closet
 Estados Unidos
1995 •  cor •  107 min 
Género documentário
Direção Rob Epstein
Jeffrey Friedman
Produção Rob Epstein
Jeffrey Friedman
Roteiro Vito Russo
Rob Epstein
Jeffrey Friedman
Sharon Wood
Armistead Maupin
Baseado em The Celluloid Closet: Homosexuality in the Movies, de Vito Russo
Narração Lily Tomlin
Elenco Lista completa
Música Carter Burwell
Companhia(s) produtora(s) Channel Four Films
HBO Pictures
Distribuição Sony Pictures Classics
Lançamento
  • 15 de março de 1996 (1996-03-15) (EUA)
  • 16 de agosto de 1996 (1996-08-16) (Brasil)
Idioma inglês
Receita $1,400,591[1]

The Celluloid Closet (bra: O Outro Lado de Hollywood[2]; prt: O Cinema no Armário.[3][4]) é um filme estadunidense de 1995, do gênero documentário, dirigido e escrito por Rob Epstein e Jeffrey Friedman, baseado no livro homônimo de 1981, de Vito Russo, que pesquisou filmes que retratavam personagens gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.[5]

O nome do documentário faz alusão à expressão "sair do armário" - o ato de assumir a homossexualidade - e seu conteúdo é dedicado a explorar os filmes produzidos durante o período de censura em Hollywood,[6] durante o chamado Código Hays, (no qual apareceram personagens implicitamente homossexuais e também os cruéis estereótipos) até os progressos conquistados na década de 1990.[7]

Com o objetivo de alcançar esse propósito, são habilmente entrelaçados eventos históricos por meio de narração de Lily Tomlin.[8] A narrativa se enriquece com a inclusão de cenas de um número substancial de filmes e depoimentos impactantes de cineastas, roteiristas e renomadas estrelas como Tom Hanks, Susan Sarandon, Tony Curtis, John Schlesinger e Gore Vidal.[8] Tais artistas comentam várias passagens dos filmes e suas próprias experiências pessoais em como lidar e atuar com e como personagens LGBT.[7]

O documentário foi exibido em determinados cinemas nos Estados Unidos. No Brasil, fora exibido após o término do Festival do Rio, em 1996. Em 2005 foi exibido pelo canal por assinatura GNT, na semana em que se realizava a Marcha do Orgulho Gay, em São Paulo.

Vito Russo quis transformar seu livro em um documentário e ajudou no projeto até sua morte em 1990. Muitos críticos notaram que o tom dado ao filme era menos político do que no livro e encerrava-se com mais otimismo. Russo queria assim entreter e refletir as mudanças positivas que ocorreram na década de 1990.

Produção

Russo abordou Rob Epstein sobre a ideia de fazer uma versão cinematográfica de The Celluloid Closet e escreveu uma proposta para o filme em 1986.[9] No entanto, foi somente após a morte de Russo, em 1990, que Epstein e Friedman começaram a fazer algum progresso no projeto.[9] Após a morte de Russo, o canal Channel 4, da Inglaterra abordou os cineastas sobre o filme e ofereceu financiamento de desenvolvimento para escrever um tratamento "e, o mais importante, determinar se seria possível obter os trechos de filmes dos estúdios."[9]

Após desenvolver o projeto por anos, a captação de recursos ainda era o maior obstáculo. Lily Tomlin, a atriz e comediante que narrou o filme, lançou uma campanha de arrecadação de fundos pelo correio em homenagem a Vito Russo.[9] Ela também liderou um evento beneficente no Castro Theatre, que contou com Robin Williams, Harvey Fierstein e a estrela drag Lypsinka. Steve Tisch, James Hormel e Hugh Hefner ofereceram "apoio significativo" e os cineastas começaram a receber financiamento de fundações, como o Paul Robeson Fund, o California Council for the Humanities e o Chicago Resource Center.[9]

A televisão europeia novamente desempenhou um papel importante no financiamento do projeto, quando a ZDF/arte se envolveu, mas foi somente quando os cineastas entraram em contato com a HBO que puderam iniciar a produção.[9] Em maio de 1994, "Lily Tomlin entrou em contato com Michael Fuchs, presidente da HBO, em nome do projeto.[9] Epstein, Friedman, Tomlin e Rosenman voaram para Nova Iorque para uma reunião com Fuchs e a vice-presidente da HBO, Sheila Nevins. Nessa reunião, a HBO se comprometeu a fornecer o restante do orçamento."[9]

Impacto

O livro The Celluloid Closet teve como antecessores o livro Screening the Sexes de 1972, de Parker Tyler, e Gays and Film de 1977, de Richard Dyer, que também explora conteúdo e personagens LGBTs nos filmes.[10]

O filme foi lançado em um momento dramático na história gay, quando Bill Clinton foi eleito presidente como o primeiro candidato presidencial de um grande partido a cortejar e prometer abertamente votos gays.[11] No entanto, o movimento enfrentou um grande revés público quando a política Don’t Ask, Don’t Tell foi aprovada.[11] Em resposta a esses obstáculos, o movimento de direitos LGBT tornou-se cada vez mais centrado na mídia, percebendo que as imagens projetadas para o mundo afetavam negativamente as percepções da homossexualidade.[carece de fontes?] Em 1994, a Aliança Gay e Lésbica Contra a Difamação foi formada como uma organização nacional.[carece de fontes?] The Celluloid Closet foi lançado em 1996, enquanto marchas e protestos contra a representação homossexual no cinema e na televisão cresciam.[carece de fontes?]

"Protestos foram direcionados especificamente para alguns dos maiores e mais prestigiados filmes de Hollywood, incluindo O Silêncio dos Inocentes, que apresenta um travesti enlouquecido que mata e esfola mulheres, e JFK, que tem uma cena em que homossexuais supostamente conspiradores no assassinato de Kennedy se envolvem em jogos e diversões sadomasoquistas".[12] O artigo citado acima apresenta uma entrevista com Kate Sorensen, membro da Queer Nation, uma organização que ajudou a organizar os protestos: "Cada personagem lésbica e bissexual nesses filmes é acusado de ser um assassino psicótico ... E a garota nunca fica com a garota.[12] Estou cansada disso." Os ativistas gays de todo o país atacaram filmes como esses, onde o personagem homossexual é retratado como um assassino erótico repugnante.[12]

Acreditava-se que essas representações refletiam "um medo perverso da AIDS ou da crescente intolerância que causou um aumento em crimes de ódio de todos os tipos. Ainda assim, o tratamento de Hollywood com os gays não ajudou. Com poucas exceções, os personagens homossexuais nos filmes são desajustados assustadores ou caricaturas extravagantes".[12] O lançamento de The Celluloid Closet enfatizou ainda mais a maneira distorcida como os homossexuais foram retratados ao longo da história. Abordando questões específicas pertinentes na época, Russo expõe a existência de homossexuais em Hollywood, assim como a homofobia descontrolada que mantém a homossexualidade no armário, tanto nas telas quanto fora delas.[13]

"Essencialmente, Russo fez pelo cinema o que a ACT UP fez pela conscientização sobre a AIDS ... ele abriu um mundo e uma cultura que quase nunca havia sido discutido antes sob quaisquer circunstâncias, expondo preconceitos e feridas".[14] O filme continuou a incentivar a necessidade de representações positivas de homossexuais. A Aliança Gay e Lésbica Contra a Difamação realizou seminários para a equipe da Columbia Pictures e da Carolco. Além disso, a Hollywood Supports, uma organização de serviços com a missão de combater a fobia da AIDS e a homofobia na indústria do entretenimento, foi fundada.[12]

Premiações e homenagens

The Celluloid Closet recebeu o prêmio Vito Russo Award da Gay and Lesbian Alliance Against Defamation (GLAAD) em 1996. Esse prêmio é concedido a pessoas abertamente gays ou lésbicas da indústria cinematográfica de Hollywood que promovem a luta contra a homofobia. O prêmio foi criado após a morte de Vito Russo, em homenagem ao ativista e autor do livro que inspirou o documentário.[15]

Além disso, o filme recebeu quatro indicações ao prêmio Emmy Award em 1996. Foi indicado nas categorias de Realização Individual Notável em Programação Informativa por edição, gravação de som e direção de fotografia. Também foi indicado na categoria de Especial Informativo Notável. Além disso, o filme recebeu o Prêmio Peabody[16] e foi reconhecido no Festival de Cinema de Sundance de 1996, ao vencer o prêmio de Liberdade de Expressão.[17]

O filme também foi indicado para o Prêmio Truer Than Fiction no 12th Independent Spirit Awards.[18]

Lançamento em mídias físicas

Em 2001, a edição em DVD inclui comentários do elenco, um segundo áudio com o comentário de Russo, uma entrevista que ele deu em 1990, um link com o Gay and Lesbian Alliance Against Defamation (GLAAD - Liga Gay e Lésbica Contra a Difamação, em inglês), e algumas entrevistas deletadas na edição, que acabam se transformando num segundo documentário.[19]

No Brasil, o documentário foi lançado em 2022, como extra na edição do filme Victim, de 1961 (que também é comentado no presente documentário), pela distribuidora Obras Primas do Cinema.[20][21]

Em 22 de novembro de 2022, a Sony Pictures Classics lançou nos Estados Unidos um box set intitulado Sony Pictures Classics: 30th Anniversary Collection 4K (1992-2017) que incluiu 12 filmes no formato Blu-ray 4k UHD e traz o documentário restaurado em 4k, bem como os extras do DVD, também restaurados.[22]

Créditos

As seguintes pessoas foram entrevistadas para o documentário.

Filmes discutidos e mostrados

Referências

  1. The Celluloid Closet (em inglês). no Box Office Mojo.
  2. Trotta, Luís Felipe Dias (1 de abril de 2022). Invenções e descobertas que mudaram a vida dos LGBT+ e de como a sociedade os via. [S.l.]: Editora Dialética. p. 96. ISBN 978-65-252-3036-8. Consultado em 29 de julho de 2023 
  3. «The Celluloid Closet – O Cinema no Armário - ROB EPSTEIN/JEFFREY FRIEDMAN - Jeffrey Friedman - Rob Epstein - Compra filmes e DVD na Fnac.pt». FNAC Portugal. Consultado em 29 de julho de 2023 
  4. «The Celluloid Closet - O Cinema no Armário (DVD-Vídeo)». Wook.pt. Consultado em 29 de julho de 2023. Cópia arquivada em 29 de julho de 2023 
  5. Duarte, Rosália (1 de agosto de 2017). Cinema & Educação. [S.l.]: Autêntica Editora. ISBN 978-85-8217-994-9. Consultado em 28 de julho de 2023 
  6. Decia, Patricia (24 de abril de 1996). «Filme "tira do armário" os gays do cinema americano». Folha de S.Paulo. UOL HOST. Consultado em 29 de julho de 2023. Cópia arquivada em 29 de julho de 2023 
  7. a b GigliottiI, Fátima (6 de agosto de 1999). «Vídeo lançamentos: "O Outro Lado de Hollywood"». Folha de S.Paulo. UOL HOST. Consultado em 28 de julho de 2023. Cópia arquivada em 29 de julho de 2023 
  8. a b Labaki, Amir (6 de setembro de 1995). «Filme tira Hollywood gay do armário». Folha de S.Paulo. UOL HOST. Consultado em 29 de julho de 2023. Cópia arquivada em 29 de julho de 2023 
  9. a b c d e f g h «Telling Pictures: The Celluloid Closet». tellingpictures.com. 2004. Consultado em 19 de agosto de 2013. Arquivado do original em 13 de junho de 2008 
  10. Rosenbaum, Jonathan (4 de agosto de 1981), «The Celluloid Closet: Homosexuality in the Movies», Soho News, consultado em 25 de fevereiro de 2010 
  11. a b «The Gay Rights Movement, U. S.». The Gay, Lesbian, Bisexual, Transgender, and Queer Encyclopedia. 2013. Consultado em 20 de agosto de 2013 
  12. a b c d e Simpson, Janice C. (6 de abril de 1992). «Out of the Celluloid Closet: Gay Activists are on a Rampage Against Negative Stereotyping and Other Acts of Homophobia in Hollywood». TIME. 139 (6). p. 65. Consultado em 20 de agosto de 2013. Arquivado do original em 2 de agosto de 2009 
  13. Smelik, Anneke (1998). «Gay and Lesbian Criticism». In: Hill, John; Church Gibson, Pamela. The Oxford Guide to Film Studies (PDF). Oxford: Oxford University Press. p. 135 
  14. Barrios, Richard (2005). Screened Out: Playing Gay in Hollywood from Edison to Stonewall. London: Routledge. p. 5. ISBN 978-0415923293 
  15. «The Celluloid Closet (1995) - Awards - IMDb». IMDb 
  16. «The Celluloid Closet». peabodyawards.com. Consultado em 30 de setembro de 2018 
  17. Milvy, Erika. «Out and About». www.metroactive.com. Consultado em 30 de setembro de 2018 
  18. «12th annual Spirit Awards ceremony - FULL SHOW | 1997 | Film Independent» – via www.youtube.com 
  19. Duncan, Phillip (8 de junho de 2001). «Celluliod Closet: SE, The». www.dvdtalk.com. Consultado em 31 de julho de 2023. Cópia arquivada em 29 de agosto de 2010 
  20. Veninno, Rodrigo (7 de setembro de 2022). «RESENHA - OBRAS-PRIMAS DO CINEMA - AGOSTO 2022». Os Anos Perdidos. Consultado em 31 de julho de 2023. Cópia arquivada em 31 de julho de 2023 
  21. Fernandes, Gabriel (30 de junho de 2022). «Clássico "Meu Passado Me Condena" e coleções de Abbas Kiarostami e Dorothy Arzner, abrem pré-venda em DVD». Engenharia do Cinema. Consultado em 31 de julho de 2023. Cópia arquivada em 7 de julho de 2022 
  22. «Sony Pictures Classics: 30th Anniversary Collection 4K Blu-ray (Orlando / The City of Lost Children / The Celluloid Closet / Run Lola Run / Slc Punk / The Devil's Backbone / Volver / Synecdoche New York / Still Alice / Call Me By Your Name / Crouching Tiger Hidden Dragon)». Blu-ray.com. Consultado em 31 de julho de 2023. Cópia arquivada em 13 de janeiro de 2023 

Ligações externas