A tertúlia (do castelhanotertulia) é, na sua essência, uma reunião de amigos, familiares ou simplesmente frequentadores de um local, que se reúnem de forma mais ou menos regular, para discutir vários temas e assuntos, especialmente os literários.[1]
História
Como o jornalista português Belo Redondo disse, "a vida nacional gira à volta de uma chávena", numa referência inequívoca da importância das tertúlias em Portugal. As tertúlias foram "importadas" para Portugal de Paris, onde surgiram e se espalharam pelo mundo, associadas aos cafés. Cada café tinha uma, ou mais, tertúlias sobre temas diferentes. Paralelamente, os seus integrantes identificavam-se como pertencendo à tertúlia A ou B, numa clara divisão das águas entre correntes de pensamento diferentes.
Foram em torno destas tertúlias de café que a política e as artes portuguesas do século XIX e primeira metade do século XX se desenvolveram, pelo cruzar de opiniões, troca de ideias, apresentação e discussão de ideias e livros novos etc. Com o advento do Estado Novo, as tertúlias tornam-se o último reduto da discussão livre da censura, mas, com o tempo, são cada vez mais espiadas pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE). Um exemplo disto foi o Grupo do Café Gelo. Paralelamente, a melhoria das comunicações, nomeadamente com o advento da televisão, e o aparecimento de outros espaços, levaram ao desaparecimento gradual das tertúlias.
Actualmente, assiste-se a uma tentativa do seu renascimento, com várias instituições a criarem tertúlias sobre vários temas. No Rio Grande do Sul, situado no sul do Brasil, as tertúlias foram um importante meio de difusão cultural, incluindo música e poesia, e vêm sendo valorizadas pelo movimentos tradicionalista e nativista daquele Estado da Federação brasileira.
Referências
↑FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 669.