Tempo do Sonho (The Dreaming ou também conhecido como Dreamtime) é um termo criado pelos primeiros antropólogos para se referir a uma visão de mundo religioso-cultural atribuída às crenças aborígenes australianas. Foi originalmente usado por Francis Gillen, rapidamente adotado por seu colega Baldwin Spencer e posteriormente popularizado por A. P. Elkin, que, no entanto, posteriormente revisou seus pontos de vista.
O Tempo do Sonho é usado para representar conceitos aborígenes de Everywhen, durante os quais a terra era habitada por figuras ancestrais, muitas vezes de proporções heróicas ou com habilidades sobrenaturais. Essas figuras eram muitas vezes distintas dos deuses, pois não controlavam o mundo material e não eram adoradas, mas apenas reverenciadas. O conceito, posteriormente, tornou-se amplamente adotado além de seu contexto australiano original e agora faz parte da cultura popular global.
O termo é baseado em uma versão da palavra arandica alcheringa, usada pelo povo Aranda (Arunta, Arrernte) da Austrália Central, embora tenha sido argumentado que é baseado em um mal-entendido ou má tradução. Alguns estudiosos sugerem que o significado da palavra está mais próximo de "eterno, incriado".[2] O antropólogo William Stanner disse que o conceito era melhor compreendido por pessoas não aborígenes como "um complexo de significados".[3]Jukurrpa é um termo difundido usado pelo povo Warlpiri e outros povos do Deserto Ocidental.[4][5][6]
Na década de 1990, o conceito havia adquirido seu próprio papel na cultura popular, com base em concepções idealizadas ou ficcionalizadas da mitologia australiana. Desde a década de 1970, Dreaming também saiu do uso acadêmico via cultura popular e turismo e agora é onipresente no vocabulário inglês dos australianos aborígenes em uma espécie de "profecia acadêmica auto-realizável".[2]
Notas
Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «The Dreaming».
Lawlor, Robert (1991). Voices of the First Day: Awakening in the Aboriginal dreamtime. Rochester, Vermont: Inner Traditions International. ISBN0-89281-355-5
di Leonardo, Micaela (2000). Exotics at Home: Anthropologies, Others, and American Modernity. [S.l.]: University of Chicago Press. p. 377 n.42. ISBN9780226472645("Into the Crystal Dreamtime", promotional pamphlet, late 1980s; "Crystal Woman: isters of the Dreamtime" 1987; p. 36:"the prescriptive New Age genre, which sells one-hundred-proof ethnological antimodernism without overmuch worry about bothersome ethnographic facts")
Vanni, Maurizio; Pedretti, Carlo (2005). Giuliano Ghelli. Le vie del tempo (em italiano, inglês, e alemão). Poggibonsi (province of Siena), Italy: Carlo Cambi Editore. pp. 18, 70. ISBN88-88482-41-5. Ghelli's work appears as an authentic initiatory experience, with important ordeals to overcome. No Aboriginal boy can be considered a man, nor can an Aboriginal girl marry, until he or she has overcome all the initiatory rituals. One of these, perhaps the most feared, is the interpretation of symbols in paintings associated with Dreamtime.
Voigt, Anna; Drury, Neville (1997). Wisdom of the Earth: the living legacy of the Aboriginal dreamtime. East Roseville, NSW: Simon & Schuster
Wolf, Fred Alan (1994). The Dreaming Universe: a mind-expanding journey into the realm where psyche and physics meet. New York: Simon & Schuster. ISBN0-671-74946-3