Siteía (em grego: Σητεία) ou Sitía é a principal cidade e município do extremo oriental da ilha de Creta, Grécia. Pertence à unidade regional de Lasíti e tem 633,2 km² de área. Em 2001 tinha 18 318 (densidade: 28,9 hab./km²). No mesmo ano, o que é hoje a unidade municipal de Siteía, com 277,4 km², tinha 14 513 (densidade: 52,3 hab./km²), dos quais 9 912 na cidade.[1]
Situa-se à beira do mar de Creta (designação da parte sul do mar Egeu),[2] 65 km a leste de Ágios Nikolaos, 60 km a nordeste de Ierápetra e 130 km a leste de Heraclião (distâncias por estrada). A cidade dispõe de um porto e é um dos polos económicos da região de Lasíti. Apesar de dispor de um pequeno aeroporto internacional (IATA: JSH, ICAO: LGST) e da extensa praia que se estende até Ágia Fotiá e quase até Vái, a cidade e a região tem sido poupada ao turismo de massas que se verifica em outros pontos da costa norte de Creta e recebe relativamente poucos turistas.
O município e foi criado pela reforma administrativa de 2011 e resultou da fusão dos antigos municípios, e atuais unidades municipais de Itanos, Léfki e Siteía. O seu território corresponde à antiga província de Siteía, à exceção do ex-município de Macrigialós,[3] extinto em 1996, que também fazia parte da província[4] e atualmente é uma unidade municipal de Ierápetra.[3]
Etimologia
O nome atual deriva provavelmente de Eteía (em grego: Ητεία), também grafado como Itia e Etia,[5] uma cidade que remonta ao período minoico e que provavelmente se localizava no local onde está atualmente a cidade moderna.[6] Outra localização possível de Eteía é o sítio arqueológico de Tripitos.[7] Outro nome antigo da cidade é Sitea.[6] Durante o período otomano chamou-se Avnie.
No município há vários outros sítios arqueológicos, nomeadamente os assentamentos minoicos de Praesos (o último reduto da cultura minoica após a invasão dóricac.1 100 a.C.),[9]Russólacos (junto a Palaicastro),[10]Zacro,[11]Móchlos[12] e Itanos;[13] ou ainda o túmulo abobadado de Platiscinos(1400–1220 a.C.),[14] as mansões ou villas minoicas de Achládia[15] Hamezi,[16] Zhou[17] e Ágia Fotiá.[18] De referir ainda as ruínas da cidade portuária do período helenístico de Tripitos[7] e os vestígios de tanques da época romana situados perto do porto de Siteía onde eram conservados peixes vivos para serem consumidos frescos.[19] Na ilhota de Koufonisi, ao largo de Kserokambos, há inúmeros vestígios de ocupação dos períodos minoico e romano, nomeadamente de um teatro greco-romano. A ilhota foi densamente povoada e foi um centro de exploração de pórfiro.[20] Na ilhota de Psira, a oeste de Móchlos, há importantes vestígios de um assentamento pré-minoico.[21]
Durante o período bizantino, a cidade prosperou como porto comercial. Durante a Idade Média, a cidade era rodeada por uma grande muralha e tinha um castelo, situado onde se ergue atualmente a fortaleza veneziana de Kazarma, numa colina junto ao porto.[6]
Durante o período em que Creta foi uma possessão da República de Veneza (ver Ducado de Cândia), a cidade foi ampliada, fortificada e serviu de base de operações no Mediterrâneo Oriental, desenvolveu-se em todos os setores e tornou-se a maior cidade do oriente de Creta.[6] O vestígio atual mais notável da presença veneziana é a Kazarma (do italiano"casa di arma"), a velha fortaleza que domina o porto.[22] Um dos maiores vultos da literatura grega e do Renascimento Cretense, Vitsentzos Kornaros(1553–1613), nasceu em Siteía. Kornaros é célebre sobretudo pelo seu poema de amor Erotokritos e pelo poema dramático O Sacrifício de Abraão.[6]
Durante o período veneziano, Siteía foi destruída três vezes: em 1508 por um sismo, em 1538 por um ataque de piratas[6] (o corsário turco Barba Ruiva atacou várias vezes a cidade)[23] e em 1651 pelos próprios venezianos. Como o resto de Creta, foi depois conquistada pelo Império Otomano. Os otomanos reconstruíram a cidade e a Kazarma e chamaram à cidade Avnie,[6] mas a cidade declinou a ponto de ser praticamente abandonada, só tendo sido repovoada por agricultores em 1869.[carece de fontes?]
Infraestruturas
Siteía dispõe de um porto comercial e de um porto de recreio e pesca. É servida por ligações diretas de ferryboats com o Pireu, o porto de Atenas e diversas ilhas gregas.[24]
O Aeroporto de Siteía (IATA: JSH, ICAO: LGST) serve alguns voos domésticos regulares e voos chárter internacionais no verão.[25] Em 2010 decorriam negociações para que a Companhia aérea de baixo custoRyanair começasse a voar para Siteía. O aeroporto foi inaugurado em 9 de junho de 1984. Em maio de 1993 foram terminadas obras de melhoramento, que incluíram um novo edifício e uma torre de controlo. Em 2003 foram feitos mais melhoramentos, que incluíram a extensão da pista. Em 2011 houve mais obras que reforçaram a capacidade para voos internacionais.[26]
O Hospital Geral de Siteía foi fundado em 1947 como centro de saúde local e em 1994 passou a funcionar num novo edifício com 7 500 m³ de área coberta e capacidade para 110 camas, passando a ser o principal hospital do município de das zonas vizinhas.[27]
Ilhas Dionisíades — abrigam várias espécies vegetais ameaçadas e são o habitat de vários animais, sobretudo aves e pequenos répteis, que incluem o falcão-da-rainha (Falco eleonorae).[29]
Palmeiral de Vái — É a maior floresta natural de palmeiras da Europa. Segundo a lenda, terá crescido a partir de sementes deixadas por piratas sarracenos, mas como tem mais de 2 000 anos de idade, considera-se a hipótese de ter sido originalmente plantada por fenícios. Situada à beira da praia homónima, pertencia ao rico Mosteiro de Tóplou.[30]
Inúmeras praias de areia,[32] algumas consideradas das melhores e mais pitorescas de Creta, como a de Itanos, Karoumes, Zacros,[33] Vái[30] e muitas outras.
Numerosos sítios arqueológicos de povoados minoicos da Idade do Bronze.[6]
Museus
Museu Arqueológico — Tem peças que datam de 3 500 a 500 a.C., espalhadas por cinco salas organizadas cronologicamente. Tem uma extensa coleção de vasilhas, tábuas de argila com inscrições em Linear A encontradas em Zacro, pequenas estatuetas e um moinho. A peça mais importante é um kouros (estátua de um homem) feita em ouro e marfim de hipopótamo, encontrada em Russólacos (Palaicastro).[34][35]
Museu do Folclore — Expõe peças dos séculos XIX e XX, nomeadamente madeiras esculpidas, trajes locais e decoração. O museu está instalado numa casa tradicional cretense. Em Hamezi há outro museu da cultura, também instalado numa casa tradicional, que tem objetos relacionados com o vinho e respetivas prensas, além de objetos de ferro.[36][19]
Museu–Salão de Exposições de Produtos Locais — Propriedade da Cooperativa Agrícola de Siteía, tem como objetivo mostrar e promover os produtos tradicionais locais. Entre esses produtos destacam-se os afamados azeite Sitia, o vinho Topikos e o raki (designação da aguardenteoúzo em Creta) Varvaki.[37]
Embora não seja exatamente um museu, a cooperativa vinícola de Míssonos tem visitas guiadas à adega onde se mostra e explicam os métodos de produção de vinho tradicional.[19]
Mosteiros
Mosteiro de Tóplou (ou Toplos) — Dedicado a Ágios Georgios (São Jorge), no século XVIII gozava do privilégio especial de não pagar impostos. Em 1798, o patriarca de Constantinopla declarou o mosteiro e as suas imediações como "incultiváveis e imperturbável" e o acesso a ele passou a depender de autorização. Atualmente é dirigido pelo abade Filotheos Spanoudakis, que o mandou restaurar e ali fundou um Museu de Ícones, que além de ícones tem em exposição bíblias, hábitos e cruzes de ouro e prata. No refeitório há frescos do pintor Manolis Betinakis, realizados aquando do restauro recente.[38][39]
Mosteiro de Kapsa — situado ao pé de uma montanha, próximo da garganta de Pervolaki, com vistas sobre o mar da Líbia (costa sul), a nove quilómetros de Macrigialós.[40]
Notas e referências
Texto inicialmente baseado na tradução dos artigos «Sitia» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão) e «Sitía» na Wikipédia em castelhano (acessado nesta versão).
↑Saundry, Peter; et al. (13 de maio de 2013). «Sea of Crete». The Encyclopedia of Earth (em inglês). www.eoearth.org. Consultado em 29 de janeiro de 2014 !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link)
↑Swindale, Ian. «Zakros». www.minoancrete.com (em inglês). Minoan Crete. Consultado em 30 de janeiro de 2014
↑Swindale, Ian. «Mochlos». www.minoancrete.com (em inglês). Minoan Crete. Consultado em 30 de janeiro de 2014
↑Fisher, John; Garvey, Geoff (2007), The Rough Guide to Crete, ISBN978-1-84353-837-0 (em inglês) 7ª ed. , Nova Iorque, Londres, Deli: Rough Guides, p. 205