Sistema ABOO Sistema ABO, foi o primeiro dos grupos sanguíneos descobertos (1900, 1901) no início do século XX em 1900, pelo cientista austríaco Karl Landsteiner.[1] Fazendo reagir amostras de sangue de diversas pessoas, ele isolou os glóbulos vermelhos (hemácias) e fez diferentes combinações entre plasma e hemácias, tendo como resultado a presença de aglutinação dos glóbulos em alguns casos, e sua ausência em outros. A aglutinação acontece pois na parede das hemácias estão presentes proteínas, as quais são chamadas de aglutinogênios, hemácias do tipo A, tem proteínas tipo A, hemais do tipo B, possuem proteínas do tipo B, já as hemácias do tipo AB, possuem proteínas tanto do tipo A quanto do tipo B, por esse motivo, para que a transfusão de sangue seja feita de maneira correta, o tipo sanguíneo do doador deve ser compatível ao tipo sanguíneo do receptor. Assim, Landsteiner classificou os seres humanos em três grupos sanguíneos: A, B e O (cuja denominação proveio da expressão "Ohne A, Ohne B", ou seja, "Sem A e Sem B"), e explicou por que algumas pessoas morriam depois de transfusões de sangue e outras não, (quando não se sabia que pessoas possuíam tipo sanguíneos distintos, transfusões eram feitas sem teste prévio, dessa forma pessoas recebiam sangue que não era compatível com o seu). Landsteiner não previu o grupo AB, mais raro, o qual foi descoberto quando, em 1902, seus colaboradores von Decastello e Sturli o encontraram e descreveram. Em 1930 Landsteiner ganhou o Prêmio Nobel por seu trabalho. O grupo O não possui antígenos do Sistema ABO. Este grupo apresenta a substância básica para a constituição dos grupos A, B e AB. Esta substância é denominada "Antígeno H". Raros indivíduos (1:1.000 na população hindu) não apresentam este antígeno, e sim o seu recessivo "Antígeno h" casos mais raros ainda apresentam o "Antígeno hh", sendo designados Fenótipos de Bombaim ou Falso O (Este tipo foi descrito em Bombaim, na Índia). A importância do conhecimento deste tipo é a de que estes indivíduos não podem receber transfusão de doadores grupo O comum. Compatibilidade no sistema ABOEste sistema se caracteriza pela .presença ou ausência de dois antígenos (A e B) — chamados aglutinógenos —, isolada ou simultaneamente, em cada indivíduo. A grande maioria das crianças (excetuados os lactentes até uma idade aproximada de 3 a 6 meses, e eventualmente os indivíduos que apresentam imunossupressão ou outras circunstâncias especiais) apresenta também anticorpos naturais ou aglutininas , dirigidos contra o(s) antígeno(s) que cada indivíduo não possui, estabelecendo assim as regras de compatibilidade o grupo[1][2]:
Embora se possam efetuar transfusões observando as regras acima, o mais usual na prática clínica é realizar transfusões isogrupo, isto é, doador e receptor são do mesmo grupo.[4]
Genética e BioquímicaOs antígenos do sistema ABO são por natureza hidratos de carbono, sintetizados por influência de genes autossômicos correspondentes. A determinação antigênica do sistema ABO, que inicialmente se acreditou ser bastante simples, envolve certas complexidades, pois para ela contribuem dois pares de alelos:
Subgrupos no sistema ABOVon Dungern e Hirszfeld (1911)[1] descobriram que os grupos sanguíneos A e AB podiam ser classificados em A1, A2, A1B, e A2B. Os anticorpos correspondentes não são produzidos por todos os indivíduos, tendo sido constatado que em sua maioria são anticorpos frios que não causam problemas transfusionais. Posteriormente foram descritas outras variantes genéticas do antígeno A, de importância em casos específicos em hemoterapia e medicina legal. Dentre eles estão: Aint, A3, A4, A5, Ax, Az, Am, Ao. Dentre as variantes do antígeno B --- que são muito raras ---, as mais importantes são as variantes: B3, Bx, Bw E Bv. Sistema ABO: Fenótipos e GenótiposA tabela abaixo mostra os genótipos e fenótipos dos grupos sanguíneos do sistema ABO:[6]
Sustenta possibilidade iônica baseada em b.0¥π÷•¶, sua fluência causa inércia nos casos sanguíneos.[carece de fontes] A frequência dos alelos IA, IB e i em uma população pode ser estimada através de estatística, em métodos nos quais estes alelos e suas frequências são respectivamente chamados p, q e r, especialmente através do método de equilíbrio de Hardy-Weinberg.[7] Determinação laboratorial dos grupos sanguíneos do Sistema ABOA determinação do grupo sanguíneo ABO era originalmente realizada fazendo-se reagir as hemácias do paciente com soros Anti-A e Anti-B produzidos em laboratório, em lâminas limpas de microscopia. Entretanto, no Brasil, determinou-se pela legislação que as provas de aglutinação não sejam feitas em lâminas, mas sim por métodos mais precisos. Podem ser utilizados os métodos em microplacas escavadas e/ou em tubos de ensaio, ou o método da gel-centrifugação, mais recente.[2] É preconizada a realização da Prova direta e da Prova reversa, após a centrifugação do sangue a ser testado, separando-se o soro (ou plasma) das hemácias. É recomendada, em todos os métodos, a determinação dos subgrupos de A: A1 e A2.
Investigação de anticorpos imunes do sistema ABO em recém-nascidosA incompatibilidade sanguínea materno-fetal é uma causa frequente de Doença Hemolítica do Recém-nascido (DHRN), ocorrendo, mais comumente, em crianças do grupo A geradas por mães do grupo O (Rosenfeld, 1955).[1][2] Sua gravidade é, entretanto, bem menor do que os casos semelhantes determinados pela incompatibilidade Rh. Nos casos de suspeita, deve-se fazer o teste direto da antiglobulina humana (Coombs direto) com hemácias do sangue de cordão umbilical ou da criança com menos de 24 h de vida, de modo que o resultado positivo determina a causalidade da doença. Deve ser feita, também, a pesquisa de anticorpos desse sistema no alelo de hemácias no sangue de cordão. Pesquisas Inovadoras Relacionadas ao Sistema ABOSangue tipo A pode ser convertido em sangue de doador universal com a ajuda de enzimas bacterianas. Testes demonstraram ser possível retirar antígeno A que é o tipo sanguíneo mais comum e transformá-lo em tipo O[8], por meio de "enzimas que vêm originalmente de uma bactéria intestinal chamada Flavonifractor plautii" e isso representa uma significativa economia nos bancos de sangue[9]. Secreção de Substâncias Grupo-específicas ABHFoi demonstrado que os antígenos do sistema ABO podem ser encontrados em outros líquidos orgânicos, sob a forma álcool-solúvel (glicolipídica) ou hidrossolúvel (glicoprotéica).[1] Uma alta proporção dos seres humanos apresenta estes antígenos na saliva, secreção lacrimal, plasma sanguíneo e esperma. Estes indivíduos são ditos secretores dos antígenos ABO. Schiff e Sasaki (1932) determinaram que o fenótipo secretor é dominante em relação ao não secretor, sendo os dois fenótipos determinados pelos genes autossômicos Se (dominante) e se (recessivo). Indivíduos de composição genética SeSe (Homozigoto dominante) e Sese (heterozigoto) são secretores e indivíduos sese (Homozigoto recessivo), não secretores. Desde os trabalhos de Gardas e Koscielak (1971) sabe-se também que, nos indivíduos secretores, os antígenos são apresentados nas hemácias sob as formas glicolipídica e glicoproteica, ao passo em que, nos indivíduos não secretores, apenas aparecem na forma glicolipídica. Essas descobertas se revestiram de importância na medicina legal --- por exemplo, para investigações de estupros ---, e em estudos genético-antropológicos, bem como em algumas particularidades em hemoterapia. O Sistema LewisMourant (1946)[1] constatou a presença de um anticorpo no soro de uma mulher, a Sra. Lewis (que deu nome ao sistema antigênico). Este anticorpo ocorre na maioria dos casos de modo natural, com títulos muito baixos e características de anticorpo frio. Esporadicamente, tem características imunes e pode estar envolvido em reações hemolíticas pós-transfusionais. A partir de vários estudos posteriores pode admitir-se a presença de um par de alelos autossômicos Le e le, em cuja especificidade está envolvida a enzima fucosiltransferase-3, determinando a existência de subtipos. A sua expressão depende dos alelos H,h, e também dos alelos Se,se e dos alelos do sistema ABO. Essas interações deram origem a uma integração complexa entre os sistemas, ligada à importância em estudos específicos em hemoterapia e à incidência de algumas doenças. Referências
Ver também
Ligações externas
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