Filha de Joseph-Arundel de Riquetti, Conde de Mirabeau (1820-1860), que foi o bisneto de Victor Riqueti de Mirabeau, Marquês de Mirabeau, economista do século XVIII e sobrinho-neto de Honoré Gabriel Riqueti de Mirabeau, Conde de Mirabeau, o célebre orador revolucionário. Sibylle era descendente de Octave Mirabeau, reacionário irmão mais novo de André-Bonifácio-Louis de Riquetti, Visconde de Mirabeau, (1754-1792) conhecido como Mirabeau Tonneau por causa da atitude notória em que quebrou sua espada na frente da Assembleia Revolucionária Francesa (onde representou a nobreza de Limosino), amargamente clamando: “Agora que o rei desistiu de seu Reino, um nobre já não precisa de uma espada para lutar por ele!”.
Embora em suas memórias Gyp ter afirmado que nasceu em 15 de agosto, acontece ter sido aniversário de Napoleão Bonaparte. W.Z. Silvermann[2] defende que, pela certidão de nascimento de Sibylle, ela nasceu na manhã de 16 de agosto de 1849. Na referida certidão de nascimento, alterada a pedido escrito de seu pai, seu nome foi especificado como Sibylle Aimée Marie-Antoinette Gabrielle, nessa ordem.
Sibylle foi a última dos Mirabeau, e cresceu em crítica permanente por não ter sido um menino para continuar a ilustre linhagem. Quando ainda criança, seus pais se separaram e ela seguiu a sua mãe, nascida Marie Le Harivel de Gonneville, que se instalou em Nancy na residência da família, Carrière. Sua mãe também foi escritora, e contribuiu com Le Figaro. Seu avô, antigo oficial da Grande Armée, foi o responsável por sua educação. Ela aprendeu esgrima, equitação e dança clássica. Seu pai a levou a Frohsdorf, residência do Conde de Chambord.
Com a morte do pai, em 1860, ela se distanciou mais de sua mãe, que se engajara socialmente na literatura, publicando em vários periódicos, sob vários pseudônimos. Em 2 de dezembro de 1867, Sibylle casou com o Conde Roger de Martel de Janville, com quem teve 3 filhos. O jovem casal se instalou em Paris, onde Sibylle posou para Jean-Baptiste Carpeaux, e depois em Nancy. Durante a guerra de 1870, Roger de Martel esteve em Le Havre e aliou-se a Félix Faure, o futuro Presidente da República. Em 1879, Martel se instalaram permanentemente em Neuilly-sur-Seine, entre a rua de Chézy e o boulevard Bineau.
Marie de Mirabeau, mãe de Sibylle.
A Condessa de Martel começou a publicar alguns textos em La Vie parisienne, em fevereiro de 1877, e depois em La Revue des Deux Mondes. A partir de 1880, ela começou a publicar em volumes, sob o pseudônimo “Gyp”, escrevendo todas as noites, num total de 120 obras, as quais alcançaram grande sucesso: Petit Bob (1882), Les Chasseurs, Un trio turbulent, Autour du mariage (1883), Ce que femme veut (1883), Sans voiles (1885), Autour du divorce (1886), Dans le train (1886), Mademoiselle Loulou (1888), Bob au salon (1889), L'Éducation d'un prince (1890), Passionette (1891), Oh! la grande vie (1891), Une Élection à Tigre-sur-mer (1890), Mariage civil (1892), Ces bons docteurs (1892) De haut en bas (1893), Le Mariage de Chiffon, popularizado pelo cinema (1894), Leurs âmes (1895), Le Cœur d'Ariane (1895), Le Bonheur de Ginette (1896), Totote (1897), Lune de miel (1898), Israël (1898), L'Entrevue (1899), Le Pays des champs (1900), Trop de chic (1900), Le Friquet (1901), La Fée (1902), Un Mariage chic (1903), Un Ménage dernier cri (1903), Maman (1904), Le Cœur de Pierrette (1905), Les Flanchards (1917), Souvenirs d'une petite fille (1927-1928), entre outros.
Toda essa grande produção atualmente está completamente esquecida[3], apesar de mostrar senso de diálogo, sagacidade, humor, e grande capacidade de observação. Gyp zomba da felicidade da sociedade a que ela pertence, e cria personagens arquetípicas interessantes, porém, muitos dos seus romances estão imbuídos de um certo anti-semitismo e demasiado patriotismo, o que pode ter causado o seu ostracismo atual.
A Condessa de Martel foi boulangista, antidreyfus, embora tenha sida amiga de Anatole France, a ponto de ele lhe confiar sua filha Suzanne após o divórcio, esta passando todos os domingos em Neuilly, na casa da Condessa de Martel[4], e apaixonadamente nacionalista, como a maioria dos concidadãos com a perda da Alsácia-Lorena. Ela publicou em La Vie parisienne, de março de 1897 a maio de 1898, um jornal fictício de um famoso defensor da Dreyfus, Ludovic Trarieux, que foi condenado por difamação.
Falha a sua tentativa de trazer para o palco Autour du mariage. Mademoiselle Ève (1895) obteve maior mais sucesso, mas Gyp não foi feita para ser autora dramática.
Em sérias dificuldades financeiras, aliviadas pela sua produção literária, mesmo assim em 1895 ela comprou o Castelo de Mirabeau, o que completou a sua ruína. Ela vendeu-o em 1907 para Maurice Barrès.
Gyp foi a mãe do neurocirurgião Thierry de Martel, que cometeu suicídio com a entrada dos alemães em Paris, em 14 de junho de 1940.
Obras
La Vertu de la baronne, Calmann-Lévy, 1882
Petit Bob, Calmann-Lévy, 1882
Autour du mariage, Calmann-Lévy, 1883, comédia em 5 atos
Ce que femme veut, Calmann-Lévy, 1883
Un homme délicat, Calmann-Lévy, 1884
Le Monde à côté, Calmann-Lévy, 1884
Plume et Poil, Calmann-Lévy, 1884
Elle et Lui, Calmann-Lévy, 1885
Sans voiles !, Calmann-Lévy, 1885
Le Druide, roman parisien, Victor-Havard, 1885
Le Plus heureux de tous, 1885
Autour du divorce, Calmann-Lévy, 1886
Dans l'train, Victor-Havard, 1886
Joies conjugales, Calmann-Lévy, 1887
Pour ne pas l'être ?, Calmann-Lévy, 1887
Les Chasseurs, Calmann-Lévy, 1887
Mademoiselle Loulou, Calmann-Lévy, 1888
Petit Bleu, Calmann-Lévy, 1888
Bob au salon, Calmann-Lévy, 1888
Pauvres petites femmes, Calmann-Lévy, 1888
Les Séducteurs, Calmann-Lévy, 1888
Bob à l'exposition, Calmann-Lévy, 1889
Ohé, les psychologues!, Calmann-Lévy, 1889
Mademoiselle Ève, Calmann-Lévy, 1889
Tout-à-l'égout !, Calmann-Lévy, 1889, pequena revisão em 3 atos e um prólogo, representado em Paris, no Helder, em 10 de janeiro de 1889
Une élection à Tigre-sur-Mer, racontée par Bob, 1890
L'Éducation d'un prince, Calmann-Lévy, 1890
Ô province !, Calmann-Lévy, 1890
Ohé, la grande vie !, Calmann-Lévy, 1891
Un raté, Calmann-Lévy, 1891
Une passionnette, Calmann-Lévy, 1891
Monsieur Fred, Calmann-Lévy, 1891
Mariage civil, Calmann-Lévy, 1892
Tante Joujou, Calmann-Lévy, 1892
Monsieur le duc, Calmann-Lévy, 1892
Madame la duchesse, Calmann-Lévy, 1893
Pas jalouse, Calmann-Lévy, 1893
Le Treizième, Calmann-Lévy, 1894
Du haut en bas, Georges Charpentier e Éditions Fasquelle, 1894
Le Journal d'un philosophe, Charpentier et Fasquelle, 1894
Le Mariage de Chiffon, Calmann-Lévy, 1894
Professional Lover, Calmann-Lévy, 1894
Le Cœur d'Ariane, Calmann-Lévy, 1895
Ces bons normands, Calmann-Lévy, 1895
Leurs âmes, Calmann-Lévy, 1895
Les Gens chics, Charpentier et Fasquelle, 1895
Bijou, Calmann-Lévy, 1896
Ohé, les dirigeants!, Léon Chailley, 1896
Le Bonheur de Ginette, Calmann-Lévy, 1896
Eux et elle, Calmann-Lévy, 1896
Le Baron Sinaï, Charpentier et Fasquelle, 1897
La Fée surprise, Calmann-Lévy, 1897
En balade: images coloriées du petit Bob, Mongredien, 1897
Du Temps des Cheveux et des Chevaux, Calmann-Lévy, 1929
Celui qu'on aime, Flammarion, 1931
Le Chambard, Le Livre moderne illustré, Ferenczi & fils, 1931
Doudou, 2ª edição 1931
La Joyeuse Enfance de la III République, Calmann-Lévy, 1931
Teatro
Sauvetage, peça em 1 ato, 19 de abril de 1890, Théâtre d'Application
Napoléonette, peça em 5 atos e um prólogo, do romance homônimo, representado no Teatro Sarah-Bernhardt, em 29 de maio de 1919, publicado no L'Illustration em 1921.
Cinema
Le Mariage de Chiffon, filme de Claude Autant-Lara (1942) com Odette Joyeux no papel título
Le Mariage de Chiffon adaptação da televisão francesa (2010)
↑PHELAN, James; RABINOWITZ, Peter J. (2005). A Companion to Narrative Theory. Blackwell Publishing. [S.l.: s.n.] ISBN1405114762 !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
↑Silverman, Willa Z. (1995), The Notorious Life of Gyp - Right-Wing Anarchist in Fin-de-Siècle France. Oxford University Press, ISBN 9780195087543
↑O único romance seu que foi reimpresso regularmente até a década de 1970 foi Le Mariage de chiffon
↑Jeanne Maurice Pouquet, Le Salon de Madame Arman de Caillavet, Paris, Librairie Hachette, 1926, p. 125