Segunda EscravidãoSegunda Escravidão é um conceito historiográfico referente à escravidão enquanto parte da economia mundial na virada do século XVIII para o XIX, compreendendo os três principais espaços escravistas do mundo da época: o Sul do Estados Unidos, o Império do Brasil e a colônia espanhola de Cuba.[1] ConceitoO conceito foi formulado pelo historiador e sociólogo estadunidense Dale Tomich para tratar da escravidão entre os séculos XVIII e XIX, no contexto da Revolução Industrial. Ele apresenta o regime escravista como parte integral e estruturante do capitalismo e do liberalismo no século XIX, trabalhando sob o prisma local (nacional) e global (internacional), assim como suas ligações entre espaços específicos de produção escravista, diferenciando esse período do que podemos chamar de "Primeira Escravidão", aquela ocorrida nas Américas entre os séculos XVI e XVIII.[2] Segundo o historiador Ricardo Salles (2016)[2]:
No Brasil, esse conceito foi trabalhado, principalmente, pelos historiadores Rafael Marquese, Ricardo Salles e Tâmis Parron, apresentando o conceito sob o prisma nacional do Império do Brasil, utilizando-se de paradigmas como o “Tempo Saquarema”,[3] de Ilmar Rohloff de Mattos, para enquadrar a Segunda Escravidão como uma política de Estado brasileira, em consonância com os quadros econômicos globais e seus pares escravistas, Estados Unidos e Cuba.[4] ContextoA “Segunda Escravidão” surgiu a partir da Revolução Industrial, cuja protagonista foi a Inglaterra. A partir do predomínio econômico e militar britânico e o início da produção em massa de produtos industrializados, ocorreu uma intensificação do capitalismo nascente e uma maior especificação econômica global: algumas regiões geravam produção agrícola, que deveria abastecer os mercados das regiões industrializadas; essas, por sua vez, abasteciam os mercados das regiões agrícolas com produtos industrializados.[5] Internacional EscravistaO termo “Internacional Escravista”[6] faz referência a uma série de políticas de Estado e trocas culturais que ligavam internacionalmente os principais espaços escravistas da época, o Sul dos Estados Unidos, o Brasil-Império e a ilha de Cuba, então uma colônia da Espanha. Esses três atores globais emergiram como os principais fornecedores de três commodities extremamente necessárias após a Revolução Industrial:
Além das políticas e experiências compartilhadas, havia também um grau de coordenação e cooperação entre esses Estados no combate ao abolicionismo internacionalista.[6] Referências
Bibliografia
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