Sandra Pêra
Sandra Cristina Marzullo Pêra (Rio de Janeiro, 17 de setembro de 1954) é uma atriz, cantora, compositora e diretora de teatro brasileira, conhecida principalmente por ter sido uma das vocalistas do grupo As Frenéticas. BiografiaÉ filha dos atores Manuel Pêra e Dinorah Marzullo, neta da atriz Antonia Marzullo e irmã da atriz Marília Pêra. Sandra iniciou sua carreira no início dos anos 70, atuando em musicais e peças de teatro como A Vida Escrachada de Joana Martini e Baby Stompanato (1971), Pobre Menina Rica (1972), com direção de Carlos Lyra, Jesus Cristo Superstar (1973), Pippin (1974) e A Verdadeira História da Gata Borralheira (1976). Também trabalhou como backing vocal da cantora e compositora Angela Ro Ro no Festival de Rock de Saquarema, em 1976. Na época, Sandra morava com a atriz e cantora Zezé Motta. Em 1976, foi convidada pelo seu então cunhado, Nelson Motta, para trabalhar na boate Frenetic Dancing Days, idealizada para durar alguns meses e promover o Shopping da Gávea, o primeiro shopping center do Rio de Janeiro, já que na época a Gávea ainda era um bairro exclusivamente residencial. Sandra chamou para trabalhar com ela as atrizes Regina Chaves, Dhu Moraes e Leiloca Neves (com quem morava na época), todas suas colegas em algum dos musicais que havia feito. Por sugestão de Regina, foram convidadas também Lídia Martuscelli (a Lidoka) e Edyr de Castro. Elas trabalhavam como garçonetes, e no fim da noite, faziam um show com canções ensaiadas por elas com o músico Roberto de Carvalho, como Dançar pra Não Dançar, de Rita Lee e Back in Bahia, de Gilberto Gil. Por conta do nome da boate, o grupo passou a se chamar As Frenéticas. O figurino delas foi desenhado por Marília Pêra.[1] Com o fim do Dancing, em 1977, elas foram contratadas pela WEA para gravar um compacto duplo com a canção A Felicidade Bate a Sua Porta, de Gonzaguinha e um pout-purri com alguns rocks que elas cantavam no Dancin'. A música de Gonzaguinha estourou nas rádios e elas gravaram o primeiro LP, simplesmente intitulado Frenéticas, com as duas faixas e canções inéditas de Rita Lee (Fonte da Juventude), Nelson Motta (Pessoal Intransferível) e do Dzi Croquette Wagner Ribeiro (Vingativa). Nelson e Rita também compuseram juntos (com Roberto de Carvalho) o maior sucesso do disco, Perigosa. Em plena ditadura, a canção quase foi censurada. A temporada de lançamento do disco, no Teatro Teresa Rachel, no Rio de Janeiro, foi um grande sucesso. Elas receberam o Disco de Ouro, por mais de 300 mil cópias vendidas.[2] No ano seguinte, gravaram o segundo disco. Caia na Gandaia, que emplacou simultaneamente duas canções em trilhas de novelas da Rede Globo: Dancin' Days, de Nelson Motta e Ruban, na abertura da novela homônima, o maior sucesso de toda a carreira das Frenéticas e que se tornou um clássico atemporal da música brasileira, e O Preto que Satisfaz, presente de Gonzaguinha para elas, na abertura da novela Feijão Maravilha. O disco também continha canções inéditas de Erasmo Carlos (Macho, em que Sandra ganhou o solo), Gilberto Gil e Eduardo Dussek (que ainda pouco conhecido, foi apadrinhado por elas), e foi novamente, Disco de Ouro. Na época, elas ganharam um especial na Globo, também intitulado Caia na Gandaia, exibido na noite de ano novo de 1978 e reprisado algumas vezes no verão de 1979.[3] Em 1979, gravaram o terceiro LP, Soltas na Vida, com canções inéditas de Gonzaguinha (A Marcha do Povo Doido), Gilberto Gil (Sonho Molhado) e Angela Ro Ro (Agito e Uso, com solo de Sandra). Os antigos padrinhos Nelson, Rita e Roberto colaboraram com Perigosíssima, espécie de sequencia de Perigosa. As Frenéticas gravaram também, pela primeira vez, duas canções de Chico Buarque: Ai, Se Eles Me Pegam Agora, que ele as convidou para cantar no histórico disco duplo com a trilha do musical Ópera do Malandro e a inédita Mambordel. O maior sucesso do disco foi É que Nessa Encarnação Eu Nasci Manga, de Luhli e Lucina. Com a transmissão do show desse disco, feita durante a sua turnê europeia, elas inauguraram a televisão a cores em Portugal, em 1980.[4] Em 1980, elas gravaram o disco Babando Lamartine, exclusivamente com canções do compositor Lamartine Babo. O disco foi produzido por César Camargo Mariano.[5] Em 6 de setembro de 1980, Sandra deu à luz a sua única filha, a atriz e cantora Amora Pêra, fruto do seu relacionamento com Gonzaguinha. Em 1981, as Frenéticas viajaram pelo país no Projeto Pixinguinha, ao lado de Erasmo Carlos e Sérgio Sampaio.[6] Em 1982, Sandra, ao lado de Regina, resolveu sair do grupo, por desgastes artísticos surgidos com o tempo. O quarteto restante (Dhu, Edyr, Leiloca e Lidoka) ainda gravaria um último disco, Diabo a Quatro, lançado em 1983, que fez sucesso com a música Você Escolheu Errado o Seu Super-Herói. Mesmo estando oficialmente desligada do grupo, Sandra colaborou como compositora em duas faixas: Não Me Venha com Beijinhos no Pescoço e A Todo Vapor, ambas compostas em parceria com Guilherme Lamounier.[7] Simultaneamente, em 1983, Sandra lançou seu único disco solo, intitulado simplesmente Sandra Pêra, inteiramente autoral, com letras de Sandra para músicas de Guilherme Lamounier, Rosa Passos, Joyce Moreno e Ruban (autor de Dancin' Days). Sua irmã, Marília Pêra, cantava com ela na faixa Blue Azul. O disco teve um sucesso moderado, com a faixa Barriga Vazia (que ela cantou algumas vezes no programa do Chacrinha) ganhando clipe no Fantástico e a faixa Eu Te Arraso entrando na trilha da novela Guerra dos Sexos.[8] Em 1985, Leiloca também saiu das Frenéticas e o grupo resolveu encerrar as atividades. O sexteto se reuniria brevemente 1992, para a gravação de algumas canções inéditas que integraram uma compilação (entre elas Perigosas Peruas, que foi tema de abertura da novela homônima) e o show também intitulado Perigosas Peruas, dirigido por Marília Pêra no Teatro Rival. Em 2000, chegou a ser idealizado um show de comemoração de 25 anos do grupo, que seria dirigido por Miguel Falabella e teria cenografia de Gringo Cardia. No entanto, elas não conseguiram patrocínio a altura do espetáculo concebido, e ele jamais chegou a estrear. Após o fim das Frenéticas, Sandra atuou como atriz em algumas novelas e programas humorísticos na Rede Globo, mas seu trabalho se deu principalmente no teatro. Fez, entre outras peças, O Reverso da Psicanálise (1988)[9], ao lado de Yoná Magalhães e Luiz Fernando Guimarães; Mãe Genti (2000), de Ivaldo Bertazzo, com Rosi Campos e Zeca Baleiro[10]; A Saga da Senhora Café (2002)[11], de Helóisa Perissé; Capitães de Areia (2005)[12]; O Preço (2007), com direção de José Possi Neto[13] e mais recentemente, A Porta da Frente (2018), ao lado da atriz Miriam Mehler. Sandra também dirigiu algumas peças, entre elas Acredite, Um Espírito Baixou em Mim, com os atores mineiros Ílvio Amaral e Maurício Canguçu, que está há 20 anos em cartaz, tendo sido apresentada em mais de 400 cidades e vista por mais de 3 milhões de pessoas.[14] No cinema, atuou em filmes como Agonia (1978), de Júlio Bressane e Dias Melhores Virão (1989), de Cacá Diegues. Em 2004, Sandra assinou a direção do show Baiana da Gema, da cantora Simone.[15] Em 2008, Sandra lançou pela Editora Ediouro o livro As Tais Frenéticas: Eu Tenho uma Louca Dentro de Mim, biografia do grupo. O livro tem prefácio do doutor Drauzio Varella.[16] Em 2016, Sandra estreou ao lado de Dhu Moraes, sua amiga desde antes de Frenéticas (elas se conheceram no musical Pobre Menina Rica, em 1972) o show Duas Feras Perigosas, com roteiro e direção do jornalista Rodrigo Faour. No espetáculo, elas cantam sucessos das Frenéticas, músicas de musicais em que atuaram e composições da MPB contemporânea. Em março de 2019, o show foi lançado em DVD pela Biscoito Fino.[17] Em dezembro de 2018, ao lado de Dhu e Leiloca, representou as Frenéticas no musical 70.doc – Décado do Divino Maravilhoso, que conta a história dos anos 70 através da música e estreou com grande sucesso no Theatro Net Rio. O espetáculo migrou para o Theatro Net São Paulo em março de 2019, contando também com a participação da cantora Baby do Brasil.[18] Em junho de 2021, Sandra lançou, também pela Biscoito Fino, o disco Sandra Pêra em Belchior, todo dedicado a obra do compositor cearense, que segundo a lenda, compôs seu hit "Medo de Avião", inspirado por uma viagem com ela.[19] O disco contém participações especiais de Ney Matogrosso, Juliana Linhares e Zeca Baleiro. Mauro Ferreira, do G1, elogiou o trabalho, dizendo se tratar de disco "disco muito valorizado pelos arranjos e pelo tratamento dramatúrgico do repertório."[20] FilmografiaTelevisão
Cinema
Referências
Ligações externas
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