Samuel Fritz
Samuel Fernandes Fritz (Trutnov, República Tcheca, 9 de abril de 1654 - Jeberos, Peru, 20 de março de 1725)[1] foi um padre missionário tcheco da Companhia de Jesus e cartógrafo à serviço da Espanha, tendo tido um papel fundamental na catequização de vários povos indígenas nas várzeas do alto rio Solimões, além de ter sido um dos grandes críticos à expansão portuguesa na região amazônica espanhola durante o século XVII. VidaNascido em berço nobre, estudou humanidades e filosofia durante boa parte da juventude, ingressando na Companhia de Jesus em 1673. Em 1685, foi encaminhado para a presidência de Quito nas Índias Ocidentais.[2] Os omáguas já haviam requisitado que lhes fosse dado um padre para doutriná-los e para protegê-los das incursões portuguesas de aprisionamento. Para tal missão, o superintendente enviou o padre Samuel Fritz como missionário. Ao longo de quarenta anos, Samuel Fritz trabalhou em grandes trechos do rio Solimões em uma área que ia desde a foz do rio Napo até a foz do rio Negro, formando diversos aldeamentos para a catequização. Em toda essa extensão, além dos omáguas, outras nações se juntaram, como os jurimáguas, aisuares e ibanomas. Em 1689, Fritz iniciou sua descida pelo rio Amazonas, entrando pela área ocupada pelos portugueses ao longo do rio Solimões, no atual estado brasileiro do Amazonas. Ele fundou as missões de Nossa Senhora de Guadalupe (atual cidade de Fonte Boa), São Paulo dos Cambebas (atual São Paulo de Olivença), Castro de Avelães (atual Amaturá), Santa Teresa do Tape (atual Tefé) e Santana de Coari (atual Coari), todas em rotas portuguesas já identificadas desde 1660 (LOREIRO, 1978 apud REZENDE, 2006, p.135).[3] No mesmo ano a partir do aldeamento de São Joaquim, Samuel Fritz desceu à aldeia principal dos jurimáguas a fim de fugir das inundações sazonais do rio. Logo em seguida, acabou adoecendo e pediu para que fosse levado até a atual cidade de Belém, no Pará, para que recebesse maiores cuidados, chegando no dia onze de setembro de 1689.[4] Os motivos de sua ida ainda são incertos, pois, ao invés de subir o rio e se tratar entre seus irmãos espanhóis (sendo que a distância seria mais curta), preferiu seguir um caminho mais longo e entrar em território inimigo. É possível que tenha algum motivo político, uma vez que os portugueses atacavam constantemente as suas missões e aprisionavam os povos com que estava trabalhando.[5] A coroa portuguesa alegou que o padre só havia feito aquela viagem para que pudesse mapear toda a região do rio Solimões e do rio Amazonas, passando essas informações e mapas para a coroa espanhola. Por conta disso, passou 22 meses aprisionado no Colégio dos Jesuítas. Em abril de 1691, chegou a autorização de D. Pedro II liberando o padre para retornar às suas missões. Para tal tal empreitada, uma escolta lhe acompanhou até as primeiras aldeias, porém, quando chegou o momento da escolta retornar ao Pará, os soldados alegaram que iriam tomar posse daquelas aldeias em nome do atual governador do estado do Maranhão e Grão-Pará e que o padre deveria se retirar daquela região.[6] Ao retornar a Quito, relatou sua viagem ao governador da província de Mainas e Marañon Don Jeronimo Vaca de la Vega, que o encaminhou para o vice-rei do Peru Don Melchor Portocarrero y Lasso de la Vega - Conde de Monclova - para que pudesse tomar providências diante das investidas portuguesas em território espanhol. Em anexo a suas declarações, lhe entregou um mapa detalhado de todo o rio Solimões e Amazonas, citando aldeias, missões e povos indígenas em todo o seu trajeto.[7] Em maio de 1693, ele regressou às suas missões, dando continuidade à catequização e ao enriquecimento de seu mapa, explorando vários afluentes do rio Solimões. Durante todo os seus anos de vida, Samuel Fritz se empenhou na proteção dos índios e na luta contra as investidas portuguesas, buscando amigos jesuítas nas províncias portuguesas do Pará e do Maranhão. Referências
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