Ribeira (Natal)
Ribeira é um bairro histórico da cidade de Natal, no estado do Rio Grande do Norte. Inserido na zona leste da cidade, o bairro compreende duas áreas (utilizada pelo setor imobiliário): a Ribeira Histórica (parte baixa do bairro) e o Alto da Ribeira (parte alta do bairro). Depois de uma série de ações promovidas para a revitalização do bairro, o mesmo está recebendo diversos investimentos, principalmente a instalação de vários arranha-céus na região tais como o edifício Mirante João Olímpio Filho, o maior da cidade. Tal fenômeno é atribuído pela Lei de Operação Urbana da Ribeira, de 1997, que foi revisada em 2007. Esta lei concede uma série de benefícios fiscais e construtivos a fim de reabitar o bairro, restaurar prédios históricos e atrair novos investimentos.[1] A Ribeira faz limite com o rio Potenji (ao Oeste), os bairros de Santos Reis e Rocas (ao Norte), Tirol e Petrópolis e Rocas (ao Leste) e Cidade Alta (ao Sul).[2] O bairro abriga tradicionalmente dezenas de repartições públicas, notadamente a sede estadual da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Norte (Datanorte), Junta Comercial do Rio Grande do Norte (Jucern), Juizado Especial Cível, Fundação Procon, sede da Delegacia Regional do Trabalho (DRT-RN), Central de Atendimento ao Contribuinte da Receita Federal (CAC-RN), Instituto Técnico-Científico de Polícia (ITEP-RN), Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), além de agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. HistóriaO historiador potiguar Câmara Cascudo explica assim a origem do nome do bairro:
A Ribeira é berço de importantes personalidades natalenses. Lá viveram Café Filho, Câmara Cascudo, Henrique Castriciano, Ferreira Itajubá,Zé Areia, Pedro Velho, Newton Navarro, Aderbal de França, Erasmo Xavier e Januário Cicco, entre outros.[3] Mas em 1838, lá existiam somente quatro ruas: a rua do Aterro, a rua Duque de Caxias, a rua Silva Jardim e a rua da Alfândega. A primeira é hoje conhecida como Junqueira Aires, enquanto a rua da Alfândega tornou-se rua do Comércio e desde 1932 é chamada de Rua Chile.[5] A Ribeira é o segundo bairro de Natal. No início, era conhecido como Cidade Baixa, em oposição ao bairro mais antigo, a Cidade Alta.[5] A partir de meados do século XIX, consolidou-se o comércio na região, de artigos que chegavam e partiam pelo rio Potenji,[5] em uma relação negocial dominada por Pernambuco.[5] Mais tarde, essa vocação da região para centro de comércio de mercadorias pelos navios se consolidaria com a conturbada construção do Porto de Natal.[5] Entre 1869 e 1902, a sede da Administração Provincial funcionou na Rua do Comércio (atual Rua Chile), na Ribeira,[2] retornando em seguida para a Cidade Alta. Em 1897, quando Natal só tinha os bairros da Ribeira e da Cidade Alta, Olympio Tavares, então vice-presidente da Intendência Municipal, fez realizar o primeiro censo demográfico da cidade, que apontou a existência de 2.800 moradores, na maioria solteiros e analfabetos.[5] Outros censos foram depois realizados, sem jamais registrar população superior a esta. Em 1905, foi inaugurada a Praça Augusto Severo, em homenagem ao norte-riograndense pioneiro da aviação morto no acidente do dirigível Pax. Alguns anos mais tarde, ela receberia estátuas de Nísia Floresta e do próprio Augusto Severo.[5] Por duas vezes, em 1930 e em 1933, um balão dirigível de fabricação alemã, o Graf Zeppelin, sobrevoou Natal e jogou homenagens para o aeronauta potiguar sobre a praça que levava seu nome.[5] A praça recebeu melhorias e tornou-se importante ponto de encontro. Ao seu redor foram construídos prédios tradicionais, como o Teatro Carlos Gomes (hoje Teatro Alberto Maranhão), o Cine Polytheama (primeiro cinema de Natal), a Antiga Escola Doméstica de Natal, o Grupo Escolar Augusto Severo (que também foi sede do Atheneu e da Faculdade de Direito), o Colégio Salesiano São José, a Estação Rodoviária de Natal (hoje transformada em museu), e a Estação da Great Western.[5] No início do século XX, foi o primeiro bairro de Natal a receber iluminação pública.[2] Nos anos 1940, funcionava no bairro o mais importante hotel da cidade, o Grande Hotel, que hospedou importantes personalidades durante a Segunda Guerra Mundial.[2] O bairro foi o núcleo do comércio da cidade, até perder espaço, após a Guerra, para a Cidade Alta e o Alecrim.[2] Em 1966, começaram a circular as balsas que faziam a travessia Natal-Redinha.[2] Em 1983, foi concluída a drenagem e o esgotamento sanitário do bairro,[2] e em 1990, passou a integrar a Zona Especial de Preservação Histórica, juntamente com o bairro de Cidade Alta. Na década de 1990, um projeto de revitalização incluiu a recuperação das fachadas dos imóveis da Rua Chile, e a ampliação da iluminação e do calçamento.[2] AtraçõesO Circuito Histórico, Turístico e Cultural da Ribeira compreende trinta atrações. Dele fazem parte:[2]
PopulaçãoEm 2007, o bairro abrigava uma população de 2.110 pessoas,[7] que residiam em 631 domicílios, ocupando uma área de 60,5 hectares.[2] Metade dos imóveis da Ribeira tem finalidade residencial [8] e um terço dos domicílios é alugado.[7] Transporte e SegurançaO bairro abriga o Porto de Natal, e é servido por 48 linhas de ônibus.[9] Possui seis delegacias especializadas, um batalhão de Polícia Militar e um centro de detenção provisória.[10] EducaçãoCerca de 60% dos responsáveis por domicílios no bairro possuem mais de oito anos de estudo,[7] e oitenta e dois por cento da população total do bairro é alfabetizada.[7] O Colégio Salesiano São José é a única instituição de ensino do bairro.[11] EconomiaDas 620 empresas lá estabelecidas em 2006,[2] cerca de 42% dedicavam-se ao comércio (sobretudo o varejista), 34% aos serviços e 24% à indústria.[2] O rendimento mensal médio dos moradores da Ribeira era de 11,29 salários mínimos em 2000,[2] maior do que a média do município de Natal e da Região Administrativa Leste [2] No entanto, quase a metade da população vive em domicílios com renda de até cinco salários mínimos.[2] No bairro está localizado um assentamento precário: a Favela do Maruim, que reúne 572 pessoas em 143 edificações.[2] Referências
Bibliografia
Ver também
Ligações externas |