Revista Sul
Revista Sul foi um veículo de comunicação de periodicidade variável publicado em Florianópolis de 1948 a 1957, em trinta edições. A revista era editada pelo Círculo de Arte Moderna, posteriormente conhecido como Grupo Sul. Embora seu principal assunto fosse a literatura, a revista também publicava sobre outras artes e manifestações culturais. CaracterísticasA Revista Sul foi o primeiro veículo de comunicação moderno dedicado à cultura de Santa Catarina, tendo surgido em 1948 e durado dez anos. Foi o principal veículo de expressão do Círculo de Arte Moderna, grupo catarinense que introduziu as ideias modernistas na Florianópolis da década de 1940. Tendo como integrantes Aníbal Nunes Pires, Salim Miguel, Eglê Malheiros, Ody Fraga e Silva e Antônio Paladino, entre outros, o Grupo Sul publicou em seu periódico prosa, poesia, teatro e inaugurou a vertente crítica no Estado, além de atuar no terreno teatral, plástico e cinematográfico. A revista tinha como características físicas as capas e ilustrações interiores em preto-e-branco de artistas de diversos lugares. No verso da capa eram publicados poemas na primeira fase da revista, e depois disso os expedientes. A primeira página era quase sempre lugar dos textos de caráter editorial. As últimas páginas da revista, incluindo o verso da contracapa, eram o espaço dedicado ao registro de correspondência com outras publicações (“Recebemos e agradecemos”) e aos anunciantes, enquanto a contracapa geralmente continha o sumário da edição. A publicação, dirigida por Aníbal Nunes Pires com colaboração de outros membros, teve quatro integrantes que foram constantes durante todas as fases da existência dela; foram eles: Salim Miguel, na crítica e na prosa de ficção; Aníbal e Eglê Malheiros, na poesia; e Ody Fraga e Silva, na dramaturgia. A respeito das fases da revista, dividem-seem três:
A partir do número 20, a sequência de textos se estabiliza em artigos e ensaios, logo depois dos editoriais; seção de poesia; seção de contos e crônicas; seção “Notas & comentários”, com vários autores escrevendo sobre os acontecimentos culturais; e uma reportagem sobre evento ou um informe publicitário, quase no final. Ilustrações na SulOs trabalhos que ilustraram a Sul eram em sua maior parte gravuras, desenhos, reproduções de telas e de fotografias, às vezes de esculturas ou objetos tridimensionais. As capas parecem ter obedecido a duas orientações diferentes, uma na primeira e outra na segunda metade das edições da revista. Até o número 15, a Sul veiculou doze ilustrações em capas, visto que três (1, 2 e 13) não foram ilustradas. Das doze restantes, duas (a 3 e a 4) foram de artistas catarinenses, ou melhor dizendo, de “cariocatarinenses” – Moacir Fernandes e José Silveira D'Ávila, que de SC já haviam saído em 44 para estudar na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro e por lá ficaram e trabalharam. Nas outras capas, três brasileiros (Luiz Dantas, Iberê Camargo, Plínio Bernhardt e duas vezes Bruno Giorgi); e os estrangeiros Alexander Calder (americano), Juan Del Prete (ítalo-argentino), Frans Masereel (belga), Fayga Ostrower (polonesa-carioca) e Júlio Pomar (português). O que aparentemente poderia parecer um privilégio dado aos artistas de fora era mais devido ao fato de que existiam pouquíssimos artistas modernos na Ilha até então, além da postura mais cosmopolita do grupo. Nos números 16 a 30, a configuração das capas muda bastante. Não aparecem mais artistas estrangeiros; apenas dois artistas de outros Estados contribuem (o baiano Alberto Ramagem e o gaúcho Carlos Mancuso), além do criciumense Sylvio Bittencourt, que viveu quase toda a vida no Rio de Janeiro e em São Paulo. As outras doze capas foram assinadas por Martinho de Haro (16, 19 e 21), Hugo Mund Jr. (17 e 18), Oswaldo Ferreira de Melo (22), Ernesto Meier Filho (24), Aldo Nunes (25, 27 e 29), Dimas Rosa (26) e Hassis (30). Um motivo para que surgissem mais artistas nesse segundo período foi a própria movimentação e incentivo da Revista Sul, tendo a inauguração do Museu de Arte Moderna de Florianópolis tido papel importante na formação desses artistas. Quanto à técnica, nem sempre a edição informava qual era utilizada pelos artistas. É assim nas edições 4, 5 e 8, embora seja flagrante que se tratam de gravuras. Nas reproduções, são informadas as técnicas: “pintura” de Calder (nº 6); óleo por Iberê Camargo (nº 9); esculturas de Del Prete (grafado como “Del Preto”, nº 7) e de Bruno Giorgi (nº 10 e 12); xilogravura de Fayga Ostrower (nº 11) e gravura de Plínio Bernhardt (nº 14). Os trabalhos mais recorrentes, contudo, são os desenhos de vários artistas nas capas 15 a 22, 24, 26, 28 e 30; e as linoleogravuras de Carlos Mancuso e Aldo Nunes (23, 25, 27, 29). As técnicas de desenho e gravura em preto e branco eram preferidas às outras porque tinham melhor resultado na impressão a linotipo. Por outro lado, as ilustrações internas da revista, que eram poucas na 1ª fase (1-10), aumentaram em quantidade na 2ª fase (11-20) e se tornaram mais presentes e mais representativas do seu lugar de origem na 3ª fase (21-30). ExpedientesA lista a seguir apresenta, por ordem de entrada, os autores que publicaram na Revista e que constam nos expedientes (exceto na edição 8, que não possui expediente impresso):
Há outros: redatores e colaboradores inclusos nos expedientes da revista, mas que nunca chegaram a assinar textos; são eles(as): Silveira Junior (1), Lory Ballod (1-2), Jorge Kazsas (1-2), Lídio Martinho Callado (2-4), Layla Freyesleben (3-6), Alfredo L. Meyer (13-14), Aloísio Calado (13-14), Sylvio E. P. Martins (13-16), Humberto Paz (19-20). E além destes, há numerosos nomes que colaboraram com diversos gêneros de textos, mas que compareceram também como representantes em suas respectivas cidades, estados ou países, a partir da edição 7. É o caso de Guido Wilmar Sassi (Lages, 22-30), entre muitos outros. Número de páginas e datasNúmero de páginas por edição digitalizada e data de publicação:
BibliografiaBLASS, Arno; GUERRA, Rogério F. Grupo Sul e a revolução modernista em Santa Catarina. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, EDUFSC, Volume 43, Número I, p. 9-95, Abril de 2009. JUNKES, Lauro. Aníbal Nunes Pires e o Grupo Sul. Florianópolis: Editora da UFSC/Lunardelli, 1982. LEHMKUHL, Luciene. Imagens além do círculo: O Grupo de Artistas Plásticos de Florianópolis e a positivação de uma cultura nos anos 50. Florianópolis, 1996. 124 p. Dissertação (Mestrado em História). Curso de pós-graduação em História, Universidade Federal de Santa Catarina. MELO FILHO, Osvaldo Ferreira de. Introdução à história da literatura catarinense. Publicações do Centro de Estudos Filológicos. Faculdade Catarinense de Filosofia. Florianópolis, 1958. PEREIRA, Valdézia. A poesia ''modernista'' catarinense das décadas de 40 e 50. Florianópolis: Editora da UFSC, 1998. RASSIER, Luciana Wrege. Vanguarda, cultura e política em Santa Catarina: o caso do grupo sul. In Marsal, Meritxell Hernando; Barbosa, Maria Aparecida e Peterle, Patricia (orgs.). Anais do Colóquio Literatura de Vanguarda e Política, o século revisitado. CCE/UFSC, 2012. SABINO, Lina Leal. Grupo Sul: o modernismo em Santa Catarina. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura, 1981. |