Resiliência (ecologia)
Na ecologia, a resiliência é a capacidade de um ecossistema de responder a uma perturbação ou distúrbios, resistindo a danos e recuperando-se rapidamente. Tais distúrbios e perturbações podem incluir eventos estocásticos, como incêndios, inundações, tempestades de vento, explosões populacionais de insetos; e atividades humanas, como desmatamento, fracionamento do solo para extração de petróleo, pesticidas pulverizados no solo e a introdução de espécies exóticas de plantas ou animais. Distúrbios de magnitude ou duração suficientes podem afetar profundamente um ecossistema e podem forçar um ecossistema a alcançar um limiar além do qual predomina um regime diferente de processos e estruturas. As atividades humanas que afetam adversamente a resiliência dos ecossistemas, como a redução da biodiversidade, a exploração dos recursos naturais, a poluição, o uso da terra e as mudanças climáticas antropogênicas estão causando cada vez mais mudanças de regime nos ecossistemas, frequentemente em condições menos desejáveis e degradadas.[1][2] O discurso interdisciplinar sobre resiliência inclui agora a consideração das interações de seres humanos e ecossistemas através de sistemas socioecológicos, e a necessidade de mudança do paradigma de rendimento máximo sustentável para a gestão de recursos ambientais que visa construir resiliência ecológica através de análise de resiliência, gestão de recursos adaptáveis e governança adaptativa.[3] Difere de resistência, que é a capacidade de um sistema de manter sua estrutura e funcionamento após um distúrbio.[4] DefiniçãoO conceito de resiliência na ecologia ganhou foco nos trabalhos do renomado pesquisador canadense C. S. Holling a partir de 1970[5]para descrever a persistência de sistemas naturais em face de mudanças nas variáveis do ecossistema devido a causas naturais ou antropogênicas. A resiliência foi definida de duas maneiras na literatura ecológica:
A segunda definição foi denominada "resiliência ecológica" e pressupõe a existência de múltiplos estados ou regimes estáveis.[6] Alguns lagos temperados rasos podem existir tanto dentro do regime de águas claras, que fornece muitos serviços ecossistêmicos, ou um regime de água turva, que fornece serviços ecossistêmicos reduzidos e pode produzir a proliferação de algas tóxicas. O regime ou estado é dependente dos ciclos de fósforo do lago, e qualquer regime pode ser resiliente dependendo da ecologia e manejo do lago.[7][1] A quantidade de troca que o sistema pode suportar, ou seja, a quantidade de força extrínseca que o sistema pode aguentar de modo a permanecer, através do tempo, com a mesma estrutura e funções, o grau de auto-organização do sistema,o grau de aprendizado e adaptação do sistema em resposta ao distúrbio.[8] Biomas savânicos do cerrado X FogoOs biomas savânicos do cerrado apresentam uma predominância de gramíneas, espécies muito inflamáveis[9]. Estas praticamente não apresentam resistência ao fogo, queimando-se prontamente quando expostas a este tipo de distúrbio. Por outro lado, apresentam alta resiliência, sendo capazes de se restabelecerem com rapidez no ambiente após a queimada. Resistência x ResiliênciaAlguns autores acreditam que estabilidade de resistência e estabilidade de resiliência em um ecossistema são características mutuamente excludentes, assim, ou um sistema apresenta alta resistência e baixa resiliência, ou o contrário. Dessa forma, um sistema não poderia possuir altos índices de ambas as características. Isso pode ser observado, por exemplo, em uma floresta de sequoia sempre-verde da Califórnia, muito resistente ao fogo (epiderme espessa e outras adaptações), quando queima, talvez nunca seja capaz de se recuperar ou o faça muito lentamente. Já uma vegetação de chaparral da mesma região, queima-se facilmente (baixa resistência) mas se recupera de maneira rápida em alguns anos (alta resiliência)[10]. Ver tambémReferências
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