Reino de Guirico
Guirico (em francês: Gouiriko/Gouirico; em diúla: Gwiriko; lit. "ao fim de uma longa etapa"[1]) foi um reino dos séculos XVIII-XIX fundado por Famagã Uatara em territórios hoje pertencentes a Burquina Fasso e com sede em Bobo Diulasso. Foi fundado em 1714 por Famagã Uatara, irmão de Secu Uatara, fundador do Império de Congue em 1710, emulando o reino de Secu. Desde sua fundação foi independente de Congue, mas manteve-se em aliança. Famagã faleceu em 1729 e foi sucedido por Famagã Tiebá, que realizou uma série de expedições conjuntas com Congue, no que seria o apogeu do poderia dos uataras de Congue e Guirico. Sob Querê Massa, os povos submissos iniciam várias revoltas contra a autoridade deste reino, mas Querê foi capaz de reprimi-los, assim como seu sucessor Magã Ulé. Já sob Diori Uatara, contudo, os uataras começam a perder a capacidade de responder à pressão dos revoltosos e nas décadas subsequentes Guirico entra num lento declínio, que culmina na conquista pelos franceses em 1897. HistóriaEm 1710, Secu Uatara assumiu o controle da cidade de Congue e expandiu sua influência, criando o Império de Congue. Por volta de 1714, seu irmão Famagã Uatara estabeleceu o Reino de Guirico ao redor de Bobo Diulasso, como réplica de Congue, na região banhada pelo rio Banifingue, subafluente do Níger, do Comoé e do Volta Negro. A sua posição era estratégica, pois os últimos dois cursos d'água possuíam jazidas de ouro em seu curso médio ou inferior e o primeiro levava ao Bani pela região de Jené, a cidade por onde as caravanas de comércio atravessavam.[2] Desde a fundação, foi independente de Congue.[3] e a ele estavam sujeitos os tiefos, bobôs e Buamu (o país dos buabas).[2] Com a morte de Famagã em 1729, foi sucedido por Famagã Tiebá (r. 1729–1742). Na década de 1730, várias expedições foram feitas com exércitos de Guirico e Congue. Em novembro de 1739, segundo uma crônica árabe escrita em Tombuctu, Famagã, seu primo Querê Mori e Bamba conduziram expedição contra Jené, hoje no Mali.[4] No caminho, dizimaram resistentes miniancas e tomaram pequenas cidades em torno de Jené sem atacá-la diretamente. Moveram-se para Sofara, no rio Bani, onde derrotaram o exército enviado pelo paxá de Tombuctu. Depois, conduziram expedição a oeste, onde atacaram o bamana Mamari Bitom em Segu, conduziram guerra em Fuladugu e voltaram ao Volta Negro.[5] Sob Querê Massa (r. 1742–1749), Guirico foi convulsionado por uma série de revoltas dos povos submissos ao império, as quais suprimiu com violência.[2] Sob Magã Ulé (r. 1749–1809), mais revoltas eclodiram, como a do gurgo bua de Sã em 1754,[6] mas reimpôs seu poder com sua cavalaria rápida armada com rifles[7] e subjugou os mossis no sudoeste. Sob seu filho Diori Uatara (r. 1809–1839), Guirico começa a perder sua capacidade de deter revoltas e várias secessões se seguem entre os tiefos, bolons e bobô-diúlas; [8] Diori faleceu na batalha de Motrocu contra tropas do Reino de Quenedugu (ca. 1825–1898).[9] Sob Baco Moru (r. 1839–1851), o declínio foi momentaneamente interrompido com sua aliança com os tiefos e bobô-diúlas para esmagar as forças de Quenedugu em Uleni, onde o futuro fama Tiebá Traoré (r. 1866–1893) foi capturado e vendido como escravo.[10] Sob os fagamas seguintes, o poderio de Guirico esfacelou-se por completo, com a perda de sua capital sob Ali Diã Uatara (r. 1854–1878) e a autoridade se restringindo ao controle de apenas algumas vilas sob Cocoroco Diã Uatara (r. 1878–1885).[11] Sob Sabana Uatara (r. 1885–1892), o fagama viveu junto dos guerreiros dorobés de Dandé (na estrada entre Jené e Bobo Diulasso), a quem usou para suprimir revoltas e castigar aldeias rebeldes do planalto de Taguara.[12] Sob Tiebá Niandané (r. 1892–1897), o reino estava sob ataque de todos os lados e o fagama foi substituído pelos invasores franceses por Pintiebá Uatara (r. 1897–1909), que desejava colaborar consigo. Para tal finalidade, Pintiebá reuniu-se com o comandante militar Paul Constant Caudrelier em Diebugu em 1897, onde combinaram que o primeiro ajudaria os franceses a tomarem Bobo Diulasso se fosse admitido fagama, algo que foi aceito, mas seu poder só foi nominal. Caramoco Ulé Uatara (r. 1909–1915) foi o último a reter tal título em Guirico, mas em seu tempo o reino sequer existia e o uso foi nominal.[13] Fagamas
Referências
Bibliografia
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