Regimento de Paraquedistas

Regimento de Paraquedistas

Brazão de Armas do Regimento de Paraquedistas
País Portugal
Corporação Exército Português
Subordinação Brigada de Reação Rápida
Missão O Regimento de Paraquedistas (RPara) forma militares na área do paraquedismo militar e apronta o Batalhão Operacional Aeroterrestre (BOAT)[1].
Unidade Regimento
Tipo de unidade Infantaria Paraquedista
Denominação Páras, Boinas Verdes
Sigla RPára
Criação 23 de maio de 1956[2]
Patrono São Miguel
Marcha Hino dos Boinas Verdes[3]
Divisa QVE NVNCA POR VENCIDOS SE CONHEÇAM

Que Nunca Por Vencidos Se Conheçam, (Lus. VII-71)
Grito de Guerra O que somos?... Amigos!

O que queremos?... Alvorada!

O que amamos?... O perigo!

O que tememos?... Nada!

Em posição!... Já!
Mascote Grifo
História
Guerras/batalhas Guerra Colonial Portuguesa

SFOR [4]
MINUSMA[5][6][7]

Condecorações Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito
Ordem de São Bento de Avis
Ordem Militar de Cristo
Medalha de Ouro de Serviços Distintos
Insígnias
Estandarte Nacional (bandeira regimental) Estandarte Nacional
Comando
Comandante COR Capinha Henriques
Sede
Quartel Tancos
Página oficial Sítio oficial

O Regimento Paraquedistas MHTE MHA MHC MOSD[8] (também conhecido por RPára) é um regimento da Brigada de Reação Rápida do Exército Português, especializado em paraquedismo militar e aquartelado em Tancos.

A sua missão principal é a de ministrar instrução na área do paraquedismo militar, através do seu Batalhão de Formação, sendo a única Unidade militar em Portugal com essa capacidade.

Criada em 23 de maio de 1956, aquando da criação das Tropas Paraquedistas Portuguesas, na Força Aérea Portuguesa, esta unidade militar é atualmente uma das principais estruturas operacionais do Exército Português, sendo igualmente uma das mais condecoradas.

Para além da instrução das Tropas Paraquedistas, este regimento possui uma vertente operacional, través do seu Batalhão Operacional Aeroterrestre. Neste batalhão, encontram-se enquadradas as companhias de Precursores Aeroterrestres, de Abastecimento Aéreo e de Equipamento Aéreo, bem como o Pelotão Cinotécnico (cães de guerra).[9]

História

A unidade foi prevista aquando da promulgação da Lei 2005 (artº nº9) de 27 de Maio de 1952, a mesma que criava a Força Aérea Portuguesa como ramo independente das Forças Armadas[10]. Com o artº 20 do Decreto-lei nº 40395 de 1955 (Regulamento para a Organização, Recrutamento e Serviço das Tropas Paraquedistas) é autorizado, pela primeira vez na história dos uniformes das Forças Armadas Portuguesas, o uso de uma boina como cobertura de cabeça. Às tropas paraquedistas foi designada a cor verde, o que lhes valeu a alcunha de Boinas Verdes.[11]

Paraquedistas em operação de heliassalto, na Guerra do Ultramar

Pela Portaria Nº 15671, de 26 de Dezembro de 1955, foi criado o Batalhão de Caçadores Paraquedistas (BCP), por iniciativa do então subsecretário de Estado da Aeronáutica, coronel Kaúlza de Arriaga. Perante a necessidade da Nação dispor deste tipo de tropas, e perante as hesitações do Exército em formá-las, Kaúlza de Arriaga assumiu a sua formação no seio da Força Aérea Portuguesa. Nesse ano são instruídos 192 militares em paraquedismo, na escola de Alcantarilha (Espanha), que se juntam a outros já formados na escola de Pau (França) em anos anteriores. Às novas tropas, pela primeira vez na história militar portuguesa, é concedido o uso de boina - neste caso, boina verde - como cobertura de cabeça; a unidade foi sediada em Tancos e era dependente da recém criada Força Aérea Portuguesa.

Várias unidades se seguiram, bem como nos territórios ultramarinos, como os BCP 21 (Angola) e BCP 31 (Moçambique) e, pouco depois, ministra-se o primeiro Curso de Enfermeiras Paraquedistas. Em 1966 forma-se o BCP 12 na Guiné Portuguesa, que seria ativado a 14 de Outubro desse ano. Estas unidades participaram na Guerra Colonial Portuguesa.

De observar que o paraquedismo militar português tem origens mais remotas. Em 12 de Dezembro de 1819 é realizado o primeiro salto de paraquedas em Portugal, pelo inglês Eugénio Robertson[12]. Em 6 de Outubro de 1922 é realizado o primeiro salto de paraquedas militar em Portugal, pelos oficiais de Engenharia, capitão Mário Costa França e tenente José Machado de Barros, pertencentes à Companhia de Aerosteiros do Exército Português. Em 14 de Outubro de 1930 o primeiro-cabo José Maria da Veiga e Moura, piloto da Aeronáutica Militar, executou o primeiro salto de paraquedas a partir de um avião, em Portugal. Em 1942 são formados, na Austrália, 12 militares paraquedistas portugueses, naturais de Timor, que seriam lançados na retaguarda das forças japonesas que ocupavam aquele território português.

Em 1956, é criado o Batalhão de Caçadores Paraquedistas da Força Aérea, onde é integrado o núcleo inicial de militares paraquedistas. O batalhão é aquartelado em Tancos, que se torna - desde então e até à atualidade - no centro de paraquedismo militar português. Vizinha ao quartel dos paraquedistas, fica a Base Aérea de Tancos onde a Força Aérea cria a unidade de transporte e treino de tropas paraquedistas, equipada com aviões Junkers Ju-52.

Guerra do Ultramar

Progressão de paraquedistas na selva africana, durante a Guerra do Ultramar

Com o início da Guerra do Ultramar, o Batalhão de Caçadores Paraquedistas envia companhias de caçadores paraquedistas, primeiro para Angola e depois para a Guiné Portuguesa e Moçambique. As tropas paraquedistas tornam-se a principal força de intervenção das Forças Armadas Portuguesas, nos primeiros tempos da guerra, juntamente com algumas companhias de caçadores especiais do Exército. Ao mesmo tempo que o Batalhão de Caçadores Paraquedistas sobe de escalão, sendo transformado em regimento, as suas companhias destacadas em África dão origem a batalhões independentes. Em 1961 são criados o Batalhão de Caçadores Paraquedistas N.º 21, em Luanda (Angola) e o BCP 31, na Beira (Moçambique), em 1966 é criado o BCP 12, em Bissau (Guiné) e, em 1968, é criado o BCP 32 em Nacala (Moçambique).

Com o fim da Guerra do Ultramar são desativadas as unidades paraquedistas no Ultramar. Em abril de 1975 ainda é enviado o Destacamento de Caçadores Paraquedistas N.º 1, para o Timor Português. Alguns meses depois, esses destacamento é responsável pela cobertura da retirada do último governador português, para a ilha de Ataúro, tendo depois realizado incursões para resgatar militares portugueses que se encontravam aprisionados em Timor. Perante a invasão indonésia o destacamento e o governador embarcam em navios da Marinha Portuguesa e retiram do território. Entretanto, em Luanda, a 10 de novembro de 1975 os militares do Batalhão de Caçadores Paraquedistas N.º 21 são os responsáveis pela prestação de honras ao último arrear da Bandeira de Portugal em Angola, sendo o batalhão desativado no dia seguinte.

Ao longo dos 14 anos em que combateram em África, as Tropas Paraquedistas Portuguesas projetaram cerca de 9000 militares para este continente, tendo 160 perdido a vida (10 oficiais, 23 sargentos e 127 praças).[13]

Corpo de Tropas Paraquedistas

A 5 de Julho de 1975, as Tropas Paraquedistas de Portugal sofrem uma grande reorganização. É criado o Corpo de Tropas Paraquedistas que reúne todas as unidades paraquedistas da Força Aérea. Por sua vez o CCP incluía um estrutura territorial composta por Comando do Corpo de Tropas Paraquedistas e Base Escola de Tropas Paraquedistas em Tancos, Base Operacional de Tropas Paraquedistas N.º 1 em Lisboa e Base Operacional de Tropas Paraquedistas N.º 2 em São Jacinto. Esta estrutura territorial é responsável pela mobilização, instrução e administração dos militares que vão guarnecer a força operacional do corpo.

A 15 de Março de 1985 foi feito Membro-Honorário da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.[14]

A 13 de Dezembro de 1993 foi feito Membro-Honorário da Ordem Militar de Avis.[14]

Comando de Tropas Aerotransportadas

No âmbito da reestruturação das Forças Armadas Portuguesas é decidida a fusão das Tropas Paraquedistas e das tropas de Comandos num único corpo militar que ficaria na dependência do Exército Português. A 1 de Janeiro de 1994, o Corpo de Tropas Paraquedistas é transformado no Comando de Tropas Aerotransportadas do Exército, com uma estrutura territorial semelhante ao anterior. O Regimento de Comandos é extinto, sendo os seus militares habilitados como paraquedistas integrados no CTAT e, os restantes, dispersos por diversas unidades. Uma maior transformação dá-se na força operacional. A antiga Briparas é transformada na nova Brigada Aerotransportada Independente, que, além de três batalhões de Infantaria, passa passa a dispor de subunidades de Artilharia, de Engenharia e de reconhecimento blindado. Em teoria, quase todos os militares da brigada, inclusive os das subunidades de apoio de combate, deviam ser paraquedistas. Na prática só os batalhões de Infantaria atingiram os quase 100% de membros paraquedistas.

Na década de 1990 e na década de 2000 o Comando de Tropas Aerotransportadas foi responsável pelo maior número de tropas portuguesas que serviram em missões internacionais. Destacam-se as operações na Bósnia, Kosovo, Timor Leste, Macedónia e Afeganistão.

Brigada de Reação Rápida

Em 2006, no âmbito da reorganização do Exército Português, dá-se a extinção do Comando de Tropas Aerotransportadas. Mantém-se como principais unidades paraquedistas a Escola de Tropas Paraquedistas, o Batalhão de Apoio Aeroterrestre e dois batalhões paraquedistas. Todas estas unidades dependem da Brigada de Reação Rápida - resultante da transformação da antiga BAI - mas esta passa também a incorporar unidades não-paraquedistas, como as Tropas Comandos e as Tropas de Operações Especiais.

Em 2013, após uma nova reestruturação ao nível da Doutrina, é criada a Escola das Armas e extintas as restantes Unidades-Escola do Exército. A Escola de Tropas Paraquedistas passou assim, desde 2015, a designar-se Regimento de Paraquedistas (RPára),[2] embora continuasse a manter a missão de formação em Paraquedismo Militar.

A 15 de Maio de 2015, foi feito Membro-Honorário da Ordem Militar de Cristo.

Organização

Instrução do Curso de Paraquedismo, no RPára

O RPára contém as seguintes subunidades:

Batalhão de Formação (BF)

Ver artigo principal: Batalhão de Formação

Subunidade responsável pela formação de novos Paraquedistas:

Batalhão Operacional Aeroterrestre (BOAT)

Subunidade operacional da Brigada de Reacção Rápida:

Companhia de Comando e Serviços (CCS)

Subunidade responsável pelo Comando e Logística.

Comandantes

O capitão Martins Videira foi, simultaneamente, o paraquedista militar português com o brevet n.º 1 e primeiro comandante do BCP.

Comandantes do Regimento de Paraquedistas, desde a sua criação como Batalhão de Caçadores Paraquedistas:[15][16]

  • Armindo Martins Videira (1955 ― 1962);
  • Mário Brito Robalo (1962 ― 1971);
  • Fausto Marques (1971 ― 1974);
  • Rafael Durão (1974 ― 1975);
  • Alcino Ribeiro (1974);
  • José Moura Calheiros (1975);
  • Horácio Oliveira (1975 ― 1976);
  • Heitor Hamilton Almendra OTE[17] (1976 ― 1977);
  • Luís Ramos Gonçalves (1977 ― 1981);
  • José Ramos Lousada OTE[18] (1981 ― 1987);
  • Augusto Martins (1987 ― 1989);
  • Adelino Martins (1989 ― 1992);
  • Armando Almeida Martins (1992 ― 1995);
  • Manuel Figueiredo (1995 ― 1998);
  • Carlos Chaves Gonçalves (1998 ― 2000);
  • Carlos Jerónimo (2000 ― 2002);
  • António Cameira Martins (2002 ― 2004);
  • Agostinho Dias da Costa (2004 ― 2006);
  • Carlos Perestrelo (2006 ― 2008);
  • Frederico Almendra (2008 ― 2011);
  • José Duarte da Costa (2011 ― 2013);
  • Vasco Pereira (2013 ― 2016);
  • Hilário Peixeiro (2016 ― 2019);
  • Paulo Cordeiro (2019 ― 2021);
  • Miguel Silva (2021 ― 2022);
  • Capinha Henriques (desde 2023).

Museu das Tropas Paraquedistas

Interior do Museu das Tropas Paraquedistas.
Ver artigo principal: Museu das Tropas Paraquedistas

Herdeiro da história e condecorações do Corpo de Tropas Paraquedistas, é neste regimento que se encontra o Museu das Tropas Paraquedistas. Trata-se de um museu de entrada livre, que reúne artefactos relacionados com a história das Tropas Paraquedistas Portuguesas, desde a sua criação, à participação na Guerra Colonial e posteriores missões de manutenção da paz. Serve igualmente de memorial para todos paraquedistas portugueses que perderam a vida em serviço.[19][20][21][22][23][24][25]

Condecorações

Militares

Outras

Heráldica

Brazão do Regimento de Paraquedistas.

Armas

Elmo militar de prata, forrado de vermelho, a três quartos para a dextra; Correia de vermelho, perfilada de ouro; Paquife e virol de azul e de prata; Timbre: o Grifo de vermelho, segurando na garra dianteira dextra uma adaga do mesmo; Condecoração: pendente do elmo, Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito; Num listel de branco, ondulado, sotoposto ao escudo, em letras de negro, maiúsculas, de estilo de elzevir "QVE NVNCA POR VENCIDOS SE CONHEÇAM".[33]

Simbologia e Alusão das Peças

O AZUL do campo representa o espaço tridimensional que a Escola ensina a dominar. O CÍRCULO CANELADO, lembra um Pára-quedas aberto e especifica a qualificação básica dos militares do RPára. O FACHO representa a generosidade de ânimo posto na instrução, iluminando com a sua chama os caminhos da sabedoria. Alude ao carácter didático da Unidade. O GRIFO, animal fabuloso que reúne as qualidades da águia e do leão - domínio do espaço e da bravura respetivamente, sublinha a vocação aeroterrestre da Escola. A ADAGA, símbolo da condição militar, materializa a bravura e as capacidades individuais que garantem ao conjunto, o poderio necessário ao estabelecimento e manutenção da justiça e da paz. É representada com a lâmina voltada para baixo, pronta a desferir o golpe que irá aniquilar o inimigo. A DIVISA "QVE NVNCA POR VENCIDOS SE CONHEÇAM" (Lus. VII-71), exprime, mais que um desejo, uma certeza, de que todo o espírito e mística das tropas aerotransportadas, transmitidos através da instrução, são a garantia do cabal cumprimento das missões atribuídas e da determinação posta na sua execução.[33]

Os Esmaltes Significam

A PRATA, a riqueza do historial e a pureza dos meios e objetivos; O VERMELHO, a energia criadora e a audácia na ação; O AZUL, o zelo no cumprimento das missões e a lealdade nas ações de formação; O NEGRO, a sabedoria dos que ensinam e a humildade dos que aprendem.[33]

Referências

  1. «Cópia arquivada». Consultado em 24 de abril de 2019. Cópia arquivada em 13 de maio de 2019 
  2. a b «Cópia arquivada». Consultado em 24 de abril de 2019. Cópia arquivada em 16 de dezembro de 2019 
  3. «Cópia arquivada». Consultado em 24 de abril de 2019. Cópia arquivada em 10 de outubro de 2019 
  4. «Cópia arquivada». Consultado em 9 de maio de 2019. Cópia arquivada em 9 de maio de 2019 
  5. «Cópia arquivada». Consultado em 9 de maio de 2019. Cópia arquivada em 9 de maio de 2019 
  6. «Cópia arquivada». Consultado em 9 de maio de 2019. Cópia arquivada em 6 de abril de 2022 
  7. «Cópia arquivada». Consultado em 9 de maio de 2019. Cópia arquivada em 9 de maio de 2019 
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  9. Hertz, Rádio. «VILA NOVA DA BARQUINHA – Coronel Paulo Cordeiro tomou posse como Comandante do Regimento de Paraquedistas | Rádio Hertz». Consultado em 27 de novembro de 2019. Cópia arquivada em 6 de abril de 2022 
  10. https://dre.pt/application/file/561490 Arquivado em 23 de abril de 2019, no Wayback Machine. Lei 2005 de 27 de maio de 1952, Diário da República
  11. ««23 DE MAIO»: DIA DA ESCOLA DE TROPAS PÁRA-QUEDISTAS | Operacional». Consultado em 2 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 7 de junho de 2017 
  12. «Grande ascensão, e descida em Guarda-Queda por Eugenio Robertson, hoje domingo 12 de dezembro ...». Library of Congress, Washington, D.C. 20540 USA. Consultado em 2 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 24 de abril de 2019 
  13. Pinto, Tenente-general Alexandre de Sousa. «OS PÁRAS em África». REVISTA MILITAR (em inglês). Consultado em 2 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 23 de abril de 2019 
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  16. Escola de Tropas Paraquedistas - 50 Anos (1956-2006). Tancos: [s.n.] 2006. pp. 99–101 
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Ligações externas