Quinto Valério OrcaQuinto Valério Orca (em latim: Quintus Valerius Orca) foi um político romano da gente Valéria eleito pretor em 57 a.C. e depois governador da província romana da África. É conhecido principalmente por ter servido como legado de Júlio César na guerra civil contra Pompeu e os optimates. As principais fontes para a vida de Orca são as cartas escritas para ele por Cícero e passagens de Júlio César em seus "Comentários sobre a Guerra Civil". CarreiraOrca é geralmente considerado como sendo filho de Quinto Valério Sorano[1], um partidário de Caio Mário que foi executado durante as proscrições de Sula em 82 a.C., supostamente por ter violado uma proibição religiosa de revelar o "nome secreto de Roma"[2]. Sua família era oriunda de Sora, perto da cidade natal de Cícero, Arpinum. Este se refere aos Valérios Soranos como seus "amigos e vizinhos"[3][4][5]. Quase nada se sabe sobre sua carreira. Como pretor, em 57 a.C., Orca ativamente apoiou o retorno de Cícero do exílio[6][7] e, no ano seguinte, já como governador da África, recebeu dele duas cartas de recomendação em nome de Caio Cúrcio e Públio Cúspio[8][9]. Orca e Cícero eram próximos o suficiente a ponto de concordarem em usar um sinete para marcarem a correspondência entre eles como autêntica e confiável[10][11]. Depois destas cartas ainda na África, Orca desapareceu do registro histórico por vários anos e até mesmo a duração de seu mandato é incerta; o próximo governador conhecido, Públio Ácio Varo certamente estava na província em 52 a.C., provavelmente antes[12]. Já se conjecturou, apesar da contradição com seu mandato na África, que Orca tenha participado da Conferência de Luca (abril de 56 a.C.) entre Júlio César, Pompeu e Crasso para renovação do Primeiro Triunvirato. Na companhia de diversos aliados, os três propuseram os objetivos estratégicos da aliança: a extensão do mandato de César na Gália e a eleição conjunta de Pompeu e Crasso como cônsules pela segunda vez[13][14]. Papel na guerra civilDurante as guerras civis da década de 40, Orca reaparece como um dos legados de César. No início de 49 a.C., ele foi enviado para ocupar a Sardenha; César conta que os habitantes de Caralis, a capital, ficaram tão alvoroçados com a notícia da aproximação de Orca que, por conta própria, expulsaram o governador aliado de Pompeu, que fugiu para a África[15][16]. O historiador grego Apiano implica que parte da importância estratégica da Sardenha no conflito era a sua produção agrícola[17]. Dião Cássio pouco diz sobre a ocupação da ilha por César, notando apenas que não houve oposição[18]. Distribuição de terras em VolterraDepois que César tornou-se ditador, Orca recebeu a incumbência de confiscar terras perto de Volterra, na Etrúria, para que fossem redistribuídas para os veteranos de César como recompensa por seus serviços[19][20]. A história desta redistribuição é obscura e até mesmo o grau de sucesso de Orca na empreitada é incerto. Na primeira guerra civil entre Mário e Sula, Volterra se aliou a Mário, que apoiava uma extensão maior dos direitos dos aliados de Roma do que o conservador Sula. Os sulanos então cercaram a cidade, em 80 a.C., e, como resultado de sua derrota, os volterranos perderam direitos e territórios. Este evento encerrou a era etrusca para a cidade, mas, em 63 a.C., as terras confiscadas ainda não haviam sido distribuídas. Cícero havia se oposto a esta distribuição e havia conseguido bloquear uma outra em 60 a.C.. O assunto aparentemente ficou sem solução por mais quinze anos, até que César finalmente decidiu fundar uma colônia ali em 45 a.C.. Apesar de uma inscrição evidenciar que os volterranos tinham o status legal de colônia no começo do principado, há poucas evidências arqueológicas para indicar que os veteranos de fato tenham recebido terras e habitado o local. Já se conjecturou que os volterranos tenham conseguido negociar uma reorganização menos radical com Orca, talvez através de uma rede de amizades, relações familiares e outras ligações (nos termos de expressões como amici, hospites e clientes) herdadas de seu pai, que era pró-Mário, e de Cícero, que era amigo dele[21]. Referências
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