Projeto Radambrasil

O Projeto Radam (Projeto Radar da Amazônia, após 1975, Projeto RadamBrasil, também grafado em maiúsculas), operado entre 1970 e 1985 no âmbito do Ministério das Minas e Energia, foi dedicado à cobertura de diversas regiões do território brasileiro (em especial a Amazônia) por imagens aéreas de radar, captadas por avião. O uso do radar permitiu colher imagens da superfície, sob a densa cobertura de nuvens e florestas. Com base na interpretação dessas imagens foi realizado um amplo estudo integrado do meio físico e biótico das regiões abrangidas pelo projeto, que inclui textos analíticos e mapas temáticos sobre geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação, uso potencial da terra e capacidade de uso dos recursos naturais renováveis, que até hoje é utilizado como referência nas propostas de zoneamento ecológico da Amazônia brasileira.

Em 1985, a equipe que realizou este levantamento e todo o acervo técnico foram incorporados ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).[1]

Metodologia

O projeto foi iniciado com o nome de Radam, apenas, pois com o auxílio de um avião motocicleta equipado com radares.

Em julho de 1975 passou a se chamar RadamBrasil, sendo ampliado para todo o território nacional, e foi um dos maiores projetos já realizados, buscando o levantamento de recursos naturais, incluindo geologia, geomorfologia, vegetação e uso do solo. Também permitiu um maior reconhecimento do território brasileiro.

A plataforma utilizada nos dois projetos foi o avião Caravelle. A altitude média do levantamento foi de 12 km e a velocidade média da aeronave, 690 km/h. O sistema de imagens utilizado foi o GEMS (Goodyear Mapping System 1000), que opera na banda X (comprimentos de onda próximos a 3 cm e frequência entre 8 e 12,5 GHz).

Publicações

Levantamento de recursos naturais do projeto Radam[1][2] (a partir do volume 8, o projeto foi intitulado RadamBrasil):

Volume Identificação (Folhas da CIM - Carta Internacional do Mundo, ao Milionésimo) Estados brasileiros abrangidos Área em km2 Ano de publicação
01 Parte das Folhas SC.23 Rio São Francisco e SC.24 Aracaju PI, BA, TO, MA e PE 219.510 1973
02 Folha SB.23 Teresina e parte da Folha SB.24 Jaguaribe MA, PI, TO, CE, PE e PA 367.150 1973
03 Folha SA.23 São Luís e parte da Folha SA.24 Fortaleza MA, PA, PI e CE 192.290 1973
04 Folha SB.22 Araguaia e parte da Folha SC.22 Tocantins PA, TO, e MA 366.830 1974
05 Folha SA.22 Belém PA e AP 284.780 1974
06 Folha NA/NB.22 Macapá AP e PA 136.450 1974
07 Folha SB.21 Tapajós PA, AM e MT 293.750 1975
08 Folha NA.20 Boa Vista e parte das Folhas NA.21 Tumucumaque, NB.20 Roraima e NB.21 Tapajós RR e AP 250.740 1975
09 Folha NA.21 Tumucumaque e parte da Folha NB.21 PA, RR, AP e AM 148.550 1975
10 Folha SA.21 Santarém PA, AM e RR 295.160 1976
11 Folha NA.19 Pico da Neblina AM 73.200 1976
12 Folha SC.19 Rio Branco AC, AM e RO 179.200 1976
13 Folhas SB/SC.18 Javari/Contamana AM e AC 75.870 1977
14 Folha SA.19 Içá AM 179.640 1977
15 Folha SB.19 Juruá AM e AC 284.000 1977
16 Folha SC.20 Porto Velho RO, AM e MT 262.110 1978
17 Folha SB.20 Purus AM e RO 293.760 1978
18 Folha SA.20 Manaus AM e RR 295.160 1978
19 Folha SD.20 Guaporé RO e MT 70.860 1979
20 Folha SC.21 Juruena MT,PA,AM e RO 290.950 1980
21 Folha SA.24 Fortaleza CE, PI e MA 42.480 1981
22 Folha SC.22 Tocantins TO, MT e PA 290.950 2000
23 Folhas SB.24/25 Jaguaribe/Natal CE, RN, PB, PI e PE 306.980 1981
24 Folha SD.24 Salvador BA e MG 156.130 1981
25 Folha SD.22 Goiás GO, MT, DF e TO 286.770 1981
26 Folha SD.21 Cuiabá MT e RO 286.770 1982
27 Folha SE.21 Corumbá e parte da Folha SE.20 MT e MS 193.960 2010
28 Folha SF.21 Campo Grande MS e PR 131.980 1982
29 Folha SD.23 Brasília BA, MG, GO, DF e TO 286.770 1982
30 Folhas SC.24/25 Aracaju/Recife BA, PE, AL, SE, PI e PB 285.400 1983
31 Folha SE.22 Goiânia GO, MG, MS, MT, SP e DF 281.212 1983
32 Folhas SF.23/24 Rio de Janeiro/Vitória MG, SP, RJ e ES 271.380 1983
33 Folha SH.22 Porto Alegre e parte das Folhas SH.21 Uruguaiana e SI.22 Lagoa Mirim RS e SC 271.070 1986
34 Folha SE.24 Rio Doce MG, ES e BA 119.280 1987
35 Folha SG.22 Curitiba, Folha SG.23 Iguape e parte da Folha SG.21 Asunción PR, SC, RS, SP e MS 269.650 No prelo
36 Folha SC.23 Rio São Francisco PI, BA, TO e MA 290 952 No prelo
37 Folha SF.22 Paranapanema SP, MS, PR e MG 274.310 No prelo
38 Folha SE.23 Belo Horizonte MG, GO e DF 281.210 No prelo

Cada volume divide-se em cinco seções (geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação, uso potencial da terra), e conta com os seguintes anexos:

  • Mapa Geológico
  • Mapa Geomorfológico
  • Mapa Exploratório de Solos
  • Mapa de Aptidão Agrícola dos Solos
  • Mapa Fitoecológico
  • Mapa de Uso Potencial da Terra

Boa parte dos trabalhos está disponível na biblioteca online do IBGE.[3]

Referências

  1. a b VILAS BOAS, J. H. (Org.). Projeto RADAMBRASIL. Sítio Eletrônico dos Antigos Funcionários do Projeto RADAMBRASIL. Rio de Janeiro, 1998-2012. Disponível em: <[1]>.
  2. BRASIL. Manual de Normas, Especificações e Procedimentos Técnicos para a Carta Internacional do Mundo, ao Milionéssimo - CIM, 1:1000000. Série Manuais Técnicos em Geociências, ISSN0103-9598; nº 2. 1993.
  3. IBGE. Biblioteca, [2].

Bibliografia

  • Brasil. Ministério das Minas e Energia. Departamento Nacional de Produção Mineral (1973-1987). Projeto Radambrasil. Levantamento de recursos naturais. 34 vols. Rio de Janeiro.
  • Magnoli, Demétrio. (2005) Geografia a construção do mundo. São Paulo: Editora Moderna.
  • Lima, M.I.C. (2008). Projeto RADAM: Uma Saga na Amazônia. Belém: Pack Tatu.
  • Veloso, H. P.; Góes-Filho, L. (1982). Fitogeografia brasileira: classificação fisionômico-ecológica da vegetação neotropical. Salvador: Projeto Radambrasil. 86 p. (Boletim técnico. Vegetação, n. 1). Disponível em: <[3]>.
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