Programa Venera (em russo: Венера) foi uma série de sondas espaciais desenvolvidas pelo programa espacial soviético, para a coleta de informações do planetaVênus. Eram lançadas em pares, com uma segunda sonda sendo lançada uma ou duas semanas após o lançamento da primeira. Os desenhos e os equipamentos carregados pelas sondas da série variaram ao longo dos anos, sendo gradualmente aperfeiçoados para resistir às extremas condições da atmosfera e da superfície do planeta Vênus.[1][2]
O programa Venera estabeleceu uma série de precedentes na exploração espacial, entre eles os primeiros dispositivos feitos pelo homem a entrar na atmosfera de outro planeta (Venera 3 em 1 de março de 1966), o primeiro a fazer um pouso suave em outro planeta (Venera 7 em 15 de dezembro de 1970), o primeiro a retornar imagens da superfície de outro planeta (Venera 9 em 8 de junho de 1975), o primeiro a gravar sons em outro planeta (Venera 13 em 30 de outubro de 1981) e o primeiro a realizar varreduras de mapeamento de radar de alta resolução (Venera 15 em 2 de junho de 1983).[3][4]
O Programa Venera se estendeu de 1961 até 1983. Existe um novo projeto russo, chamado Venera-D, que pretende explorar o planeta por radar e também localizar lugares para próximos pousos sobre a superfície. O projeto tinha seu lançamento previsto para 2016.
Pioneirismo
Mesmo sendo pouco divulgadas, as missões Venera foram pioneiras em vários aspectos:
Primeiro artefato humano a pousar suavemente em outro planeta e conseguir transmitir informações durante certo tempo;
Primeiras máquinas criadas pelo homem a entrar na atmosfera de outro planeta;
Foi a primeira a fotografar e enviar à Terra imagens de outro planeta;
A primeira a realizar o mapeamento em radar da superfície de um planeta.
As condições extremas de Vênus - temperaturas diárias de mais de 450 ℃, pressão atmosférica 90 vezes maior do que a da Terra e tempestades de ácido sulfúrico - fizeram com que estas sondas não sobrevivessem por muito tempo. As 8 primeiras sondas foram desenhadas para pousar no planeta, enquanto as 8 sondas posteriores foram desenhadas de modo diferente, sendo compostas de uma sonda orbital e de uma sonda projetada para pousar no planeta e resistir por um mínimo de 30 minutos na superfície do planeta antes de ser decomposta.
As sondas
A Venera 1 e a Venera 2 perderam contato com a Terra antes de chegar a Vênus.
A Venera 3 alcançou o planeta em 1 de março de 1965, mantendo contínuo contato radiofônico com a Terra, mas este contato foi perdido logo antes da entrada da sonda na atmosfera do planeta. A Venera 3 tornou-se o primeiro objeto humano a pousar em outro planeta - embora este pouso não tenha sido controlado. A sonda possuía um corpo cilíndrico com uma espécie de redoma no topo, com uma altura total de cerca de 2 m, e havia dois painéis solares laterais de dimensões relativamente pequenas. Uma antena grande (mais de 2 m de diâmetro), de alto ganho, era a responsável pela recepção dos sinais de controle, e uma antena linear longa transmitia os sinais à Terra. Os instrumentos científicos da nave incluíam um magnetômetro, detectores de íons, detectores de micrometeoritos e radiação cósmica. A redoma no topo da nave continha uma esfera pressurizada que continha as insígnias soviéticas, e era projetada para flutuar nos presumíveis oceanos de Vênus, após o pouso (a nave não continha retrofoguetes).
A Venera 4 alcançou Vênus em 18 de outubro de 1967, tornando-se a primeira sonda a entrar na atmosfera e enviar dados à Terra. A Venera 4 também realizou a primeira comunicação radiofônica sonda-Terra. Ela liberou uma cápsula com dois termômetros, um barômetro, um altímetro e medidores de densidade do ar, 11 analisadores de gás e dois radiotransmissores. O módulo principal da nave carregava um magnetômetro, detectores de raios cósmicos, indicadores de oxigênio e hidrogênio e detectores de partículas. O módulo de descida conseguiu transmitir informações durante a descida, até alcançar a altitude de 25 km (freado por paraquedas), onde foi destruído pelas severas condições atmosféricas de Vênus.
A Venera 5 alcançou Vênus em 16 de maio de 1969 e entrou na atmosfera de Vênus no mesmo dia, enviando dados à Terra antes de ser esmagada pela atmosfera. Cada nave (Venera 5 e 6) carregava um módulo de pouso, dotado de paraquedas, além de instrumental científico. Também carregavam medalhões comemorativos com as insígnias soviéticas e o baixo-relevo de Lênin. A Venera 5 lançou o seu módulo de pouso no lado escuro de Vênus em 16 de maio de 1969, e a Venera 6 o fez no dia seguinte.
Venera 7. Foi a primeira sonda desenhada para resistir às extremas condições do planeta Vênus e a realizar um pouso controlado no planeta. Alcançou Vênus em 15 de dezembro de 1970 e pousou no planeta no mesmo dia. Enviou informações à Terra por 23 minutos antes de ser decomposta pelo calor e pela pressão do planeta. O radar da Venera 7 detectou ventos de mais de 100 quilômetros por hora. Foi o primeiro artefato humano a pousar suavemente em outro planeta e conseguir transmitir informações durante certo tempo.
A Venera 8 pousou em Vênus em 6 de dezembro de 1970, sobrevivendo por 50 minutos.
Venera 12. Alcançou o planeta em 21 de dezembro de 1978, sobrevivendo por 110 minutos. Sua irmã, a Venera 11, pousou no planeta 4 dias depois, sobrevivendo por 95 minutos, mas seus sistemas de imagens (fotografia, radar) não operaram.
Venera 13. Enviou à Terra as primeiras imagens coloridas da superfície de Vênus, em 1 de março de 1982, sobrevivendo por 127 minutos, à temperatura de 456 graus centígrados e à pressão de 89 atmosferas.
Venera 15. Encerrando a série Venera, em 1983 foram lançadas duas naves destinadas a mapear Vênus com o emprego de um sistema de radar, sem pouso portanto: a Venera 15, lançada em 2 de junho de 1983, e a Venera 16, lançada em 7 de junho de 1983. As partes orbitais da Venera 15 e a Venera 16 realizaram missões de mapeamento da superfície do planeta em 10 e 14 de outubro de 1983. As naves Venera 15 e 16 eram idênticas e aproveitaram a nave base (módulo orbitador) das Venera 9 a 14, ligeiramente modificadas.
Chegou em 18 de Outubro de 1967 e foi a primeira sonda a entrar na atmosfera do planeta e retornar dados. Apesar de não transmitir a partir da superfície, esta foi a primeira transmissão de sondas interplanetárias.
Chegou em 16 de dezembro de 1970. Foi o primeiro pouso bem sucedido em outro planeta e sobreviveu por 23 minutos antes de sucumbir ao calor e à pressão. Foi a primeira transmissão da superfície de outro planeta.
Chegou em 22 de outubro de 1975. Enviou as primeiras imagens em preto e branco da superfície do planeta. Sobreviveu 53 minutos antes de sucumbir a pressão e ao calor.