Peter Singer

Peter Singer

Peter Singer, em 2007
Nome completo Peter Albert David Singer
Nascimento 6 de julho de 1946 (78 anos)
Melbourne
Nacionalidade  Austrália
Ocupação Filósofo

Peter Albert David Singer (Melbourne, 6 de julho de 1946) é um filósofo e professor australiano. É professor na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Atua na área de ética prática, tratando questões de Ética de uma perspectiva utilitarista.

Ocupou duas vezes a cadeira de Filosofia da Universidade Monash, onde inaugurou um centro de Bioética humana. Em 1996, candidatou-se ao Senado australiano pelo Partido Verde Australiano, mas não conseguiu ser eleito. Em 1999 foi nomeado Professor Ira W. DeCamp de Bioética do Centro de Valores Humanos de Princeton e se mudou para os Estados Unidos. Em 2004, ele foi reconhecido como o Humanista Australiano do Ano pelo Conselho das Sociedades Humanistas Australianas. Fora da academia, Singer é mais conhecido por seu livro Libertação Animal, obra considerada fundadora dos Direitos dos animais. Suas posições sobre questões bioéticas desenvolvidas em Repensando a vida e a morte: o colapso de nossa ética tradicional e Questões Éticas Práticas foram consideradas controversas, particularmente nos Estados Unidos e na Alemanha. Singer é um defensor do Altruísmo eficaz descrito em sua obra A Vida Que Podemos Salvar.

Libertação dos animais

Seu livro Libertação Animal (publicado originalmente em 1975) foi de uma importante influência formativa no movimento de Libertação Animal. Singer é um grande defensor dos animais, apoiando plenamente a causa da libertação animal, um dos muitos motivos que o fez recomendar o veganismo, apesar dele mesmo não ser vegano.[1]

Nessa obra, argumenta-se contra o "especismo": a discriminação contra certos seres é baseada apenas no fato de eles pertencerem a uma dada espécie. O pensador considera que todos os seres que são capazes de sofrer devem ter seus interesses considerados de forma igualitária e conclui que o uso de animais - nos moldes atuais - para alimentação é injustificável, já que causa sofrimento dos bois.

Assim sendo, ele considera que o vegetarianismo é a única dieta aceitável. Singer condena também a vivissecção, apesar de acreditar que algumas experiências com animais poderão ser realizadas se o benefício (por exemplo, avanços em tratamentos médicos, etc.) for maior que o mal causado aos animais em causa. Segundo Singer, "o maior obstáculo é que é conveniente para nós tratarmos animais como se eles não tivessem créditos morais sobre o homem. Nós os utilizamos de diversas maneiras - como entretenimento, como ferramentas para pesquisa e como alimento, podendo ir além desses três. Levar a sério os direitos dos animais ameaçaria nossa habilidade em utilizá-los dessa maneira; então, encontramos desculpas e racionalizações para continuar com as práticas atuais".[2]

Palavras de Singer: “Este livro é sobre a tirania dos animais humanos sobre os não-humanos. Tal tirania provocou e provoca ainda hoje dor e sofrimento só comparáveis àqueles resultantes de séculos de tirania dos humanos brancos sobre os humanos negros. A luta contra essa tirania é uma luta tão importante como qualquer das causas morais e sociais que foram defendidas em anos recentes.”[3]

Ética prática

O seu trabalho mais abrangente, Practical Ethics (1979, com segunda edição em 1993) - em português, Ética Prática -, analisa detalhadamente por que e como os interesses dos seres devem ser avaliados. Peter Singer afirma que os interesses de um ser devem sempre ser avaliados de acordo com suas propriedades concretas e não de acordo com o fato de ele pertencer a um grupo abstrato.[4][falta página]

Aborto e eutanásia

Consistente com sua teoria geral de ética, Singer sustenta que o direito à integridade física está fundamentalmente ligado à qualidade de vida.

Considerando que bebês em gestação e pessoas em estado vegetativo não têm uma qualidade de vida mensurável, Singer afirma que o aborto e a eutanásia podem ser justificados em diversas circunstâncias.[5]

Pobreza mundial

Em Famine, Affluence, and Morality, o mais conhecido ensaio filosóficos de Singer, o autor afirma que a injustiça de algumas pessoas viverem em abundância enquanto outras morrem de fome é moralmente indefensável. Singer propõe, então, que todos os trabalhadores sejam obrigados a entregar pelo menos 10 % do seu rendimento para resolver o problema da pobreza dos outros. Tendo ainda como pano de fundo esse tema publica em 2009 o livro The Life You Can Save - Acting now to end world poverty, (Edição portuguesa/ Brasil: Quanto Custa Salvar Uma Vida? - Agindo agora para eliminar a pobreza mundial; edição portuguesa/Portugal: A Vida Que Podemos Salvar: Agir agora para pôr fim à pobreza no mundo).[6]

Visões políticas

Singer critica os Estados Unidos da América por receberem petróleo de países dirigidos por ditadores (e aponta como um bom exemplo disso a Guiné Equatorial) e ficando com a maior parte dos ganhos financeiros, o que, portanto, mantém as pessoas na pobreza. Singer acredita que a riqueza desses países deveria pertencer a seus habitantes e não a seu governo, alegando que ao pagar os ditadores pelo petróleo "estaremos efetivamente comprando bens roubados e ajudando a manter as pessoas na pobreza". Singer também sustenta que a América "deveria estar fazendo mais para ajudar as pessoas em pobreza extrema", apresentando sua decepção com a política de ajuda externa dos EUA considerando-a "uma proporção muito pequena do nosso PIB, menos de um quarto de outras nações ricas". Além disso, Singer sustenta que pouca filantropia privada dos EUA está realmente "direcionada a ajudar pessoas em extrema pobreza, embora haja algumas exceções como a Fundação Gates".[7]

Singer descreve-se como alguém que não é contrário ao capitalismo. Em uma entrevista de 2010 ao New Left Project, afirmou que "O capitalismo está longe de ser um sistema perfeito, mas até o momento não encontramos algo que claramente faça um trabalho melhor em atender às necessidades humanas do que uma economia capitalista regulamentada, combinada com um sistema de bem-estar e saúde que atenda às necessidades básicas daqueles que não prosperam na economia capitalista."[8]

Livros publicados

As suas outras publicações incluem

  • One World: The Ethics of Globalization, 2002
  • Pushing Time Away: My Grandfather and the Tragedy of Jewish Vienna, 2003
  • Rethinking Life and Death: The Collapse of Our Traditional Ethics, 1996

Ver também

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Referências gerais

  1. «Peter Singer, autor do clássico livro "Libertação Animal", não acredita na libertação animal». www.vista-se.com.br. Consultado em 29 de outubro de 2017 
  2. Peruzzo Júnior, Léo (2017). O que pensam os filósofos contemporâneos? Um diálogo com Singer, Dennett, Searle, Putnam e Bauman. Curitiba: PUCPRESS. pp. 28–29 
  3. Fernandes, Patrícia. «Da insaciabilidade humana». Observador. Consultado em 2 de outubro de 2019 
  4. Singer, Peter. Ética Prática. [S.l.]: Martins Fontes. ISBN 8533616686 
  5. Taking Life: Humans, Excerpted from Practical Ethics, 2nd edition, 1993
  6. Skelton, Anthony. «Nobody can do everything, but everyone can do something» (em inglês). The Globe and Mail 
  7. Cotto, Joseph (26 de setembro de 2017). «Interview: How do practical ethics work in the average American's life? Peter Singer explains.». San Francisco Review of Books (em inglês). Consultado em 2 de outubro de 2019. Arquivado do original em 31 de outubro de 2017 
  8. «New Left Project | Ethics and the Left». web.archive.org. 28 de outubro de 2018. Consultado em 27 de agosto de 2023 

Bibliografia

  • Peter Singer, Animal Liberation, 2nd edition, New York: Avon, 1990. ISBN 0-06-001157-2
  • Peter Singer, Practical Ethics, 2nd edition, Cambridge: Cambridge University Press, 1993. ISBN 0-521-43971-X
  • Peter Singer, A Darwinian Left, New Haven and London: Yale University Press, 1999. ISBN 0-300-08323-8
  • Peter Singer, Writings on an Ethical Life, New York: Ecco, 2000. ISBN 0-06-000744-3
  • Peter Singer, The President of Good and Evil: The Ethics of George Bush, New York: Granta, 2004. ISBN 0-525-94813-9

Ligações externas