Pesquisa de opiniãoUma pesquisa de opinião, sondagem (do francês: sondage), sondagem de opinião, inquéritos estatísticos, enquete ou estudo de opinião é um levantamento estatístico de uma amostra particular da opinião pública. Pesquisas geralmente são feitas para representar as opiniões de uma população fazendo-se uma série de perguntas a um pequeno número de pessoas e então extrapolando as respostas para um grupo maior dentro do intervalo de confiança. Os inquéritos estatísticos são usados para recolher informação quantitativa nos campos de marketing, sondagens políticas, e pesquisa nas ciências sociais. Um inquérito pode incidir sobre opiniões ou informação factual, dependendo do seu objectivo, mas todos os inquéritos envolvem a ministração de perguntas a indivíduos. Quando as perguntas são colocadas por um pesquisador, o inquérito é chamado uma entrevista ou um inquérito ministrado por um pesquisador. Quando as questões são administradas pelo respondente, o inquérito é referido por questionário ou um inquérito auto-administrado. HistóriaEsta surgiu provavelmente no século XIV com o intuito de expressar o ato de, com recurso a uma sonda, investigar a profundidade da água e a natureza do fundo de um rio ou de um mar. No século XIX, Balzac utilizou este termo para expressar a ideia de uma pesquisa ou investigação rápida. Entretanto, o termo sondagem, além do domínio marítimo, coexiste actualmente com aplicações nas áreas da geologia, medicina ou estatística. A língua portuguesa não apresenta distinção vocabular entre os diversos domínios, mas, por exemplo, a língua inglesa diferencia todas estas formas de sondagem com os termos sounding (marítima), boring (geológica) e probing (médica). No campo estatístico, diferencia inclusivamente a sondagem de opinião (poll) de outros tipos de sondagem, designados por survey samplings. Na França, e por decisão da Comissão Francesa de Normalização do Vocabulário Estatístico, o termo sondage aplica-se a estudos que envolvem operações de amostragem, independentemente do seu domínio. O primeiro exemplo conhecido de pesquisa de opinião foi conduzida pelo The Harrisburg Pennsylvanian em 1824, a qual mostrava Andrew Jackson a frente de John Quincy Adams por 335 a 169 votos, na disputa pela presidência dos Estados Unidos. Esse tipo de enquete—tendenciosa e sem consistência científica— gradualmente tornou-se mais popular, mas permaneceu como um fenômeno local, geralmente restrito a uma única cidade. Em 1916, o Literary Digest deu início a uma pesquisa nacional (em parte como um exercício de alavancagem de vendas) e predisse corretamente a eleição de Woodrow Wilson como presidente. Postando milhões de postais e contando os que retornaram, o Digest previu os vencedores das quatro eleições presidenciais seguintes. Em 1936, todavia, o Digest teve uma surpresa desagradável. Seus 2,3 milhões de "eleitores" constituíam uma vasta amostra; contudo, eram geralmente pessoas mais abonadas que tendiam a ser simpatizantes do Partido Republicano. O Literary Digest nada fez para corrigir esse viés. Na semana anterior à eleição, informaram que Alf Landon era muitíssimo mais popular do que Franklin D. Roosevelt. Na mesma época, George Gallup efetuou uma pesquisa muito menor, porém com base científica maior, na qual pesquisou uma amostra demograficamente representativa. Gallup predisse corretamente a esmagadora vitória de Roosevelt. A Literary Digest rapidamente fechou as portas, enquanto a indústria das pesquisas de opinião levantou voo. Gallup inaugurou uma filial no Reino Unido, onde previu corretamente a vitória do Partido Trabalhista na eleição geral de 1945, em contraste com a opinião de praticamente todos os outros analistas políticos, que esperavam uma vitória fácil do Partido Conservador, liderado por Winston Churchill. Na década de 1950, as pesquisas de opinião haviam se espalhado pela maioria das democracias. Nos dias de hoje, atingiram praticamente todos os países, embora em sociedades mais autocráticas elas tendam a evitar questões políticas sensíveis. No Iraque, pesquisas realizadas logo após a guerra em 2003 ajudaram a medir os verdadeiros sentimentos dos cidadãos iraquianos quanto a Saddam Hussein, condições do pós-guerra e a presença das forças militares estadunidenses. AplicaçãoComo metodologia de pesquisa, a sondagem possibilita o conhecimento momentâneo de um universo de elementos, numa perspectiva descritiva e quantificada. A escolha e análise de dados são feitas com base numa amostra de elementos que deverá permitir a extrapolação das interpretações à totalidade do universo. As áreas de aplicação das sondagens estatísticas são muito diversas, tendo especial destaque os estudos das populações humanas, nomeadamente sob a forma de estudos pré-eleitorais ou de opinião pública. Ainda no que diz respeito a este tipo de populações, as sondagens surgem noutras áreas como a sociológica (por exemplo, estudo sobre a literacia de uma população), demográfica (por exemplo, caracterização da estrutura dos agregados familiares), económica (por exemplo, construção de indicadores de conforto de uma população) ou de marketing (por exemplo, estudos sobre o comportamento dos consumidores de certo produto). A sondagem tem as seguintes vantagem em relação ao recenseamento normal:
Sondagens políticasAs sondagens políticas são um tipo de pesquisa de opinião que sondam as intenções de votos, além de opiniões, sentimentos e preferências das pessoas para fornecer uma amostragem de determinado cenário político, especialmente antes de eleições. Os resultados dos cenários avaliados não buscam prever o futuro, pois os tipos de informação e as fontes consultadas variam de acordo com a metodologia utilizada por cada pesquisa. Por ser um estudo social, é capaz de influenciar a tomada de decisões e, ainda, o montante financeiro que os partidos investem em seus candidatos políticos durante a campanha, pois a distribuição dos recursos é realizada pelos partidos políticos associada à expectativa de vitória.[1] Tipicamente, as sondagens políticas são usadas em duas configurações principais: 1) antes de eleições, para avaliar as intenções de voto; ou 2) após as eleições, para avaliar a configuração política, o grau de avaliação da população sobre o governo ou, ainda, o posicionamento a respeito de algumas pautas políticas específicas, como direitos LGBT e aborto.[2] Em uma revisão de literatura que avalia as principais abordagens metodológicas a nível internacional, são discutidas as vantagens e desvantagens dos métodos mais utilizados, explicitando a natureza imprecisa, que é intrínseca às sondagens:
Sondagens Boca de UrnaSondagem à boca das urnas é uma sondagem realizada junto dos eleitores imediatamente depois de terem participado num ato eleitoral. São realizadas por empresas especializadas geralmente contratadas pelos meios de comunicação social para obter projeções dos resultados de uma eleição imediatamente após o fecho das urnas. No Brasil, as pesquisas de boca de urna são autorizadas pela Lei nº 9.504/1997, desde que os institutos de pesquisa não divulguem os resultados das sondagens sobre a preferência dos eleitores enquanto as urnas estiverem funcionando. E essas pesquisas devem ser registradas na Justiça Eleitoral. Sondagens sem registro podem resultar em multa de R$ 53 mil[4]. Em Portugal, os eleitores, depois de votarem e de saírem das suas secções de voto, são convidados a participar na sondagem, sendo-lhes pedido que preencham um boletim de voto semelhante ao que preencheram para as eleições. Depois de preenchido o boletim, o inquirido é convidado a dobrá-lo e a inseri-lo numa urna que o inquiridor transporta consigo;[5] a sondagem à boca das urnas com maior relevância no país é a realizada pela Universidade Católica Portuguesa para a Rádio e Televisão de Portugal.[6] Estrutura e padronizaçãoAs questões de um inquérito estão normalmente estruturadas e padronizadas. A estrutura pretende reduzir o enviesamento. Por exemplo, as questões devem ser ordenadas de tal forma que uma questão não influencie a resposta às questões subsequentes. Os inquéritos são padronizados para assegurar a confiança, generalidade e a validade. Cada respondente deverá ser apresentado com as mesmas questões e na mesma ordem que os outros respondentes. No desenvolvimento organizacional, inquéritos construídos cuidadosamente são muitas vezes usados como base para a colecta de dados, diagnóstico organizacional, e consequente planeamento de acção. Alguns mestres do DO (e.g. Fred Nickols) consideram mesmo que o desenvolvimento guiado de inquéritos é a sine qua non do DO. VantagensAs vantagens dos inquéritos estatísticos incluem:
Vantagens dos questionários auto-administrados
Vantagens das entrevistas administradas pelo pesquisador
DesvantagensAs desvantagens dos inquéritos incluem:
Construção das questõesSempre que um investigador elabora e administra um inquérito por questionário, e não esquecendo a interacção indirecta que existe entre ele e os inquiridos, verifica-se que a linguagem e o tom das questões que constituem esse mesmo questionário, são de elevada importância. Assim, é necessário ser cuidadoso na forma como se formula as questões, bem como na apresentação do questionário. Na elaboração de um questionário é importante, antes de mais, ter em conta as habilitações do público-alvo a quem ele vai ser administrado. É de salientar que o conjunto de questões deve ser muito bem organizado e conter uma forma lógica para quem a ele responde, evitando-as irrelevantes, insensíveis, intrusivas, desinteressantes, com uma estrutura (ou formato) demasiado confusos e complexos, ou ainda questões demasiado longas. Deve, o investigador, ter o cuidado de não utilizar questões ambíguas que possam, por isso, ter mais do que um significado, que por sua vez, levem a ter diferentes interpretações. Não deve incluir duas questões numa só (double-barrelled questions), pois pode levar a respostas induzidas ou nem sempre relevantes, além de não ser possível determinar qual das “questões” foi respondida, aquando o tratamento da informação. O investigador deve ainda evitar questões baseadas em pressuposições, pois parte-se do princípio que o inquirido encaixa numa determinada categoria e procura informação baseada nesse pressuposto. É também necessário redobrar a atenção ao formular questões de natureza pessoal, ou que abordem assuntos delicados ou incómodos para o inquirido. As questões devem ser reduzidas e adequadas à pesquisa em questão. Assim, elas devem ser desenvolvidas tendo em conta três princípios básico: o princípio da clareza (devem ser claras, concisas e unívocas), princípio da doerência (devem corresponder à intenção da própria pergunta) e Princípio da neutralidade (não devem induzir uma dada resposta mas sim libertar o inquirido do referencial de juízos de valor ou do preconceito do próprio autor). MétodosHá várias formas de administrar um inquérito, incluindo:
Tácticas usadas para aumentar as taxas de resposta
Referências
Ver também
Fontes
Ligações externas
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