A região se assenta sobre uma falha geológica de origem vulcânica numa área que mede 4,5 quilômetros por 150 metros de largura, geralmente não detectáveis pelo sonar.[3]
Em razão à importância da sua biodiversidade, a UC integra uma das 18 áreas prioritárias para conservação marinha no Brasil.[4]
Histórico
Naufrágios
O parcel é bastante referido como o "Triângulo das Bermudas" brasileiro, pois é um dos maiores cemitérios de embarcações do mundo, com mais de 200 navios e galeões naufragados.[5] Fortes correntes marinhas, grandes variações de marés e inumeráveis bancos de areia, além dos cinturões de recifes de corais, sempre fizeram do litoral maranhense um dos locais mais perigosos do mundo para grandes navios.
O motivo para tantos naufrágios é que só em 1820 o parcel foi incluído oficialmente nas cartas de navegação, isso 320 anos depois da descoberta do Brasil.[3] A dificuldade de mapeamento estava no fato de que praticamente ninguém que naufragasse naquela região escaparia para indicar o local exato do acorrido.[3]
Na reportagem Cemitério Submerso, da revista Veja de 14 de julho de 1993, lê-se:
«Numa área submersa do tamanho da cidade de Florianópolis repousam as carcaças de cerca de 250 navios, naufragados entre 1536 e 1983. É um número cinco vezes maior do que o registrado nas Bermudas, onde até hoje desaparecem sem explicações cinquenta aviões e navios.»[3]
Criação do parque
O parque foi criado através do Decreto Estadual nº 11.902, de 11 de junho de 1991, com uma área de 45 237,9 ha.[1][2] Seu principal objetivo é a preservação da fauna e da flora marinhas e dos recifes de corais do Parcel de Manuel Luís.[1][6]
O nome do parcel foi escolhido em homenagem ao pescador Manuel Luís, descobridor da formação rochosa no século XIX.
Ana Cristina: é o naufrágio mais recente, por isso o mais bem conservado. O Ana Cristina era um navio petroleiro de 80 metros.
Navio do Cobre: estava carregado de cobre, carga que depois do naufrágio foi furtada por saqueadores vindos do Ceará.
Cyril: cargueiro inglês da Booth Steamship Company que naufragou em 16 de setembro de 1905.[3]
Historiadores acreditam que o navio Ville de Boulogne, que trazia o poeta Gonçalves Dias da Europa para o Brasil, repouse nessas águas.[3]
Caracterização
O parcel constitui-se na maior formação coralínea da América do Sul, com fileiras de paredões de pedra que vão bem próximo à superfície do mar.[3] Ali podem ser encontradas algumas espécies de peixes nativos, como o peixe-papagaio, o sargentinho e o peixe-borboleta, assim como outros de maior porte, como meros e garoupas, além de tartarugas-marinhas e tubarões.[2] Existem ainda muitas espécies de corais nativos e endêmicos do Brasil como por exemplo a gorgônia Phyllogorgia dilatata que é abundante nesse local.
O acesso ao parque é difícil, já que ele fica distante da costa, e por se tratar de um banco de corais, as suas águas são rasas e extremamente perigosas. Além disso, também existem fortes correntes na região e não há nenhum ancoradouro no local. A existência desse patrimônio subaquático é ignorada por boa parte dos brasileiros.
O Parcel é formado por fundos duros (rochoso, granito ou diabásio) correspondentes a uma falha normal de origem tectônica que viabilizaram as formações recifais e por um substrato móvel biodetrítico (algas calcárias, corais, espículas e microorganismos).[8]
Seus recifes ficam a uma profundidade entre 15 e 45 m e abrangem uma área de cerca de 69 km².[9]
Diversas espécies de peixes encontram no Parcel um importante sítio de alimentação, tendo o Parque um papel de repositório de indivíduos para as áreas vizinhas.[8]
O parque abriga uma diversidade de peixes, entre eles: o mero (Epinephelus itajara), enxada ou paru branco (Chaetodipterus faber), as corcorocas (Haemulon parra e H. plumieri), a barracuda (Sphyraena barracuda), cação-lixa (Ginglymostoma cirratum), dentão(Lutjanus jocu), garoupa mármore (Dermatolepis inermis), caranha (Lutjanus cyanopterus), peixe-papagaio (Sparisoma abilgardi), peixe-cirurgião (Acanthurus chirurgus), dentre outros.[10]
O Parcel abriga quase todas espécies formadoras de recifes registradas para a costa do nordeste brasileiro, além de espécies de peixes ameaçadas de extinção.[8]
As ameaças à conservação do Parcel são a pesca, a coleta ilegal de material histórico, a poluição por óleo do navio Ana Cristina, a retirada de pedaços de coral e o trânsito e fundeio de embarcações.[8]
↑ abcdSítio Ramsar Parque Estadual Marinho do Parcel de Manoel Luís MA- Planejamento para o Sucesso da Conservação. [S.l.]: Ministério do Meio Ambiente
↑Gilberto Tavares de Macedo Diasab, Rafael Cuellar de Oliveira e Silvaac , João Regis dos Santos Filhoa. Morfologia dos recifes de Manoel Luiz revelada por imagens de satélite de alta resolução WorldView-3 (Plataforma Continental Norte Brasileira). [S.l.: s.n.] !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)