Paralelismo PolíticoParalelismo político se refere à percepção de uma convergência de objetivos, meios, enfoques e públicos entre determinados jornais e determinados partidos políticos.[1] Em uma perspectiva geral, o paralelismo político se desenvolve em cenários de estabilidade nas relações entre veículos de comunicação e elites políticas.[2] Origem do termoO conceito vem do livro The Political Impact of Mass Media (1974), de Colin Seymour-Ure. Em 1995, Blumler e Gurevitch contribuíram para os estudos na área com a obra The Crisis of Public Communication . Contudo,o conceito de Paralelismo Político se tornou popular após Daniel C. Hallin e Paolo Mancini usarem na obra Comparing Media Systems. Three Models of Media and Politics (2004).[3] Colin Seymour-UreNele, o autor indica os fundamentos de uma investigação sistêmica sobre a relação entre jornais e partidos políticos. Levando em consideração também a relação entre sistemas jornalísticos e sistemas partidários, e propõe uma análise comparativa sobre os fatores que influenciam nesta relação. Seymour-Ure divide sua análise do grau de paralelismo entre partidos e jornais entre duas esferas. "A primeira faz à relação entre partidos e jornais inerentes, e considera três variantes. A organização alude ao tipo de associação que se estabelece entre um determinado jornal e um partido, em outras palavras, de um lado fica uma ligação extrema com um partido, como a posse e/ou administração do jornal e do outro os jornais que não têm qualquer relação organizacional com partidos e, entre eles, se encontram diferentes tipos de controle informal exercido pelos partidos sobre jornais; a variável metas partidárias dá conta do grau com que as posições de um jornal coincidem com os objetivos de um dado partido, o qual varia da lealdade integral à independência, passando por diversas posições intermediárias entre estes extremos; a variável apoiadores do partido,que se refere ao grau de coerência entre as preferências partidárias dos jornais e dos leitores. O segundo nível de análise considera a correspondência entre sistemas partidários e sistemas de imprensa. Para explicá-la, o autor introduz uma quarta variável, relativa à proporção entre a distribuição do público entre os jornais e o número de votos recebidos pelos partidos a eles relacionados. Além disto, Seymour-Ure propõe um modelo de análise comparativa para dar conta da diversidade de formas assumidas pelo paralelismo político em diferentes países, tendo em vista variáveis relativas aos sistemas de imprensa e aos sistemas partidários."[2] Blumler e GurevitchJay G. Blumler e Michael Gurevitch reelaboraram o termo paralelismo político em sua obra divulgada em 1995. Porém, a versão original do texto é de 1975, apenas um ano após a publicação dos estudos de Colin Seymour-Ure. Blumler e Gurevitch fundamentaram quatro dimensões que pretendem avaliar a forma como as diferentes sociedades se estabelecem a partir das relações existentes entre as organizações políticas e midiáticas. São elas:
Hallin e ManciniEm Comparing Media Systems. Three Models of Media and Politics (2004), os autores contavam com uma base de pesquisas empíricas que não estava disponível para seus antecessores. Além disso, eles optaram por um desenho de pesquisa baseado nos “sistemas mais semelhantes”, restringindo a sua análise a 18 países, da América do Norte e da Europa Ocidental, dotados de padrões socioeconômicos relativamente próximos, além de compartilharem alguns traços importantes no tocante à sua cultura e instituições políticas. Daniel C. Hallin e Paolo Mancini analisam o sistema midiático de um país através de um esquema conceitual baseado em três modelos de tipo ideal - Liberal, Corporativista Democrático e Pluralista Polarizado - nos quais quatro variáveis servem como parâmetro para a análise comparativa. As variáveis são: (a) Desenvolvimento dos mercados midiáticos; (b) Paralelismo político; (c) Desenvolvimento do profissionalismo jornalístico; e (d) o Grau e natureza da intervenção do Estado no sistema midiático.[4] Cada uma destas variáveis são analisadas por diferentes fatores, veja a seguir como os autores os definem. Desenvolvimento dos mercados midiáticos: Realçam diversos indicadores que podem ser usadas para descrever as características dos sistemas de imprensa.
Paralelismo Político: Estabelecem 6 indicadores para avaliar o grau de paralelismo político.
Desenvolvimento do profissionalismo jornalístico: Observam a independência do jornalismo.
Grau e natureza da intervenção do Estado no sistema midiático: Essa dimensão enfatiza o poder que o sistema político tem na formação da estrutura de um sistema midiático. Hallin e Mancini usam os seguintes indicadores para cobrir essa quarta dimensão:
Em última análise, as inter-relações dessas quatro dimensões são complexas. Elas têm que ser avaliadas empiricamente para cada novo caso em estudo. Consequentemente, elas podem influenciar umas às outras de modo importante, mas também variam de forma independente.[3] Com base nos critérios acima explicados, os modelos midiáticos propostos por Hallin e Mancini podem ser classificados da seguinte forma[5]:
Trata-se de uma pesquisa publicada no Journal of Communication, em 2014, e que promoveu uma análise empírica baseada no estudo original, analisando 17 dos países já citados*. O artigo chegou a uma diferença analítica que dividiu os 3 modelos midiáticos originais em 4 tipos empíricos (Norte, Central, Oeste e Sul), ordenando, assim, a classificação dos países de um novo modo.[6] A comparação entre as duas classificações (a original de Hallin e Mancini) e a dos autores do referido artigo pode ser encontrada na tabela abaixo:
*O décimo oitavo país é o Canadá, que não aparece na tabela pois não haviam dados atualizados no período da análise. CríticaAfonso de Albuquerque analisa o conceito de “paralelismo político”, considerando que ele se revela como um fenômeno histórico bastante particular, associado a uma região geográfica específica, sendo ela a Europa Ocidental, e a um período histórico o qual abrange o final do século XIX e a maior parte do século XX. Portanto não faria sentido fazer do paralelismo político uma categoria universal de comparação.[1] O autor defende, assim, que há boas razões para acreditar que todas as possibilidades de tipos de relação entre o campo da comunicação com o campo da política não se resume na oposição entre o modelo de jornalismo independente (baseado no jornalismo estadunidense) e o paralelismo político (característico da Europa ocidental). Dessa forma, Albuquerque se propõe a avaliar o paralelismo político em sistemas de mídia muito diferentes. Ele argumenta que existem três tipos de situações que afetam a conexão entre mídia e política e que cobrem uma ampla gama de possibilidades. Essas três situações são as seguintes:
Essas categorias analíticas propostas correspondem a tipos ideais, servindo assim como parâmetros para a análise, mas não representam a perfeita correspondência com a realidade.[1] Ver tambémReferências
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